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10/07/2000
-
04h22
WAYNE ANGELL,/b>, da Folha de S.Paulo
Com a eleição presidencial se aproximando, Alan Greenspan (presidente do Fed, o banco central norte-americano) deve estar preocupado em evitar a impressão de que a política monetária dos EUA se inclina em favor de qualquer um dos candidatos.
Política monetária, como ele compreende, é basicamente credibilidade. De fato, sua capacidade de persuadir o presidente Bill Clinton a dar carta branca ao Federal Reserve para a condução da política monetária do país foi um fator crucial na criação dessa nova e fabulosa era de ganhos na produtividade.
Clinton também compreende bem a importância da credibilidade. Ao anunciar com antecedência que Greenspan assumiria um quarto mandato à frente do Fed, até junho de 2004, ele pôs fim às suspeitas que poderiam envolver as decisões do banco central.
As expectativas inflacionárias teriam subido caso surgisse alguma indicação de que um novo mandato para Greenspan estava sendo retardado devido a considerações políticas.
Sucesso
Os aumentos nas taxas de juros decretados este ano tiveram pleno sucesso em corrigir a liquidez excessiva de 99.
Agora, no entanto, é hora de exibir coragem ainda maior. Isso significa dizer aos norte-americanos que a estabilidade de preços é uma questão de integridade tanto nos anos eleitorais quanto nos demais.
Durante o período que resta de campanha eleitoral, o Fed deveria se esquecer das questões relativas ao ritmo do crescimento econômico dos EUA. Em lugar disso, deveria se concentrar na situação da política monetária e determinar se ela está apertada o suficiente para que o dinheiro ganhe mais valor do que as principais commodities.
O desempenho dos EUA e a queda do desemprego produziram a mais longa expansão na história do país, criando um superávit orçamentário da ordem de US$ 250 bilhões. Greenspan compreende as dificuldades inerentes à previsão e ao planejamento do crescimento.
Mas não há melhor maneira de aumentar a probabilidade de que essa expansão continue por mais quatro anos, até a eleição de 2004, do que a concentração do Fed nas metas de estabilidade de preços.
Qualquer complacência em relação à inflação pode ser evitada desde que o Fed vise a uma redução permanente da inflação e monitore os preços.
Algumas pessoas podem defender a atenção do Fed à Bolsa de Nova York, sob a alegação de que parte da moderação nos gastos dos consumidores parece ter sido resultado do crescimento mais lento e de uma volatilidade nos preços das ações. Mas o Fed precisa entender que a inflação sempre teve um impacto adverso sobre avaliações de ações e que a febre consumista dos norte-americanos é ainda um dos maiores desafios a serem vencidos.
Os bancos centrais jamais tiveram sucesso em conduzir políticas monetárias baseadas nos preços das ações. Mas qualquer tentativa de fazê-lo pode causar sérios danos. Primeiro, o BC pode cometer um sério erro ao deixar de acompanhar sua única prioridade: preservar o valor do dinheiro por meio da estabilidade no nível de preços. Em segundo lugar, concentração nos preços das ações acarreta o inevitável risco de criar a impressão de que, se o BC se preocupa por eles estarem altos demais, é provável que se preocupe mais se caírem rapidamente.
Isso conduz a um risco moral. O desvio tomado pelo Fed rumo ao dinheiro fácil depois do "minicrash" de outubro de 87 ilustra esse ponto. O mercado de ações não é um alvo adequado para a política monetária.
O Fed deve se ater ao controle da quantidade de liquidez introduzida na economia até que o valor da moeda permaneça constante. Isso implica uma meta de inflação zero. Uma taxa de inflação de 2% ao ano significa que o dinheiro perde metade do seu valor em 35 anos. Em outras palavras, 2% de inflação anual representa um imposto sobre a transferência de patrimônio da ordem de 50%.
Podemos garantir que o crescimento seja ainda maior e que o desemprego caia ao nível mais eficiente possível, que pode ser em torno dos 3,5%.
O Fed esteve perto de cometer um erro em 99 devido à sua complacência em relação a uma taxa intrínseca de inflação de 2% e por sua preocupação quanto a uma possível queda do crescimento econômico.
A melhor proteção contra um erro inflacionário é lutar consistentemente por reduzir gradualmente a inflação a zero.
