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12/11/2006
-
09h59
CLÁUDIA DIANNI
NEY HAYASHI DA CRUZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Os brasileiros nunca viram tantos produtos importados disponíveis nas prateleiras. Até o mês passado, o país importou US$ 75,4 bilhões, 25,1% a mais do que no mesmo período de 2005. O valor é recorde histórico e a permanência da taxa de câmbio em cotações baixas já levou especialistas a prever o Natal dos importados.
Embora com peso relativamente pequeno no total de importações, a procura por bens de consumo estrangeiros é a que mais cresce. As encomendas de vinhos, por exemplo, cresceram 44% e chegaram a US$ 95 milhões de janeiro a setembro deste ano. As compras de automóveis aumentaram 142%, e as de geladeiras, 440%.
Ainda assim, economistas ouvidos pela Folha dizem não ver motivo para preocupação, pois não identificam sinais de uma explosão das importações que possa prejudicar a economia ou a indústria nacional --até porque as importações brasileiras estão entre as mais baixas do mundo.
Segundo dados apurados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) em 2004, as compras de bens e serviços estrangeiros equivaliam a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Numa lista de 84 países, o Brasil aparecia em penúltimo lugar, à frente apenas do Japão, onde a relação entre importações e PIB estava em 11,6%.
Mesmo considerando o aumento nas importações ocorrido nos últimos dois anos, a posição do Brasil nesse ranking deve sofrer pouca alteração. Dados do BC mostram que, em setembro, a relação entre importações e PIB havia passado para 17% --em outros países da América Latina, essa proporção é de cerca de 30%.
Para Renato Baumann, diretor da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) no Brasil, o aumento contínuo das importações, como vem ocorrendo desde 2003, só preocuparia se estivesse combinado ao elevado crescimento do PIB, o que não está ocorrendo.
"Com a economia crescendo pouco, a demanda e as importações crescem moderadamente, mas uma taxa de crescimento da economia acima de 4% ou 5% dois anos seguidos, por exemplo, impulsionaria muito as importações, e aí sim poderia haver risco para o saldo comercial", afirma Baumann.
A dúvida está no impacto que o crescimento terá sobre a taxa de câmbio. Se o dólar continuar barato, o mais provável é que a recuperação da economia provoque um aumento ainda maior das importações. As exportações, por sua vez, dependeriam de vários fatores para manter o atual ritmo de crescimento, como a cotação dos preços internacionais das commodities e um maior investimento infra-estrutura -as previsões são de que as vendas externas acabem sofrendo pela falta de melhorias nas estradas, portos e aeroportos.
"Saldo comercial elevado demais não é um benefício", afirma o economista Fernando Ribeiro, da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior). Para Ribeiro, a China é um exemplo de país que tem elevado saldo comercial, mas não o utiliza para melhorar as condições de vida.
Para este ano, o BC prevê um crescimento econômico de 3,5%, embora analistas do setor privado digam que a expansão não deve passar dos 3%. Para 2007, a expectativa do mercado financeiro é de que o país cresça 3,5% e que o dólar seja negociado, em média, a R$ 2,23. Nesse cenário, o saldo da balança comercial recuaria a US$ 38 bilhões -ante US$ 44,5 bilhões esperados para 2006.
Serviços
O dólar fraco não estimula apenas as compras de mercadorias: aumenta também a procura por serviços prestados por empresas estrangeiras. Entre janeiro e setembro, o saldo da balança de serviços ficou negativo em US$ 6,895 bilhões, 22,6% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Em alguns casos, o impacto do câmbio é mais forte. É o caso dos gastos com viagens internacionais, que cresceram 21,5% neste ano e alcançaram o nível mais alto desde 1998, época em que a cotação do dólar era controlada pelo governo e ficava próxima de R$ 1. Combinado com a recuperação na renda da população nos últimos anos, o real mais forte aumentou a procura por viagens.
