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31/12/2006
-
09h42
JANAINA LAGE
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
As companhias estrangeiras já respondem por 73% dos vôos internacionais realizados no país, segundo levantamento realizado pela consultoria Bain & Company. A crise da Varig mudou o cenário dos vôos internacionais e achatou a presença das empresas brasileiras nesse setor.
Em janeiro deste ano, as companhias nacionais respondiam por 53% desses vôos. Em setembro (último dado disponível), a participação delas recuou para 27%.
De acordo com a avaliação da consultoria, o avanço da TAM em rotas de grande disputa, como Nova York, Paris e Miami, impediu que houvesse uma total apropriação dos vôos pelas estrangeiras. A empresa também passou, a partir de outubro, a operar vôos para Londres, mas os efeitos ainda não estão computados nas estatísticas do estudo.
Entrada de estrangeiras
Algumas rotas que eram realizadas apenas pela Varig no passado (entre as companhias nacionais) passaram a ser realizadas somente por empresas estrangeiras. A portuguesa TAP absorveu todos os vôos de São Paulo a Lisboa, e a espanhola Iberia ficou com os vôos de São Paulo a Madri.
Nas rotas de maior atratividade, como a de São Paulo a Nova York, a TAM ganhou espaço, no entanto a saída da Varig coincidiu com a entrada da Delta, de modo que nenhuma companhia ultrapassa os 30% de participação.
O mesmo ocorre com a rota São Paulo/Buenos Aires. A Varig manteve as operações para esse destino, mas viu a sua participação cair. Outras empresas conseguiram ganhar mercado. A rota é realizada por TAM, Gol, Aerolíneas Argentinas, British Airways e Lufthansa.
Parte desse novo arranjo nas rotas internacionais foi determinada pela leitura da nova lei de falências. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) pretendia inicialmente distribuir as rotas da Varig que não estivessem em operação logo após a venda da empresa.
Com a interferência da 1ª Vara Empresarial do Rio, responsável pelo processo de recuperação da companhia, foi determinado que ela teria direito aos prazos estipulados na portaria 569 da Anac, de 180 dias para retomada dos vôos internacionais a partir da concessão das linhas. A Varig agora corre contra o tempo para aumentar sua presença nesse segmento.
Mercado dinâmico
Segundo Lúcia Helena Salgado, pesquisadora do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o domínio das estrangeiras neste setor não é estrutural. "Esse mercado é muito dinâmico. Se a Varig conseguir retomar rotas ou outras empresas decidirem focar mais nesse segmento, pode haver mudança significativa", afirmou Salgado.
A pesquisadora destaca que a grande barreira desse segmento não é econômica, mas regulatória. Empresas que decidem focar sua atuação no exterior dependem de autorização da Anac e do fechamento de acordos bilaterais.
"Do ponto de vista do consumidor, a concentração dos vôos nas estrangeiras representa uma redução no número de opções, o que logicamente traz efeito sobre os preços. Sem concorrência, não há estímulo para descontos, promoções e vantagens", disse.
Ela destaca ainda a saída de divisas do país e o efeito na geração de empregos. "Com a ausência de brasileiras em destinos, não há entrada de recursos para o país nem estímulo para a contratação de brasileiros."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a crise da Varig
Estrangeiras já operam 73% dos vôos internacionais
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
As companhias estrangeiras já respondem por 73% dos vôos internacionais realizados no país, segundo levantamento realizado pela consultoria Bain & Company. A crise da Varig mudou o cenário dos vôos internacionais e achatou a presença das empresas brasileiras nesse setor.
Em janeiro deste ano, as companhias nacionais respondiam por 53% desses vôos. Em setembro (último dado disponível), a participação delas recuou para 27%.
De acordo com a avaliação da consultoria, o avanço da TAM em rotas de grande disputa, como Nova York, Paris e Miami, impediu que houvesse uma total apropriação dos vôos pelas estrangeiras. A empresa também passou, a partir de outubro, a operar vôos para Londres, mas os efeitos ainda não estão computados nas estatísticas do estudo.
Entrada de estrangeiras
Algumas rotas que eram realizadas apenas pela Varig no passado (entre as companhias nacionais) passaram a ser realizadas somente por empresas estrangeiras. A portuguesa TAP absorveu todos os vôos de São Paulo a Lisboa, e a espanhola Iberia ficou com os vôos de São Paulo a Madri.
Nas rotas de maior atratividade, como a de São Paulo a Nova York, a TAM ganhou espaço, no entanto a saída da Varig coincidiu com a entrada da Delta, de modo que nenhuma companhia ultrapassa os 30% de participação.
O mesmo ocorre com a rota São Paulo/Buenos Aires. A Varig manteve as operações para esse destino, mas viu a sua participação cair. Outras empresas conseguiram ganhar mercado. A rota é realizada por TAM, Gol, Aerolíneas Argentinas, British Airways e Lufthansa.
Parte desse novo arranjo nas rotas internacionais foi determinada pela leitura da nova lei de falências. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) pretendia inicialmente distribuir as rotas da Varig que não estivessem em operação logo após a venda da empresa.
Com a interferência da 1ª Vara Empresarial do Rio, responsável pelo processo de recuperação da companhia, foi determinado que ela teria direito aos prazos estipulados na portaria 569 da Anac, de 180 dias para retomada dos vôos internacionais a partir da concessão das linhas. A Varig agora corre contra o tempo para aumentar sua presença nesse segmento.
Mercado dinâmico
Segundo Lúcia Helena Salgado, pesquisadora do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o domínio das estrangeiras neste setor não é estrutural. "Esse mercado é muito dinâmico. Se a Varig conseguir retomar rotas ou outras empresas decidirem focar mais nesse segmento, pode haver mudança significativa", afirmou Salgado.
A pesquisadora destaca que a grande barreira desse segmento não é econômica, mas regulatória. Empresas que decidem focar sua atuação no exterior dependem de autorização da Anac e do fechamento de acordos bilaterais.
"Do ponto de vista do consumidor, a concentração dos vôos nas estrangeiras representa uma redução no número de opções, o que logicamente traz efeito sobre os preços. Sem concorrência, não há estímulo para descontos, promoções e vantagens", disse.
Ela destaca ainda a saída de divisas do país e o efeito na geração de empregos. "Com a ausência de brasileiras em destinos, não há entrada de recursos para o país nem estímulo para a contratação de brasileiros."
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