Publicidade
Publicidade
03/05/2007
-
18h18
da Folha Online
O jornalista Fabiano Maisonnave, 31, correspondente da Folha na Venezuela, participou nesta quinta-feira (3) de um bate-papo com 282 internautas sobre a nacionalização dos recursos energéticos em países da América do Sul. (Leia a íntegra aqui)
Maisonnave foi enviado a Caracas para cobrir a onda de nacionalização que acontece na Venezuela, na Bolívia e no Equador, além da influência desses fatos na América do Sul e seus impactos no Brasil.
Um dos principais temas abordados no bate-papo foi a questão da brasileira Petrobras, que entrou no processo de nacionalização, mas mantém negociações do preço do ressarcimento de duas de suas refinarias (Villaroel, em Cochabamba, e Guillermo Elder Bell, em Santa Cruz de La Sierra). O impasse ocorre porque a Bolívia quer pagar US$ 60 milhões, um preço inferior ao valor de mercado, de pelo menos US$ 160 milhões.
Sobre a possibilidade de Bolívia se recusar a pagar o que a Petrobras quer, Maisonnave disse que esta é uma possibilidade em qualquer negociação, mas que acha muito improvável --ele não soube dizer, porém, em que pé está a negociação hoje. Segundo ele, os dois lados sairiam perdendo bastante no caso de uma "briga" ou de levar a discussão a algum órgão internacional.
"No ano passado, o Amorim [ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim] disse que a única coisa que uma disputa mais dura com a Bolívia provocaria seria a reconciliação. O melhor para os dois lados é esgotar todas as possibilidades", afirmou.
Ao responder um internauta sobre quem sairia perdendo mais se não houver acordo, o jornalista afirmou que "não existe essa ameaça. É um cenário bastante improvável", mas definiu a situação como um "abraço de afogados".
"Uma improvável ruptura entre Brasil e Bolívia com relação ao gás é um abraço de afogados: 50% do gás consumido no Brasil é importado de lá, e a Petrobras paga cerca de 25% do total de impostos arrecadados pelo governo Morales", disse.
Sobre um possível erro de postura do Brasil na relação com a Bolívia no passado, Maisonnave disse que "é uma longa história". "Creio que o Itamaraty e o governo brasileiro fizeram uma mistura de paternalismo e arrogância sem bons resultados. Foi paternalista ao ser 'generoso' com o aumento do preço do gás, achando que estava comprando a paz com a Bolívia. E foi arrogante ao criar uma comissão para discutir as hidrelétricas do rio Madeira ao mesmo tempo em que o ministro Silas Rondeau diz que não é necessário consultar a Bolívia."
Maisonnave também falou sobre os novos contratos com as petrolíferas na Bolívia, que foram nacionalizadas, e o pedido de Evo Morales de que as empresas continuem a investir.
"É contraditório sim, porque o processo foi muito confuso e não deu garantias da 'segurança jurídica' que as empresas buscam. Ao mesmo tempo, o Morales sabe que precisa de capital privado estrangeiro para aumentar a produção de gás e assim cumprir os contratos com o Brasil e a Argentina", explicou.
Por fim, um internauta perguntou que se fosse outro país a negociar com o governo de Morales, como os EUA, se a situação não estaria mais tensa. "É difícil fazer essa especulação, mas basta ver que, na Venezuela, o Chávez conseguiu fazer acordos com quase todas as empresas americanas para que fiquem no país como sócias da PDVSA."
Leia mais
Confira a íntegra do chat com Fabiano Maisonnave sobre as nacionalizações
Leia as últimas reportagens de Fabiano Maisonnave
Especial
Confira como foram os bate-papos anteriores
Maisonnave aposta em acordo entre Bolívia e Brasil sobre nacionalização
Publicidade
O jornalista Fabiano Maisonnave, 31, correspondente da Folha na Venezuela, participou nesta quinta-feira (3) de um bate-papo com 282 internautas sobre a nacionalização dos recursos energéticos em países da América do Sul. (Leia a íntegra aqui)
Maisonnave foi enviado a Caracas para cobrir a onda de nacionalização que acontece na Venezuela, na Bolívia e no Equador, além da influência desses fatos na América do Sul e seus impactos no Brasil.
Um dos principais temas abordados no bate-papo foi a questão da brasileira Petrobras, que entrou no processo de nacionalização, mas mantém negociações do preço do ressarcimento de duas de suas refinarias (Villaroel, em Cochabamba, e Guillermo Elder Bell, em Santa Cruz de La Sierra). O impasse ocorre porque a Bolívia quer pagar US$ 60 milhões, um preço inferior ao valor de mercado, de pelo menos US$ 160 milhões.
Folha Imagem |
O jornalista Fabiano Maisonnave |
"No ano passado, o Amorim [ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim] disse que a única coisa que uma disputa mais dura com a Bolívia provocaria seria a reconciliação. O melhor para os dois lados é esgotar todas as possibilidades", afirmou.
Ao responder um internauta sobre quem sairia perdendo mais se não houver acordo, o jornalista afirmou que "não existe essa ameaça. É um cenário bastante improvável", mas definiu a situação como um "abraço de afogados".
"Uma improvável ruptura entre Brasil e Bolívia com relação ao gás é um abraço de afogados: 50% do gás consumido no Brasil é importado de lá, e a Petrobras paga cerca de 25% do total de impostos arrecadados pelo governo Morales", disse.
Sobre um possível erro de postura do Brasil na relação com a Bolívia no passado, Maisonnave disse que "é uma longa história". "Creio que o Itamaraty e o governo brasileiro fizeram uma mistura de paternalismo e arrogância sem bons resultados. Foi paternalista ao ser 'generoso' com o aumento do preço do gás, achando que estava comprando a paz com a Bolívia. E foi arrogante ao criar uma comissão para discutir as hidrelétricas do rio Madeira ao mesmo tempo em que o ministro Silas Rondeau diz que não é necessário consultar a Bolívia."
Maisonnave também falou sobre os novos contratos com as petrolíferas na Bolívia, que foram nacionalizadas, e o pedido de Evo Morales de que as empresas continuem a investir.
"É contraditório sim, porque o processo foi muito confuso e não deu garantias da 'segurança jurídica' que as empresas buscam. Ao mesmo tempo, o Morales sabe que precisa de capital privado estrangeiro para aumentar a produção de gás e assim cumprir os contratos com o Brasil e a Argentina", explicou.
Por fim, um internauta perguntou que se fosse outro país a negociar com o governo de Morales, como os EUA, se a situação não estaria mais tensa. "É difícil fazer essa especulação, mas basta ver que, na Venezuela, o Chávez conseguiu fazer acordos com quase todas as empresas americanas para que fiquem no país como sócias da PDVSA."
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice