Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/12/2000 - 09h40

BNDES recebe pedidos de empréstimos de R$ 39 bi para 2001

Publicidade

ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo

A demanda por empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para 2001 é de R$ 39 bilhões. Os pedidos superam em 62,5% os financiamentos aprovados neste ano, de R$ 24 bilhões.

O orçamento para 2001 deve ser definido na próxima semana, informou ontem o presidente da instituição, Francisco Gros. Ele não deverá atingir os R$ 39 bilhões pleiteados pelas empresas, mas crescerá pelo menos 30% em relação ao atual.

O orçamento do BNDES neste ano já foi 26,3% maior do que o do ano passado (R$ 19 bilhões). Para Gros, o ritmo de crescimento da demanda por financiamentos do banco indica uma expansão vigorosa da atividade econômica.

Segundo a diretoria do BNDES, 60% dos recursos usados para os empréstimos deste ano foram retornos de empréstimos anteriores; 15% vieram do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e os 25% restantes foram captados no exterior. O banco registrou, em 2000, a menor taxa de inadimplência de sua de história: 1%. São considerados inadimplentes os devedores com atraso de pagamento superior a 30 dias.

Segundo Francisco Gros, a explosão da demanda por empréstimos é reflexo da abertura econômica: ''O Brasil era uma economia fechada e suas empresas tinham a escala daquela economia''. Para ele, o banco deve apoiar as empresas nacionais que estejam em setores competitivos a se tornarem globais.

Questionado se o BNDES tem por política privilegiar as empresas nacionais, ele disse que não as privilegia, mas torce por elas. ''As empresas estrangeiras não precisam de capital nacional'', acrescentou.

Causou surpresa ao presidente do BNDES a declaração do empresário Emílio Odebrecht, presidente do grupo Odebrecht, de que a Copesul (Companhia Petroquímica do Sul) pretende disputar o novo leilão da Copene. A informação foi publicada ontem pelo jornal ''Valor''.

O primeiro leilão de venda da Copene, realizado no último dia 14, fracassou porque o único comprador, o grupo Ultra, ofereceu um preço considerado baixo pelos vendedores.

O grupo Ultra foi apoiado pelo BNDES e ofereceu US$ 822 milhões pela Copene.

Francisco Gros disse que, alguns meses antes do leilão, a Copesul apresentou um projeto de reestruturação do setor petroquímico que não embutia investimentos no pólo do Nordeste.

''Nossa lógica é apoiar investimentos e não era essa a prioridade deles. Eu não estava na presidência do BNDES na ocasião, mas eles apresentaram o projeto ao ministro (Alcides Tápias, do Desenvolvimento, ao qual o banco está subordinado). A prioridade deles é o Sul'', afirmou Gros.

Para Gros, o interesse da Copesul pela Copene pode estar ligado à concentração de mercado: ''Às vezes você compra um ativo para não ter um concorrente incômodo, para ter 80% de algumas linhas de petroquímicos no país. Nossa avaliação era de que iria concentrar o mercado'', acrescentou. Ele disse que o banco colocou sua posição ''com muita clareza'' ao empresário Emílio Odebrecht e ele teria afirmado que não tinha interesse pelo pólo do Nordeste.

''Se ele mudou de ideia, é um direito dele. (...) Nós continuamos apoiando o grupo Ultra até quando eles pretenderem comprar.''

A Odebrecht, na realidade, nunca se conformou com a idéia de colocar seu pedaço da Copene à venda. Só fez isso porque foi pressionada pelo governo.

O grupo baiano até tentou fazer com que a Copesul participasse do leilão do último dia 14, mas não conseguiu convencer a grupo Ipiranga, seu sócio na companhia, a endossar a decisão. A estratégia da

Odebrecht agora é comprar a parte da Ipiranga na Copesul e usar a companhia para tentar o controle da Copene num próximo leilão.

(Colaborou David Friedlander)
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página