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19/12/2000 - 06h16

Instituição sugere dolarizar as Américas

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CLÓVIS ROSSI, do Conselho Editorial

Uma das mais influentes instituições norte-americanas em temas latino-americanos, o IAD (Inter-American Dialogue) está sugerindo que os Estados Unidos dêem um primeiro passo na direção da dolarização das economias de todo o continente americano.

"É o momento correto para que Washington torne clara sua disposição para somar-se a outras nações do hemisfério para realizar cuidadosos estudos do que se requereria para tornar a América uma área de moeda comum e que consequências teria", afirma o relatório que acaba de ser divulgado pelo IAD.

A linguagem cautelosa se deve ao reconhecimento de que a moeda comum ("presumivelmente o dólar, dada a preponderância econômica dos Estados Unidos") é "um tema politicamente delicado em muitos países".

Ainda assim, o IAD lança a proposta a partir do pressuposto, correto aliás, de que "é improvável que o debate (sobre a moeda única) desapareça".

Metas comuns
Antes de chegar à moeda comum, no entanto, o relatório propõe o estabelecimento de metas comuns macroeconômicas entre as nações para inflação, déficits orçamentários e dívida pública, entre outros itens.

Seria a versão americana do Tratado de Maastricht, lembra o texto, em alusão ao acordo que estabeleceu critérios essenciais para que os países europeus pudessem participar do euro, a moeda única dos países da União Européia.

Dois temas são apontados como fundamentais para a moeda única: "se os Estados Unidos compartilharão a chamada "seignorage", ou seja, o lucro obtido por imprimir dólares que são usados por outras nações; e se outros países poderiam obter representação no Federal Reserve Board (o Banco Central dos Estados Unidos), que é responsável pela administração da moeda norte-americana".

O documento é assinado por quatro dos oito brasileiros que fazem parte do IAD. São Jacqueline Pitanguy, ex-presidente do Conselho Nacional de Direitos da Mulher, Bolívar Lamounier, fundador do Idesp (Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo), Roberto Teixeira da Costa, presidente do capítulo brasileiro do Ceal (Conselho de Empresários da América Latina), e Celina Vargas do Amaral Peixoto, hoje diretora do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) do Rio de Janeiro.

O presidente de honra do PT (Partido dos Trabalhadores), Luiz Inácio Lula da Silva, também é membro do IAD, mas não assina o texto, assim como não o fazem os outros três brasileiros do instituto: Celso Lafer, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Henrique de Campos Meirelles, presidente do BankBoston, e Dulce Maria Pereira, secretária-executiva da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

Trata-se do 11º estudo abrangente da América Latina preparado pelo IAD desde 1982. Destina-se especificamente ao presidente eleito dos Estados Unidos, George W. Bush.

Sugestão a Bush
Na área comercial, o documento sugere a Bush que "se movimente rapidamente" para obter do Congresso o chamado "fast track", a autorização legislativa para que o Executivo negocie acordos que, depois, o Congresso apenas aprova ou rejeita em bloco, sem poder emendar.

"Como ficou evidente nos últimos vários anos, sem "fast track" o declarado compromisso dos Estados Unidos com o livre comércio não será levado a sério na América Latina", afirma o texto.

Coincide quase literalmente com o que vem dizendo a diplomacia brasileira, tese de resto reafirmada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em suas falas durante a Cúpula do Mercosul, realizada na semana passada em Florianópolis (SC).

O texto do IAD é pródigo, aliás, em elogios ao Brasil e ao que o IAD chama de "novo ativismo internacional" do país.

Chega a dizer que "em muitos dos mais importantes temas hemisféricos, os Estados Unidos simplesmente não serão capazes de fazer muito progresso sem o respaldo do Brasil. Se o Brasil e os Estados Unidos encontrarem um ponto comum, o livre comércio nas Américas é inevitável; se não, é impossível".
 

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