Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/05/2007 - 18h48

Rigor de Morales pode espantar investidores na Bolívia

Publicidade

GILLES BERTIN
da France Presse, em La Paz

As últimas medidas adotadas pelo presidente socialista boliviano, Evo Morales, para retomar o controle das grandes empresas, pode espantar os investidores estrangeiros do país mais pobre da América do Sul, segundo especialistas consultados nesta terça-feira.

A Bolívia, que possui a segunda reserva de gás da América do Sul, acaba de renunciar às convenções sobre a proteção dos investimentos assinados com 24 países, entre os quais Estados Unidos, Holanda, França, Itália e Espanha, entre 1990 e 2004.

Na agitação, seguinte às recomendações da cúpula energética, em Barquisemeto (Venezuela), com o presidente venezuelano Hugo Chavez, Morales decidiu retirar a Bolívia do Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (CIADI), organismo do Banco Mundial, argumentando que ele não oferecia mais todas as garantias de imparcialidade.

Várias grandes companhias de petróleo estrangeiras, entre as quais Petrobras (Brasil), Repsol (Espanha), Total (França), ExxonMobil (Estados Unidos), British Gas (GB) podem ser diretamente afetadas por esta decisão.

Para Roberto Laserna, pesquisador do CERES (Centro de estudos da realidade econômica e social), a Bolívia está enviando uma "mensagem desanimadora aos investidores na medida em que o organismo constitui um mecanismo eficaz de negociação e de arbitragem".

Os investimentos diretos estrangeiros já caíram na Bolívia. Segundo dados recentes da Cepal (Comissão econômica para a América Latina e o Caribe), eles foram inferiores em 2006 (237 milhões de dólares), ao nível dos investimentos nos anos 90. Esta redução pode ser notada sobretudo no setor de hidrocarbonetos, a principal riqueza do país. "Há uma queda brutal dos investimentos em petróleo, a exploração caiu", lamentou Laserna.

Mas o governo boliviano está bem decidido a reassumir o controle das empresas que considera terem sido vendidas a baixos preços durante a presidência do ultraliberal Gonzalo Sanchez de Losada nos anos 90.

"O poder executivo quer concretizar as aspirações do povo boliviano que deseja recuperar seu patrimônio", justificou o ministro dos Hydrocarbonetos, Carlos Villegas.

A companhia brasileira Petrobras acaba de sentir o impacto desta decisão. Após tensas negociações, a empresa se viu obrigada a vender duas refinarias que havia comprado em 1999, durante as privatizações, ao Estado boliviano.

Outras empresas que haviam se aproveitado do período de privatizações estão na mira de Villegas: a gigante de petróleo anglo-holandesa Shell, a espanhola Repsol, a americana Chaco e ainda a britânica British Petroleum (BP).

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a nacionalização da Bolívia
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página