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21/05/2007
-
09h12
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Uma política agressiva de contratação de funcionários resultou em forte aumento de 36,5% nas despesas administrativas da Petrobras, que subiram de R$ 832 milhões no primeiro trimestre de 2006 para R$ 1,136 bilhão em igual período deste ano. Foram contratadas 8.006 pessoas no intervalo de março de 2006 a março de 2007. A grande maioria (7.720) foi admitida por meio de concurso público, diz a empresa.
Até o começo do governo Lula, a Petrobras tinha 34,5 mil empregados próprios no final de 2002 e mais 5.900 em suas subsidiárias. Os números saltaram para 49,9 mil e 11,1 mil, respectivamente, ao final de março deste ano. Na holding, a expansão foi de 44,6%. Nas controladas, ficou em 88,1%. Na média, houve aumento de 60%.
Segundo a gerente de planejamento da área de recursos humanos da Petrobras, Mariângela Mundi, as contratações têm como objetivo suprir a expansão das atividades da empresa no futuro.
Em regra, diz ela, não se trata de uma política de substituição de mão-de-obra de empresas terceirizadas por funcionários próprios. "O quadro de pessoal vai dobrar nos próximos anos. A empresa, que investirá US$ 17 bilhões ao ano até 2011, precisa de mais gente para tocar a internacionalização e os novos projetos."
Só em gastos com a contratação de novos funcionários, o aumento nos custos administrativos foi de R$ 304 milhões entre o primeiro trimestre de 2006 e igual período de 2007.
O incremento é bem maior do que o de outras fontes de custos como salários (R$ 92 milhões), serviços prestados por terceiros (R$ 102 milhões) ou aluguel e manutenção de artigos de informática e outros equipamentos (R$ 42 milhões).
Para formar a força de trabalho que foi contratada, a estatal aumentou as despesas com cursos de qualificação e aperfeiçoamento em R$ 42 milhões.
Os custos da holding com pessoal subiram de R$ 1,645 bilhão de janeiro a março de 2006 para R$ 1,938 bilhão no mesmo período de 2007.
Considerando também as subsidiárias, as despesas administrativas do Sistema Petrobras cresceram 38,4% -de R$ 1,186 bilhão no primeiro trimestre de 2006 para R$ 1,641 bilhão nos primeiros três meses deste ano.
Mundi afirma, porém, que o aumento no número de funcionários e o conseqüente incremento das despesas ficaram concentrados na Petrobras holding, controladora de empresas como a BR e a Transpetro.
"Fato inédito"
Para Adriano Pires, diretor da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), "nenhuma empresa no mundo contrata mais de 8.000 pessoas em apenas um ano".
"Isso é inédito. Nunca ouvi falar. Nunca vi a notícia de que qualquer empresa no mundo tenha contratado tanta gente. Ainda mais em ano eleitoral", disse, em referência ao fato de boa parte das contratações ter sido realizada em 2006, ano da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Pires, as contrações atendem a "interesses políticos" e não se justificam. O fato, diz, é agravado porque os funcionários passam por um longo período de treinamento, durante o qual não produzem e só geram gastos.
Já Filipe Cunha, analista do banco Brascan, diz que a produtividade dos funcionários da Petrobras está na média das empresas do setor, embora afirme que, "no caso de uma estatal, é preciso sempre ficar atento a esse item". "Não parece que a Petrobras seja uma empresa ineficiente olhando para a produção média de seus funcionários", avalia Cunha.
Na divulgação do balanço do primeiro trimestre do ano, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, ressaltou que o aumento das despesas administrativas, provocado pelo crescimento das contratações, foi um dos fatores que levaram à queda (de 38%) no lucro da companhia no primeiro trimestre -para R$ 4,1 bilhões.
Destacou ainda o fato de inicialmente os novos contratados representarem apenas custos para a companhia antes de começarem a produzir.
Terceirizados
Não foi só o número de funcionários próprios que aumentou. O total de empregados de empresas terceirizadas subiu 36,4% -de 110 mil no fim de 2002 para 150 mil no fim do primeiro trimestre de 2007.
