Publicidade
Publicidade
23/01/2007
-
09h30
CLÓVIS ROSSI
enviado especial da Folha de S.Paulo à Suíça
O ministro Celso Amorim disse ontem à Folha que vão "na direção correta" as propostas que o jornal britânico "Financial Times" atribuiu, na edição de ontem, a negociadores americanos e europeus para destravar a chamada Rodada Doha de negociações comerciais, virtualmente paralisadas desde o lançamento em 2001.
Mas o chanceler diz também não ter elementos para confirmar se é correta ou não a versão do jornal. Os itens centrais da reportagem, que não cita fontes, são os seguintes:
1) A União Européia aceitaria reduzir em 54% suas tarifas de importação de bens agrícolas, exatamente a porcentagem reivindicada pelo G20, o grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia e que luta para abrir os mercados agrícolas do mundo rico.
A proposta original dos europeus previa uma redução de apenas 39% e fora rejeitada liminarmente pelo G20 (e também pelos Estados Unidos).
2) Já os EUA estariam dispostos a reduzir para US$ 17 bilhões o teto dos subsídios a seus agricultores, o nível mais baixo até agora mencionado nas negociações. Não é o que pede o G20, que prefere algo entre US$ 12 bilhões e US$ 13 bilhões, mas é bem menos que os US$ 22 bilhões que Washington vinha insistindo.
Se as propostas chegarem de fato à mesa de negociações, abrirão a porta para um entendimento, já que a agricultura é justamente o nó que trava o acordo. E, dentro do nó, os subsídios americanos e as tarifas européias eram os pontos críticos, depois que, na reunião ministerial de Hong Kong, em dezembro de 2005, chegou-se a um acordo para eliminar escalonadamente o terceiro nó (subsídios à exportação).
Por isso que Amorim diz que, se for assim mesmo, as propostas vão na direção correta. Mas ressalva: "Se são suficientes, não dá ainda para saber".
O ministro conta que tem conversado freqüentemente com todos os atores principais da negociação, como o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, a chefe do comércio exterior norte-americano, Susan Schwab, e o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy.
Nessas conversas, surgiram, sim, alguns números, mas sempre parciais, nunca globais como os do "Financial Times".
Hoje, Amorim volta a conversar com Susan Schwab, mas, mesmo que ela confirme que as propostas serão as anunciadas, "ainda há muitas perguntas no caminho", diz ele.
Exemplo: "Como será a disciplina para a redução dos subsídios? Haverá um teto por produto ou um teto global?".
Tradução: teto global permitiria que, em caso de queda de preço de um produto, subsídios fossem destinados a ele, tornando nulo o ganho que países como o Brasil teriam se deixassem de competir com produtores subsidiados pelos EUA.
No caso das tarifas, "chegar a 54% é bom para todo o mundo", diz Amorim, mas ressalva: "Tão importante quanto o corte é definir os produtos sensíveis [para os quais haverá corte tarifário menor] e as cotas de importação desses produtos".
Amorim também participa, no dia 25, de uma espécie de reunião miniministerial da OMC, à margem do encontro anual 2007 do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Será a chance para conferir se as propostas que estão sendo suposta ou realmente debatidas entre UE e EUA serão postas à mesa de negociação.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Rodada Doha
Brasil vê propostas da UE e dos EUA na direção certa
Publicidade
enviado especial da Folha de S.Paulo à Suíça
O ministro Celso Amorim disse ontem à Folha que vão "na direção correta" as propostas que o jornal britânico "Financial Times" atribuiu, na edição de ontem, a negociadores americanos e europeus para destravar a chamada Rodada Doha de negociações comerciais, virtualmente paralisadas desde o lançamento em 2001.
Mas o chanceler diz também não ter elementos para confirmar se é correta ou não a versão do jornal. Os itens centrais da reportagem, que não cita fontes, são os seguintes:
1) A União Européia aceitaria reduzir em 54% suas tarifas de importação de bens agrícolas, exatamente a porcentagem reivindicada pelo G20, o grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia e que luta para abrir os mercados agrícolas do mundo rico.
A proposta original dos europeus previa uma redução de apenas 39% e fora rejeitada liminarmente pelo G20 (e também pelos Estados Unidos).
2) Já os EUA estariam dispostos a reduzir para US$ 17 bilhões o teto dos subsídios a seus agricultores, o nível mais baixo até agora mencionado nas negociações. Não é o que pede o G20, que prefere algo entre US$ 12 bilhões e US$ 13 bilhões, mas é bem menos que os US$ 22 bilhões que Washington vinha insistindo.
Se as propostas chegarem de fato à mesa de negociações, abrirão a porta para um entendimento, já que a agricultura é justamente o nó que trava o acordo. E, dentro do nó, os subsídios americanos e as tarifas européias eram os pontos críticos, depois que, na reunião ministerial de Hong Kong, em dezembro de 2005, chegou-se a um acordo para eliminar escalonadamente o terceiro nó (subsídios à exportação).
Por isso que Amorim diz que, se for assim mesmo, as propostas vão na direção correta. Mas ressalva: "Se são suficientes, não dá ainda para saber".
O ministro conta que tem conversado freqüentemente com todos os atores principais da negociação, como o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, a chefe do comércio exterior norte-americano, Susan Schwab, e o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy.
Nessas conversas, surgiram, sim, alguns números, mas sempre parciais, nunca globais como os do "Financial Times".
Hoje, Amorim volta a conversar com Susan Schwab, mas, mesmo que ela confirme que as propostas serão as anunciadas, "ainda há muitas perguntas no caminho", diz ele.
Exemplo: "Como será a disciplina para a redução dos subsídios? Haverá um teto por produto ou um teto global?".
Tradução: teto global permitiria que, em caso de queda de preço de um produto, subsídios fossem destinados a ele, tornando nulo o ganho que países como o Brasil teriam se deixassem de competir com produtores subsidiados pelos EUA.
No caso das tarifas, "chegar a 54% é bom para todo o mundo", diz Amorim, mas ressalva: "Tão importante quanto o corte é definir os produtos sensíveis [para os quais haverá corte tarifário menor] e as cotas de importação desses produtos".
Amorim também participa, no dia 25, de uma espécie de reunião miniministerial da OMC, à margem do encontro anual 2007 do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Será a chance para conferir se as propostas que estão sendo suposta ou realmente debatidas entre UE e EUA serão postas à mesa de negociação.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice