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12/01/2007 - 09h45

Brasil tem inflação pelo IPCA de 3,14%, a 3ª menor da América Latina

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CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou 2006 com uma inflação de 3,14%, praticamente a metade da taxa apurada em 2005, que foi de 5,69%. Trata-se do menor índice oficial de inflação desde 1998, quando a alta havia sido de 1,65%, além de bastante inferior ao pico de 12,53%, de 2002.

O resultado fica bem abaixo do centro da meta de inflação para este ano, que era de 4,5%. É a primeira vez que isso acontece desde o início do regime de metas e reforça o discurso da política conservadora de juros do Banco Central.

Com o resultado, o Brasil passa a ocupar o terceiro lugar entre os países da América Latina com menor índice de preços, atrás apenas do Peru (2,4%) e do Panamá (2,8%). No ano anterior, o Brasil estava bem atrás, na 11ª posição entre os 19 países latino-americanos do ranking.

O levantamento foi elaborado pelo economista-chefe da consultoria Austin Ratings, Alex Agostini, a pedido da Folha Online. Ele leva em consideração as taxas projetadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) em seu último relatório divulgado em setembro passado. Ou seja, mesmo que as inflações registradas nesses países tenham sido diferentes das projeções, as taxas consideradas são aquelas que haviam sido estimadas pelo fundo monetário.

Entre as economias emergentes, o Brasil ocupa em 2006 a 11ª posição, na frente do Equador (3,2%) e Chile (3,5%), por exemplo. Nessa comparação, a Argentina aparece em 33º lugar (9,8%). A Polônia tem a mais baixa inflação entre os emergentes, 0,9%, e é seguida pela Arábia Saudita, com 1%, e por alguns países asiáticos.

Entre os Brics --grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China--, o Brasil aparece em segundo lugar, com o dobro da inflação da China (1,5%). A Índia fica em terceiro, com inflação de 5,6%, e a Rússia, com 9,7%.

Pressões

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o real valorizado, a boa oferta de produtos agrícolas e os menores aumentos de tarifas públicas sustentaram a redução da inflação ao longo do ano passado.

Os alimentos tiveram alta de 1,22%, a menor desde 1997. Os artigos de residência, que abrangem mobiliário e artigos domésticos, registraram variação negativa de 2,72%. A energia elétrica teve resultado muito próximo da estabilidade no ano (0,28%) e as tarifas de telefonia fixa caíram 0,83%. "Em 2006 vemos se consolidar uma situação de desindexação", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do índice de preços do IBGE. Ela explicou que os preços administrados que antes retroalimentavam a inflação do ano subseqüente deixaram de ser aplicados em muitos casos.

O aumento dos combustíveis, de 2,30%, também ficou abaixo do índice geral. Embora não tenha havido reajuste da gasolina em 2006.

Outros itens que não pressionaram os preços devido a influências da queda do dólar foram higiene pessoal (0,65%), aparelhos de TV, som e informática (-12,07%) e artigos de limpeza (-2,29%).

Por outro lado, os itens que mais contribuíram para a inflação durante 2006 foram os planos de saúde, que subiram 12,30%, as mensalidades escolares, que tiveram um incremento de 6,76% e os ônibus urbanos que ficaram 8,11% mais caros. Além disso, outra influência importante ao longo de todo o ano foi o item empregados domésticos que cresceram 10,73% ao acompanhar o reajuste do salário-mínimo.

Dezembro

Em dezembro, a inflação medida pelo índice foi de 0,48%, acima do índice de novembro, que havia sido de 0,31%, e em linha com as previsões de mercado, que apontavam alta de 0,45%.

A principal pressão sobre os preços veio do reajuste dos transportes na região metropolitana de São Paulo, que tem um peso de 33% no índice. Os reajustes de trem, ônibus, táxi e metrô provocaram um aumento de 2,91% no grupo transportes em São Paulo, gerando uma contribuição de 0,24 ponto percentual na inflação geral. "Não fosse São Paulo, a taxa seria mais baixa", disse.

Além disso, contribuíram para a taxa o grupo vestuário, que subiu de 0,65% em novembro para 1,0% em dezembro. O condomínio também avançou para 0,81% ante 0,08% em novembro.

Por outro lado, a alta dos alimentos foi bem menor que em novembro. O grupo subiu 0,39%, contra 0,50% no mês anterior. As carnes, por exemplo, caíram de 1,63% para -0,43%. O frango, que tinha apurado alta de 5,77% em novembro, registrou uma deflação de 0,86% em dezembro.

INPC

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) fechou 2006 com inflação de 2,81%. Em 2005, o índice apurou alta de 5,05%. Os alimentos tiveram papel decisivo na redução do índice de preços, já que têm grande peso no índice. Eles alcançaram 0,94% no ano passado ante 1,43% em 2005. Em dezembro, o índice ficou em 0,62% ante 0,42% em novembro.

Veja abaixo o ranking de inflação dos países da América Latina:

Peru - 2,4%
Panamá - 2,8%
Brasil - 3,1%
Equador - 3,2%
Chile - 3,5%
México - 3,5%
Bolívia - 4,1%
El Salvador - 4,1%
Colômbia - 4,7%
Honduras - 5,8%
Uruguai - 5,9%
Guatemala - 6,9%
República Dominicana - 8,5%
Nicarágua - 8,6%
Paraguai - 8,9%
Argentina - 9,8%
Venezuela - 12,1%
Costa Rica - 13%
Haiti - 14,1%

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