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26/12/2000
-
08h40
FELIPE PATURY
da Folha de S.Paulo
O grupo Odebrecht voltou à disputa pela Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste). Surpreendentemente, foi trazido para o páreo por uma ala do governo. Depois do fracassado leilão do último dia 14, o grupo converteu-se na esperança do Banco Central para desencalhar a Copene.
A decisão de convocar a Odebrecht não é unânime em Brasília e pode provocar um racha no governo. Há um ano, o BNDES faz de tudo para afastar o grupo Odebrecht da Copene, empresa que domina o pólo de Camaçari.
Na última sexta-feira, o presidente do banco, Francisco Gros, se disse surpreso com a intenção do empresário Emílio Odebrecht de retornar à disputa da petroquímica. O grupo quer entrar na corrida a bordo da Copesul (Companhia Petroquímica do Sul), cujo controle divide com o Ipiranga.
O BNDES acredita que a Copesul relegaria os investimentos na Copene a segundo plano, privilegiando suas indústrias no sul do país. Por isso, negou financiamento à Copesul para a compra da Copene.
O endividamento do grupo Odebrecht, que tem um passivo de US$ 800 milhões, também contou para que o BNDES rejeitasse seus pleitos. Desde então, o banco estatal apóia o grupo Ultra, com o qual tem uma empresa criada só para comprar a Copene.
A defesa do Ultra reuniu no mesmo campo tradicionais adversários. Até o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), aliou-se a Paulo Cunha, que, por sua vez, é amigo do ministro da Saúde, José Serra. ACM temia que a Copesul relegasse a Copene a segundo plano.
Único a participar do leilão do dia 14, o Ultra ofereceu pela Copene um lance mais de 20% inferior ao preço mínimo. Desde então, os sócios da Copene, entre os quais o BC, passaram a procurar uma saída para o impasse.
A estratégia é convencer a Copesul e a americana Dow Química a participar de um novo leilão, que deve ser realizado em março. A Folha apurou que os dois serão procurados por bancos de investimentos contratados pelos donos da Copene. Os executivos tentarão convencê-los a dar lances na próxima vez.
O BC está certo de que só a presença de um candidato que concorra com o Ultra pode garantir o sucesso do leilão. Esperava que, no leilão do dia 14, a Dow fizesse esse papel. A empresa americana, no entanto, desistiu um dia antes de fazer seu lance. As esperanças, agora, recaem sobre a Copesul.
O BC acredita que é pouco provável que a alemã Basf, sempre apontada como uma eventual candidata à compra da Copene, entre na disputa. Na opinião do BC, os argentinos da Perez Companc, que desistiram da petroquímica há duas semanas, também não devem mudar de idéia.
No final de janeiro, o BC também passará a analisar a possibilidade de vender a Copene sem recorrer a um leilão. A discussão já está instalada nos gabinetes de Brasília, mas não há consenso sobre a legalidade da proposta.
O BC está na Copene por causa do antigo banco Econômico, que faliu em 1995. O Econômico era sócio da companhia petroquímica e suas ações precisam ser vendidas pelo BC. O dinheiro arrecadado servirá para ajudar a pagar os papagaios do banco quebrado.
A legislação atual exige que a venda seja feita por meio de concorrência pública, mas alguns técnicos do BC defendem a dispensa do leilão com base em exemplos de liquidações bancárias recentes.
Odebrecht volta à disputa pela Copene
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da Folha de S.Paulo
O grupo Odebrecht voltou à disputa pela Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste). Surpreendentemente, foi trazido para o páreo por uma ala do governo. Depois do fracassado leilão do último dia 14, o grupo converteu-se na esperança do Banco Central para desencalhar a Copene.
A decisão de convocar a Odebrecht não é unânime em Brasília e pode provocar um racha no governo. Há um ano, o BNDES faz de tudo para afastar o grupo Odebrecht da Copene, empresa que domina o pólo de Camaçari.
Na última sexta-feira, o presidente do banco, Francisco Gros, se disse surpreso com a intenção do empresário Emílio Odebrecht de retornar à disputa da petroquímica. O grupo quer entrar na corrida a bordo da Copesul (Companhia Petroquímica do Sul), cujo controle divide com o Ipiranga.
O BNDES acredita que a Copesul relegaria os investimentos na Copene a segundo plano, privilegiando suas indústrias no sul do país. Por isso, negou financiamento à Copesul para a compra da Copene.
O endividamento do grupo Odebrecht, que tem um passivo de US$ 800 milhões, também contou para que o BNDES rejeitasse seus pleitos. Desde então, o banco estatal apóia o grupo Ultra, com o qual tem uma empresa criada só para comprar a Copene.
A defesa do Ultra reuniu no mesmo campo tradicionais adversários. Até o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), aliou-se a Paulo Cunha, que, por sua vez, é amigo do ministro da Saúde, José Serra. ACM temia que a Copesul relegasse a Copene a segundo plano.
Único a participar do leilão do dia 14, o Ultra ofereceu pela Copene um lance mais de 20% inferior ao preço mínimo. Desde então, os sócios da Copene, entre os quais o BC, passaram a procurar uma saída para o impasse.
A estratégia é convencer a Copesul e a americana Dow Química a participar de um novo leilão, que deve ser realizado em março. A Folha apurou que os dois serão procurados por bancos de investimentos contratados pelos donos da Copene. Os executivos tentarão convencê-los a dar lances na próxima vez.
O BC está certo de que só a presença de um candidato que concorra com o Ultra pode garantir o sucesso do leilão. Esperava que, no leilão do dia 14, a Dow fizesse esse papel. A empresa americana, no entanto, desistiu um dia antes de fazer seu lance. As esperanças, agora, recaem sobre a Copesul.
O BC acredita que é pouco provável que a alemã Basf, sempre apontada como uma eventual candidata à compra da Copene, entre na disputa. Na opinião do BC, os argentinos da Perez Companc, que desistiram da petroquímica há duas semanas, também não devem mudar de idéia.
No final de janeiro, o BC também passará a analisar a possibilidade de vender a Copene sem recorrer a um leilão. A discussão já está instalada nos gabinetes de Brasília, mas não há consenso sobre a legalidade da proposta.
O BC está na Copene por causa do antigo banco Econômico, que faliu em 1995. O Econômico era sócio da companhia petroquímica e suas ações precisam ser vendidas pelo BC. O dinheiro arrecadado servirá para ajudar a pagar os papagaios do banco quebrado.
A legislação atual exige que a venda seja feita por meio de concorrência pública, mas alguns técnicos do BC defendem a dispensa do leilão com base em exemplos de liquidações bancárias recentes.
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