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13/11/2006 - 09h02

Venda da TIM eleva concentração nas teles

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ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro

O grupo espanhol Telefónica e a empresa mexicana América Móvil, candidatas à compra da TIM Brasil, já dominam 70% do mercado de telefonia celular na América Latina. Se uma delas vencer a disputa pela TIM, haverá forte concentração no mercado de telefonia móvel, sobretudo em São Paulo, que só conta com três competidoras. Na maioria dos Estados, há quatro concorrentes.

A Vivo (do grupo Telefônica no Brasil) tem 45,3% dos assinantes de celulares no Estado de São Paulo; a Claro (que pertence aos mexicanos) tem 30%, e a TIM, 24,4%. A diferença (0,3%) é de assinantes da mineira CTBC Celular, que atua em parte do norte do Estado. Se a Telefônica comprar a TIM, ficará, praticamente, com 70% do mercado em São Paulo. Se for a Claro, terá 54,4%.

O mercado nacional está dividido da seguinte forma: 29,96% da Vivo, 25,14% da TIM, 23,13% da Claro, 13,19% da Oi, 4,9% da Telemig/TeleAmazonas, 3,18% da BRT, 0,41% da CTBC e 0,09% da Sercomtel Celular.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse à Folha, por telefone, que gostaria que a TIM fosse comprada por empresa brasileira, mas que ainda não há posição do governo sobre o caso. Ele se encontra na Turquia e estava fora do país quando a Telecom Italia informou ter recebido ofertas de compra da TIM Brasil.

Costa disse que discutirá o assunto com a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, depois que retornar a Brasília, na próxima terça-feira. "Toda concentração de mercado é preocupante", afirmou.

Executivos da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) acreditam que outros grupos estrangeiros se candidatarão. Uma operadora chinesa e duas européias estariam interessadas.

A única brasileira no páreo é a Brasil Telecom. Fontes ligadas aos acionistas disseram que ela é candidata a comprar as operações da TIM nos Estados em que tem concessão de telefonia fixa e que também poderia se associar à Telefônica para comprar a operação da TIM em São Paulo.

Por essa versão, o grupo espanhol teria participação minoritária na sociedade, inferior a 20%, para não configurar a concentração de mercado em São Paulo, nem a duplicidade de licenças de telefonia móvel dentro da mesma área. Mas os detalhes de tal negociação são mantidos em sigilo pelas partes.Telefônica, Claro e BrT não quiseram se manifestar sobre a venda da TIM.

Por conta de conflitos societários, a Brasil Telecom entrou tarde no mercado de telefonia celular e tem uma base de assinantes muito pequena: cerca de 3 milhões de clientes.

Segundo o diretor do Yankee Group para a América Latina, Luis Minoru, a concentração no mercado de telecomunicações é mundial. "As empresas buscam ganhar escala, centralizar suas operações e reduzir custos. Quanto maiores, mais poder de barganha terão com os fornecedores", afirma.

Muitas empresas estrangeiras, que compraram licenças de telefonia móvel ou participações societárias em empresas do setor na América Latina, nos anos 90, já debandaram.

O Brasil foi parte desse fenômeno. Operadoras da Suécia (Telia), do Japão (NTT), dos EUA (BellSouth), do Canadá (Bell Canada e TIW), da Coréia do Sul (Korea Mobile), entre outros, que participaram dos leilões das licenças para a banda B de telefonia celular, na segunda metade dos anos 90, venderam suas participações.

Mapa

O mapa da telefonia móvel na América Latina é dividido entre Telefónica e América Móvil. As duas estão presentes nos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México, Paraguai, Panamá, Venezuela e Uruguai. A América Móvil é do grupo da Telmex, que tem a Embratel, a Vésper e parte do capital do sistema Net de TV a cabo.

A TIM vendeu sua operação do Peru, para a América Móvil, e a da Venezuela, para o grupo empresarial local Cysneros. Baseado no valor das negociações, realizadas neste ano, Minoru estimou que a TIM Brasil, que tem 24 milhões de assinantes, valeria cerca de 7,5 bilhões de euros. A conta toma por base um valor de 320 euros por assinante.

Para o diretor do Yankee Group, os estrangeiros não souberam lidar com a desigualdade de renda na América Latina ou se desinteressaram pelo negócio porque tinham participações minoritárias. Um dos desafios da região, segundo ele, é a predominância de celulares pré-pagos, que geram uma receita unitária muito baixa e aumentam a necessidade de escala de atuação.

A Telefónica é a terceira operadora de telecomunicações no ranking mundial, com 191 milhões de assinantes. Os mexicanos estão em 9º lugar, com 131 milhões. A estatística soma todos os serviços prestados pelas operadoras. As duas maiores são a China Mobile (274 milhões de usuários) e a China Telecom (244 milhões).

Ganhos

No terceiro trimestre deste ano, a TIM registrou um lucro líquido de R$ 20,3 milhões e melhorou seus resultados em relação ao mesmo período do ano passado, quando teve um prejuízo de R$ 308,4 milhões.

Com os rumores sobre negociações, a TIM Participações ON liderou as altas entre as ações do Ibovespa (índice da Bolsa de Valores de SP) na semana passada. A valorização chegou a 10,24% no período.

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