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02/04/2007
-
10h24
LEANDRA PERES
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A mudança na diretoria do Banco Central, com a substituição de Afonso Bevilaqua pelo economista Mário Mesquita na diretoria de Política Econômica, poderá ser insuficiente para forçar uma queda mais acelerada nos juros, mas já serviu para o BC melhorar sua comunicação com o mercado financeiro.
A primeira reunião com economistas da era pós-Bevilaqua, realizada nos dias 15 e 16 de março, em São Paulo e no Rio de Janeiro, foi marcada por uma descontração incomum e muito mais discussão, segundo participantes relataram à Folha.
O primeiro sinal de mudanças foi a apresentação feita pelo diretor de Política Monetária, Rodrigo Azevedo, sobre o cenário internacional.
Azevedo está no BC desde outubro de 2004 e sempre participou das reuniões com o mercado. Mas não costumava fazer apresentações. Ficava sentado à mesa, e o papel de interlocutor cabia exclusivamente a Bevilaqua.
Até o presidente do BC, Henrique Meirelles, costumava ficar em segundo plano nas reuniões conduzidas pelo ex-diretor. Não raro, havia bate-boca entre Bevilaqua e algum desavisado que discordasse das análises do Banco Central.
Na avaliação de um analista que freqüenta esses encontros, acabou aquele tom imperial do BC que vigorava antes, embora a análise continue tão conservadora quanto era a de Bevilaqua. Dessa vez, porém, o BC falou mais o que está pensando, segundo esse analista.
A cada três meses, antes de elaborar o relatório de inflação, o BC organiza encontros com cerca de 80 economistas de bancos, consultorias e algumas entidades de classe.
O objetivo é, de um lado, ouvir as opiniões do mercado e, de outro, mandar o recado do BC para que não haja surpresas muito grandes em relação ao que pensa a autoridade monetária e aumentar a previsibilidade das políticas.
Segundo o relato de um economista que esteve no encontro, com Bevilaqua, as reuniões foram sendo esvaziadas porque todos os participantes se continham para não enfrentar a ira do diretor. Com Mesquita, os interlocutores do BC se mostraram mais dispostos a falar, estimulando o debate, disse o economista.
Um dos sinais mais importantes que o BC deu aos economistas foi sobre o ritmo de redução dos juros. Em sua apresentação, o diretor Mário Mesquita ressaltou que um dos fatores de maior peso na análise do BC não é o risco de alta da inflação, mas as incertezas associadas ao impacto que a redução já feita nos juros poderá ter na economia.
Para o mercado, a leitura foi uma só: mesmo com a melhora no cenário econômico, o BC não vai retomar os cortes de 0,5 ponto na Selic, a taxa básica de juros. A política deverá continuar sendo a de 0,25 ponto.
A comunicação do BC com os agentes econômicos é considerada fundamental no sistema de metas de inflação. Isso porque é a percepção do mercado sobre as ações do BC que influencia as expectativas de inflação futura.
Se os economistas acham que o governo vai deixar os preços subirem acima da meta fixada, incorporam esses reajustes as suas projeções e não aceitam pagar juros mais baixos. No cenário contrário, se o Banco Central tem credibilidade, o mercado aceita cobrar taxas menores do governo.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Afonso Bevilaqua
Leia o que já foi publicado sobre Mário Mesquita
Sem Bevilaqua, BC melhora a sua comunicação com mercado
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
A mudança na diretoria do Banco Central, com a substituição de Afonso Bevilaqua pelo economista Mário Mesquita na diretoria de Política Econômica, poderá ser insuficiente para forçar uma queda mais acelerada nos juros, mas já serviu para o BC melhorar sua comunicação com o mercado financeiro.
A primeira reunião com economistas da era pós-Bevilaqua, realizada nos dias 15 e 16 de março, em São Paulo e no Rio de Janeiro, foi marcada por uma descontração incomum e muito mais discussão, segundo participantes relataram à Folha.
O primeiro sinal de mudanças foi a apresentação feita pelo diretor de Política Monetária, Rodrigo Azevedo, sobre o cenário internacional.
Azevedo está no BC desde outubro de 2004 e sempre participou das reuniões com o mercado. Mas não costumava fazer apresentações. Ficava sentado à mesa, e o papel de interlocutor cabia exclusivamente a Bevilaqua.
Até o presidente do BC, Henrique Meirelles, costumava ficar em segundo plano nas reuniões conduzidas pelo ex-diretor. Não raro, havia bate-boca entre Bevilaqua e algum desavisado que discordasse das análises do Banco Central.
Na avaliação de um analista que freqüenta esses encontros, acabou aquele tom imperial do BC que vigorava antes, embora a análise continue tão conservadora quanto era a de Bevilaqua. Dessa vez, porém, o BC falou mais o que está pensando, segundo esse analista.
A cada três meses, antes de elaborar o relatório de inflação, o BC organiza encontros com cerca de 80 economistas de bancos, consultorias e algumas entidades de classe.
O objetivo é, de um lado, ouvir as opiniões do mercado e, de outro, mandar o recado do BC para que não haja surpresas muito grandes em relação ao que pensa a autoridade monetária e aumentar a previsibilidade das políticas.
Segundo o relato de um economista que esteve no encontro, com Bevilaqua, as reuniões foram sendo esvaziadas porque todos os participantes se continham para não enfrentar a ira do diretor. Com Mesquita, os interlocutores do BC se mostraram mais dispostos a falar, estimulando o debate, disse o economista.
Um dos sinais mais importantes que o BC deu aos economistas foi sobre o ritmo de redução dos juros. Em sua apresentação, o diretor Mário Mesquita ressaltou que um dos fatores de maior peso na análise do BC não é o risco de alta da inflação, mas as incertezas associadas ao impacto que a redução já feita nos juros poderá ter na economia.
Para o mercado, a leitura foi uma só: mesmo com a melhora no cenário econômico, o BC não vai retomar os cortes de 0,5 ponto na Selic, a taxa básica de juros. A política deverá continuar sendo a de 0,25 ponto.
A comunicação do BC com os agentes econômicos é considerada fundamental no sistema de metas de inflação. Isso porque é a percepção do mercado sobre as ações do BC que influencia as expectativas de inflação futura.
Se os economistas acham que o governo vai deixar os preços subirem acima da meta fixada, incorporam esses reajustes as suas projeções e não aceitam pagar juros mais baixos. No cenário contrário, se o Banco Central tem credibilidade, o mercado aceita cobrar taxas menores do governo.
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