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28/12/2006 - 09h34

Brasil investiga denúncias de tele na Itália

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JANAÍNA LEITE
enviada especial da Folha de S.Paulo a Milão

A polícia financeira e procuradores da Itália reuniram-se em segredo com representantes da Justiça do Brasil no último dia 23 em Milão.

Durante a reunião, os brasileiros tomaram conhecimento de uma lista de pessoas supostamente beneficiadas com remessas ilegais feitas por empresas italianas no Brasil.

Uma das listadas é a Telecom Italia, maior companhia de telecomunicações italiana e braço da Pirelli. A empresa é dona, no Brasil, da TIM (segunda maior operadora de telefonia móvel do país) e de parte da BrT (Brasil Telecom, concessionária de telefonia fixa que atua nas regiões Centro-Oeste, Norte e Sul).

O esquema foi acionado várias vezes ao longo dos últimos 15 anos, afirmam investigadores italianos que não quiseram se identificar, e passou por outras companhias instaladas no Brasil e com laços na Itália.

A Telecom Italia já disse reiteradas vezes que não se manifestará publicamente sobre as acusações, mas que dará todas as explicações no âmbito do processo na Justiça italiana.

O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) e o senador Hieráclito Fortes (PFL-PI) já pediram a autoridades italianas informações sobre as investigações.

Corrupção

Segundo a Folha apurou, procuradores e policiais italianos concluíram que parte do dinheiro serviu para corromper autoridades brasileiras e para aportes não-declarados em campanhas eleitorais. Outra parcela serviu, segundo os italianos, para a lavagem de dinheiro por parte de empresários europeus e sul-americanos. Por fim, segundo as investigações da polícia e dos procuradores italianos, verbas eram usadas para a espionagem de banqueiros, autoridades, jornalistas, políticos e executivos em vários países, inclusive o Brasil.

A teia por onde passou o dinheiro é complexa. No Brasil, segundo os italianos, ela foi costurada por meio de subsidiárias européias que atuavam no país, de organizações não-governamentais e de pequenas empresas que prestavam serviços de espionagem.

Os recursos, ao final, eram remetidos a contas abertas por brasileiros e italianos em paraísos fiscais, como Suíça e Luxemburgo. Por isso, o Ministério Público e a polícia financeira italiana contaram com a ajuda das autoridades desses países para tocar as investigações.

Depoimentos

O Ministério Público italiano dividiu os trabalhos em três frentes: cível, administrativa e criminal. Há um grupo de procuradores e policiais específico para cada empresa implicada. Boa parte dos investigadores fez parte da Operação Mãos Limpas, ofensiva para coibir as ações da Máfia no país.

Os procuradores ouviram, até agora, dezenas de depoimentos. Um deles é o do acionista majoritário da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera. A Folha apurou, com pessoas que ouviram relatos dos procuradores italianos, que o empresário falou ao Ministério Público em regime de colaboração. Ele concordou em entregar, via meio eletrônico, o nome de pessoas que ajudaram a Telecom Italia a manter o esquema, inclusive no Brasil.

Essa lista contém nomes de políticos, empresários, lobistas e jornalistas brasileiros.

Por meio da assessoria da Telecom Italia, Provera negou a versão de ter se tornado um colaborador da Justiça. Ele afirma que "jamais prestou depoimento nesse caso ou em qualquer outro".

Mas, desde o fim da semana passada, Marco Tronchetti Provera aparece como parte lesada nos autos do processo, de acordo com interlocutores do próprio empresário. Ele será chamado a depor novamente em janeiro.

Ontem, o jornal "La Repubblica", um dos mais importantes da Itália, informou que Tronchetti Provera esteve com procuradores no último dia 22. O assunto, dessa vez, foi uma suposta elevação artificial no preço das ações da Telecom Italia à época em que a Pirelli adquiriu o controle da companhia, em 2001.

As informações de Provera, contudo, não foram as únicas que chegaram a procuradores e policiais milaneses.

Eles têm em seu poder um CD entregue pelo ex-detetive Emanuele Cipriani, um dos colaboradores da Telecom Italia, e dados colhidos nos depoimentos do chefe internacional da Segurança da operadora italiana, Giuliano Tavaroli, e do segundo homem mais importante da Sismi (o serviço secreto militar da Itália), Marco Mancini.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Telecom Itália
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