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28/12/2006 - 10h34

Liquidação pós-Natal reduz os preços de poucos produtos

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ADRIANA MATTOS
MARCELO SAKATE
da Folha de S.Paulo

As tão anunciadas liquidações de Natal englobam só de 0,7% a 2,5% de tudo o que uma loja vende. Alvo de ações da mídia para chamar a sua atenção, o consumidor acaba atraído para comprar também produtos que não estão em promoção.

Com estoques ajustados, o varejo de eletrônicos, por exemplo, não tem tanta sobra de mercadorias para desovar agora --grandes indústrias voltam a operar normalmente em 8 de janeiro para atender à demanda do primeiro trimestre.

Parte do que as redes decidiram "queimar" neste momento é de itens comprados da indústria especificamente para compor o lote de liquidação. É o caso das redes Extra e Ponto Frio, que fizeram acordos exclusivos com fornecedores, segundo afirmam. Os hipermercados Extra colocaram em liquidação cerca de mil produtos --alimentos estão fora dessa conta.

Calcula-se que um hipermercado médio tenha cerca de 70 mil itens, incluindo produtos alimentícios. Ao retirar os alimentos dessa soma (entre 20 mil e 30 mil itens), estima-se que, do total ofertado pelo Extra, a liquidação englobará de 2% a 2,5% do volume. Os descontos chegam a 70%, e a ação da rede acaba no dia 31.

No Submarino, há 5.000 itens em promoção, de um total de 700 mil à venda no site --ou seja, 0,71% do comercializado pela rede. Até o dia 7 de janeiro é possível comprar eletrônicos com descontos de 30% e itens de telefonia com redução de 35% no valor. No ShopTime são mais de mil produtos em liquidação, com descontos de até 67%. O volume equivale a 0,5% do total ofertado no site.

Rotatividade

A baixa relação entre ofertas e produtos disponíveis é questionada pelas lojas. O Extra explica que o número de itens em promoção tende a aumentar porque a rotatividade das promoções é alta --há sempre uma mercadoria nova que entra na lista de descontos, diz a rede.

Em outros setores, como o da construção civil, a estratégia dos descontos se repete. Centenas de produtos da C&C (Casa&Construção) estão com redução de 30% a 70% nos preços. A rede vende cerca de 45 mil itens. Dicico e Telha Norte adotam modelo semelhante.

No Ponto Frio, uma das maiores cadeias de eletroeletrônicos do Brasil, o desconto na liquidação atinge 85%, mas será limitado a apenas cerca de 500 itens por unidade.

Estoque menor

Na avaliação das principais entidades do comércio, como a ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e a Fecomercio SP, o estoque das lojas está em patamar baixo, principalmente nas linhas de eletrônicos e telefonia. A elevação de 5,7% nas vendas do comércio em São Paulo no Natal, inclusive, foi maior do que a prevista, o que reduziu o volume estocado.

Portanto, novos pedidos já foram encaminhados aos fornecedores de bens duráveis. Isso porque os comerciantes já trabalhavam com estoques muito ajustados em dezembro, e era preciso fazer encomendas para o primeiro bimestre.

A Semp Toshiba manteve a linha de produção em Manaus (AM) operando até a semana passada para fabricar produtos para venda em janeiro e fevereiro. A Panasonic manteve o dia 8 de janeiro como a data de retorno de seus funcionários na linha de produção porque será preciso montar equipamentos para entrega no próximo mês.

Na avaliação de Marcos Gouvêa, sócio-diretor da consultoria Gouvêa de Souza & MD, especializada em varejo, a maioria das liquidações no país ainda reflete a correção de uma deformação no mercado, de oferta ou demanda. Não há a cultura da liquidação no Brasil como uma grande oportunidade de negócio --o que ocorre nos EUA. "[Na liquidação] estão itens comprados em excesso ou que não saíram [venderam] tão bem. Por isso a quantidade vendida não é tão grande", diz.

Para Gouvêa, a estratégia dos descontos "pode trazer um adicional de tráfego para a rede, mas antecipa a redução da rentabilidade, uma vez que as margens são menores".

Especial
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