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09/07/2000 - 11h25

Mercado enquadra legião estrangeira

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LEONARDO SOUZA e VANESSA ADACHI
da Folha de S.Paulo

Sem músculos para enfrentar gigantes como o Bradesco e o Itaú, três dos sete bancos estrangeiros que entraram no país nos últimos quatro anos jogaram a toalha na semana passada.

A portuguesa Caixa Geral de Depósitos abandonou o varejo ao "'devolver" ao capital nacional (Unibanco) o Banco Bandeirantes, comprado há dois anos. Também na semana passada o Boavista voltou às mãos dos brasileiros (Bradesco), pois o também português Banco Espírito Santo e o francês Crédit Agricole enfrentaram o mesmo problema de falta de competitividade.

As duas operações acenderam os holofotes sobre a estratégia escolhida pelos estrangeiros para enfrentar a pesada guerra contra os nacionais.Seguem na parada o holandês ABN-Amro, o inglês HSBC e os espanhóis Santander e BBV.

Desde 96, essa turma colocou pelo menos US$ 8,75 bilhões no sistema financeiro nacional, entre aquisições e saneamento de bancos comprados. Apesar disso, a participação estrangeira ainda é débil. Corresponde a pouco mais de 10% dos depósitos totais. Já chegou a 12%, mas recuou com a recompra dos bancos estrangeiros pelo capital nacional. Nessa participação ainda estão outros três estrangeiros que têm história no Brasil, o italiano Sudameris e os norte-americanos Citibank e BankBoston.

"O principal problema é a necessidade de escala", afirma Tomás Awad, analista do Chase. A avaliação geral de especialistas é que os dois bancos que venderam seus braços brasileiros na semana passada erraram a mão nesse quesito e subestimaram o mercado brasileiro.

"Quem for entrar no mercado de varejo brasileiro deve ter claro que é preciso ter uma instituição de tamanho para competir", diz Tomás Correia, diretor-executivo da Caixa Geral de Depósitos. Segundo ele, a CGD sempre soube que o tamanho do Bandeirantes não estava de acordo com o mercado brasileiro e que era necessário crescer.

De modo geral, a entrada dos estrangeiros no Brasil foi conturbada. Quase todos compraram instituições com sérios problemas financeiros que demandaram profunda reestruturação e pesada injeção de dinheiro. A única exceção foi o ABN-Amro, que adquiriu o Real. Mas pagou alto. Mesmo o Sudameris, que está no Brasil há 90 anos, envolveu-se na polêmica aquisição do América do Sul, um banco quebrado.

Para o consultor Carlos Coradi, da EFC, a tônica das recentes aquisições dos estrangeiros foi não saber exatamente onde estavam pisando. "Eles subestimaram os problemas que iriam encontrar. Agora é que as instituições de fora estão se acertando. "Em sua opinião, muitos balanços não refletiam a verdadeira situação das instituições e os compradores não puderam identificar a dimensão exata dos gastos que teriam de fazer.

Não bastasse isso, todo o dinheiro investido ainda não garantiu uma boa fatia de mercado a esses bancos estrangeiros. Os únicos que estão em uma posição mais confortável são o ABN e o Santander, que fez três aquisições para chegar onde está. Os dois ocupam a quarta e a quinta posição no ranking de bancos privados brasileiros.

Após a venda do Boavista, o lanterninha entre os estrangeiros passou a ser o também espanhol Bilbao Vizcaya. Depois de fazer um investimento de US$ 1,8 bilhão, o banco ocupa a 13ª posição no ranking e precisa crescer urgentemente.

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