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15/03/2007 - 11h10

Baixa renda aplica 68% do gasto com moradia no "puxadinho"

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TONI SCIARRETTA
Editor do FolhaNews

Casas eternamente em construção das famílias de baixa renda levam em média 68% da renda disponível para os gastos com moradia. Dinheiro este empregado, em sua maioria, em materiais de construção básicos, como cal, cimento, tijolo, areia e pedra. Nas classes A e B, os mesmos gastos somam apenas 32% dos custos com a casa.

Orçamento apertado também não determina o local das compras --para a classe baixa é mais importante comprar o material próximo de casa, especialmente se tiver a recomendação de um vizinho ou colega, do que rodar a cidade em busca do menor preço. Classe baixa também não depende de financiamento de longo prazo para comprar material de construção --grande parte das compras são feitas à vista, conforme entra dinheiro em caixa.

Para o varejo, inadimplência também não existe neste segmento. Os dados, obtidos pela Folha Online, fazem parte de pesquisa encomendada pela agência de publicidade Avenida Brasil, especializada nos públicos das classes C, D e E, para o instituto Data Popular, que será divulgada nesta quinta na Feicon (Feira da Construção Civil), em São Paulo. Para fazer a pesquisa, o Data Popular ouviu 600 consumidores no Estado de São Paulo e organizou quatro grupos de discussão. A pesquisa considera classes C, D e E as famílias com renda mensal entre 0 e 10 salários mínimos.

Visto como "nova fronteira" a ser conquistada no varejo, as classes C, D e E representam hoje 87% dos consumidores brasileiros. Diante de sua importância, são chamadas agora de a "base da pirâmide", uma base que movimentou R$ 512 bilhões em 2006 --o número é a massa de renda dessa população. Em se tratando de classe baixa, o varejo entende que renda e igual a consumo.

Entre os clientes dessa categoria que freqüentam as lojas de construção, apenas 13% estão construindo e 53% estão reformando suas casas --ou seja, fazendo o tal "puxadinho". Para 80% dos entrevistados, fazer compra de material de construção nos finais de semana não é encarado como lazer, mas uma obrigação. O uso do material também é feito pelo próprio comprador, que muitas vezes dispensa a contratação de um pedreiro.

Os vendedores são os principais responsáveis pela chamada "experiência de compra" e pela fidelidade da clientela --89% preferem lojas com um vendedor disponível para acompanhar a compra e 95% consideram muito importante vendedores que conhecem os produtos.

Clientes das classes C, D e E são ainda fiéis compradores das lojas de bairro. E eles sabem que pagam até mais caro por isso, em relação aos home centers -- 57% dos clientes de lojas de bairro consideram os home centers mais baratos. A pesquisa mostra que 56% dos clientes de lojas de bairro chegaram a pé no ponto de venda e que 61% dos clientes da concorrência preferem comprar "básicos" em loja de bairro.

Grandes lojas são vistas como mais baratas, mais organizadas e o local indicado para compras de acabamento. 70% dos clientes consideram os home centers mais baratos que as lojas de bairro e 96% dos clientes de lojas de bairro consideram as grandes redes mais organizadas.

A pesquisa mostra que a compra dos materiais básicos é uma escolha do homem, enquanto que as decisões sobre o acabamento ficam nas mãos das mulheres. E para quem pensa que a classe baixa não tem influência no "topo da pirâmide", a pesquisa mostra que, muitas vezes, o construtor da classe baixa é o próprio pedreiro que atende a elite. São profissionais que levam para outros segmentos da sociedade produtos testados e aprovados na periferia.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o consumo nas classes C, D e E
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