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Fed deve fixar inflação zero como meta
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Com a eleição presidencial se aproximando, Alan Greenspan (presidente do Fed, o banco central norte-americano) deve estar preocupado em evitar a impressão de que a política monetária dos EUA se inclina em favor de qualquer um dos candidatos.
Política monetária, como ele compreende, é basicamente credibilidade. De fato, sua capacidade de persuadir o presidente Bill Clinton a dar carta branca ao Federal Reserve para a condução da política monetária do país foi um fator crucial na criação dessa nova e fabulosa era de ganhos na produtividade.
Clinton também compreende bem a importância da credibilidade. Ao anunciar com antecedência que Greenspan assumiria um quarto mandato à frente do Fed, até junho de 2004, ele pôs fim às suspeitas que poderiam envolver as decisões do banco central.
As expectativas inflacionárias teriam subido caso surgisse alguma indicação de que um novo mandato para Greenspan estava sendo retardado devido a considerações políticas.
Sucesso
Os aumentos nas taxas de juros decretados este ano tiveram pleno sucesso em corrigir a liquidez excessiva de 99.
Agora, no entanto, é hora de exibir coragem ainda maior. Isso significa dizer aos norte-americanos que a estabilidade de preços é uma questão de integridade tanto nos anos eleitorais quanto nos demais.
Durante o período que resta de campanha eleitoral, o Fed deveria se esquecer das questões relativas ao ritmo do crescimento econômico dos EUA. Em lugar disso, deveria se concentrar na situação da política monetária e determinar se ela está apertada o suficiente para que o dinheiro ganhe mais valor do que as principais commodities.
O desempenho dos EUA e a queda do desemprego produziram a mais longa expansão na história do país, criando um superávit orçamentário da ordem de US$ 250 bilhões. Greenspan compreende as dificuldades inerentes à previsão e ao planejamento do crescimento.
Mas não há melhor maneira de aumentar a probabilidade de que essa expansão continue por mais quatro anos, até a eleição de 2004, do que a concentração do Fed nas metas de estabilidade de preços.
Qualquer complacência em relação à inflação pode ser evitada desde que o Fed vise a uma redução permanente da inflação e monitore os preços.
Algumas pessoas podem defender a atenção do Fed à Bolsa de Nova York, sob a alegação de que parte da moderação nos gastos dos consumidores parece ter sido resultado do crescimento mais lento e de uma volatilidade nos preços das ações. Mas o Fed precisa entender que a inflação sempre teve um impacto adverso sobre avaliações de ações e que a febre consumista dos norte-americanos é ainda um dos maiores desafios a serem vencidos.
Os bancos centrais jamais tiveram sucesso em conduzir políticas monetárias baseadas nos preços das ações. Mas qualquer tentativa de fazê-lo pode causar sérios danos. Primeiro, o BC pode cometer um sério erro ao deixar de acompanhar sua única prioridade: preservar o valor do dinheiro por meio da estabilidade no nível de preços. Em segundo lugar, concentração nos preços das ações acarreta o inevitável risco de criar a impressão de que, se o BC se preocupa por eles estarem altos demais, é provável que se preocupe mais se caírem rapidamente.
Isso conduz a um risco moral. O desvio tomado pelo Fed rumo ao dinheiro fácil depois do "minicrash" de outubro de 87 ilustra esse ponto. O mercado de ações não é um alvo adequado para a política monetária.
O Fed deve se ater ao controle da quantidade de liquidez introduzida na economia até que o valor da moeda permaneça constante. Isso implica uma meta de inflação zero. Uma taxa de inflação de 2% ao ano significa que o dinheiro perde metade do seu valor em 35 anos. Em outras palavras, 2% de inflação anual representa um imposto sobre a transferência de patrimônio da ordem de 50%.
Podemos garantir que o crescimento seja ainda maior e que o desemprego caia ao nível mais eficiente possível, que pode ser em torno dos 3,5%.
O Fed esteve perto de cometer um erro em 99 devido à sua complacência em relação a uma taxa intrínseca de inflação de 2% e por sua preocupação quanto a uma possível queda do crescimento econômico.
A melhor proteção contra um erro inflacionário é lutar consistentemente por reduzir gradualmente a inflação a zero.
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