Já o crescimento nos gastos com frete e aluguel de equipamentos acompanha o aumento da corrente de comércio. Segundo o Banco Central, os gastos com aluguel de equipamentos estão bastante relacionados ao aumento na importação de máquinas, cuja manutenção costuma exigir o aluguel de outros aparelhos estrangeiros.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a balança comercial
Importação bate recorde, mas ainda é baixa
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NEY HAYASHI DA CRUZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Os brasileiros nunca viram tantos produtos importados disponíveis nas prateleiras. Até o mês passado, o país importou US$ 75,4 bilhões, 25,1% a mais do que no mesmo período de 2005. O valor é recorde histórico e a permanência da taxa de câmbio em cotações baixas já levou especialistas a prever o Natal dos importados.
Embora com peso relativamente pequeno no total de importações, a procura por bens de consumo estrangeiros é a que mais cresce. As encomendas de vinhos, por exemplo, cresceram 44% e chegaram a US$ 95 milhões de janeiro a setembro deste ano. As compras de automóveis aumentaram 142%, e as de geladeiras, 440%.
Ainda assim, economistas ouvidos pela Folha dizem não ver motivo para preocupação, pois não identificam sinais de uma explosão das importações que possa prejudicar a economia ou a indústria nacional --até porque as importações brasileiras estão entre as mais baixas do mundo.
Segundo dados apurados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) em 2004, as compras de bens e serviços estrangeiros equivaliam a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Numa lista de 84 países, o Brasil aparecia em penúltimo lugar, à frente apenas do Japão, onde a relação entre importações e PIB estava em 11,6%.
Mesmo considerando o aumento nas importações ocorrido nos últimos dois anos, a posição do Brasil nesse ranking deve sofrer pouca alteração. Dados do BC mostram que, em setembro, a relação entre importações e PIB havia passado para 17% --em outros países da América Latina, essa proporção é de cerca de 30%.
Para Renato Baumann, diretor da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) no Brasil, o aumento contínuo das importações, como vem ocorrendo desde 2003, só preocuparia se estivesse combinado ao elevado crescimento do PIB, o que não está ocorrendo.
"Com a economia crescendo pouco, a demanda e as importações crescem moderadamente, mas uma taxa de crescimento da economia acima de 4% ou 5% dois anos seguidos, por exemplo, impulsionaria muito as importações, e aí sim poderia haver risco para o saldo comercial", afirma Baumann.
A dúvida está no impacto que o crescimento terá sobre a taxa de câmbio. Se o dólar continuar barato, o mais provável é que a recuperação da economia provoque um aumento ainda maior das importações. As exportações, por sua vez, dependeriam de vários fatores para manter o atual ritmo de crescimento, como a cotação dos preços internacionais das commodities e um maior investimento infra-estrutura -as previsões são de que as vendas externas acabem sofrendo pela falta de melhorias nas estradas, portos e aeroportos.
"Saldo comercial elevado demais não é um benefício", afirma o economista Fernando Ribeiro, da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior). Para Ribeiro, a China é um exemplo de país que tem elevado saldo comercial, mas não o utiliza para melhorar as condições de vida.
Para este ano, o BC prevê um crescimento econômico de 3,5%, embora analistas do setor privado digam que a expansão não deve passar dos 3%. Para 2007, a expectativa do mercado financeiro é de que o país cresça 3,5% e que o dólar seja negociado, em média, a R$ 2,23. Nesse cenário, o saldo da balança comercial recuaria a US$ 38 bilhões -ante US$ 44,5 bilhões esperados para 2006.
Serviços
O dólar fraco não estimula apenas as compras de mercadorias: aumenta também a procura por serviços prestados por empresas estrangeiras. Entre janeiro e setembro, o saldo da balança de serviços ficou negativo em US$ 6,895 bilhões, 22,6% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Em alguns casos, o impacto do câmbio é mais forte. É o caso dos gastos com viagens internacionais, que cresceram 21,5% neste ano e alcançaram o nível mais alto desde 1998, época em que a cotação do dólar era controlada pelo governo e ficava próxima de R$ 1. Combinado com a recuperação na renda da população nos últimos anos, o real mais forte aumentou a procura por viagens.
Já o crescimento nos gastos com frete e aluguel de equipamentos acompanha o aumento da corrente de comércio. Segundo o Banco Central, os gastos com aluguel de equipamentos estão bastante relacionados ao aumento na importação de máquinas, cuja manutenção costuma exigir o aluguel de outros aparelhos estrangeiros.
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