Entre os admitidos por concursos, os cargos mais freqüentes foram os de engenheiros de equipamentos (505), de petróleo (151) e de processamento (165), além de 1.287 operadores de nível médio.
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Uma política agressiva de contratação de funcionários resultou em forte aumento de 36,5% nas despesas administrativas da Petrobras, que subiram de R$ 832 milhões no primeiro trimestre de 2006 para R$ 1,136 bilhão em igual período deste ano. Foram contratadas 8.006 pessoas no intervalo de março de 2006 a março de 2007. A grande maioria (7.720) foi admitida por meio de concurso público, diz a empresa.
Até o começo do governo Lula, a Petrobras tinha 34,5 mil empregados próprios no final de 2002 e mais 5.900 em suas subsidiárias. Os números saltaram para 49,9 mil e 11,1 mil, respectivamente, ao final de março deste ano. Na holding, a expansão foi de 44,6%. Nas controladas, ficou em 88,1%. Na média, houve aumento de 60%.
Segundo a gerente de planejamento da área de recursos humanos da Petrobras, Mariângela Mundi, as contratações têm como objetivo suprir a expansão das atividades da empresa no futuro.
Em regra, diz ela, não se trata de uma política de substituição de mão-de-obra de empresas terceirizadas por funcionários próprios. "O quadro de pessoal vai dobrar nos próximos anos. A empresa, que investirá US$ 17 bilhões ao ano até 2011, precisa de mais gente para tocar a internacionalização e os novos projetos."
Só em gastos com a contratação de novos funcionários, o aumento nos custos administrativos foi de R$ 304 milhões entre o primeiro trimestre de 2006 e igual período de 2007.
O incremento é bem maior do que o de outras fontes de custos como salários (R$ 92 milhões), serviços prestados por terceiros (R$ 102 milhões) ou aluguel e manutenção de artigos de informática e outros equipamentos (R$ 42 milhões).
Para formar a força de trabalho que foi contratada, a estatal aumentou as despesas com cursos de qualificação e aperfeiçoamento em R$ 42 milhões.
Os custos da holding com pessoal subiram de R$ 1,645 bilhão de janeiro a março de 2006 para R$ 1,938 bilhão no mesmo período de 2007.
Considerando também as subsidiárias, as despesas administrativas do Sistema Petrobras cresceram 38,4% -de R$ 1,186 bilhão no primeiro trimestre de 2006 para R$ 1,641 bilhão nos primeiros três meses deste ano.
Mundi afirma, porém, que o aumento no número de funcionários e o conseqüente incremento das despesas ficaram concentrados na Petrobras holding, controladora de empresas como a BR e a Transpetro.
"Fato inédito"
Para Adriano Pires, diretor da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), "nenhuma empresa no mundo contrata mais de 8.000 pessoas em apenas um ano".
"Isso é inédito. Nunca ouvi falar. Nunca vi a notícia de que qualquer empresa no mundo tenha contratado tanta gente. Ainda mais em ano eleitoral", disse, em referência ao fato de boa parte das contratações ter sido realizada em 2006, ano da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Pires, as contrações atendem a "interesses políticos" e não se justificam. O fato, diz, é agravado porque os funcionários passam por um longo período de treinamento, durante o qual não produzem e só geram gastos.
Já Filipe Cunha, analista do banco Brascan, diz que a produtividade dos funcionários da Petrobras está na média das empresas do setor, embora afirme que, "no caso de uma estatal, é preciso sempre ficar atento a esse item". "Não parece que a Petrobras seja uma empresa ineficiente olhando para a produção média de seus funcionários", avalia Cunha.
Na divulgação do balanço do primeiro trimestre do ano, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, ressaltou que o aumento das despesas administrativas, provocado pelo crescimento das contratações, foi um dos fatores que levaram à queda (de 38%) no lucro da companhia no primeiro trimestre -para R$ 4,1 bilhões.
Destacou ainda o fato de inicialmente os novos contratados representarem apenas custos para a companhia antes de começarem a produzir.
Terceirizados
Não foi só o número de funcionários próprios que aumentou. O total de empregados de empresas terceirizadas subiu 36,4% -de 110 mil no fim de 2002 para 150 mil no fim do primeiro trimestre de 2007.
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