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29/12/2000
-
11h22
DANIELA NAHASS
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Parlamentares da oposição e da base aliada pressionaram ontem o governo a voltar atrás na troca do nome da estatal brasileira do petróleo de Petrobras para PetroBrax.
A reação dos congressistas teve os seguintes argumentos: além de cara e sem uma justificativa forte, a mudança poderia abrir caminho à privatização da estatal.
Congressistas da Frente Parlamentar em Defesa do Brasil, que reúne 132 parlamentares nacionalistas de vários partidos, lideraram o protesto desde cedo.
Mesmo depois de anunciado o recuo do governo e de Henri Phillippe Reichstul, presidente da empresa, foi mantido o pedido para que o TCU (Tribunal de Contas da União) venha a fazer uma auditoria em todo o processo de modificação da marca, que já teria custado R$ 700 mil à empresa (valor cobrado pela empresa que criou a nova logomarca).
O assunto agitou o Congresso ontem. O único discurso em defesa da PetroBrax foi feito pelo deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ). Um caso isolado: o deputado, defensor da ecologia, é contra a associação do nome do país à exploração do petróleo. ''O Brasil é que deveria ter vergonha da Petrobras'', afirmou Gabeira.
"Imbecilidade"
No Senado, a reação foi tão forte que até o líder do governo, José Roberto Arruda (PSDB-DF), aderiu. Coube a ele anunciar antecipadamente no plenário que Reichstul recuaria.
"Essa decisão foi uma imbecilidade. Liguei pessoalmente para o presidente da Petrobras e, como líder do governo, disse que a medida é indefensável e sem explicação. Disse que o mais sensato seria recuar", disse Arruda.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) conseguiu a assinatura de todos os senadores presentes à sessão para um requerimento cobrando explicações do ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, sobre a troca do nome da Petrobras e o detalhamento dos gastos com a mudança.
Nessa altura, os parlamentares nacionalistas já haviam anunciado que entrariam com uma ação popular pedindo a suspensão da mudança do nome da empresa, além de elaborar um projeto de decreto legislativo para evitar a troca.
Protesto
A frente havia marcado para o dia 8 de janeiro um ato de protesto em frente à sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, e já havia convocado Reichstul para depor na Comissão de Energia na primeira semana da convocação extraordinária do Congresso. Essas iniciativas foram suspensas ontem à noite.
Além disso, foi divulgada uma nota da frente contestando os argumentos utilizados pela direção da empresa para mudar o nome para PetroBrax.
"A mudança do nome da Petrobras é uma bofetada na auto-estima da nação", diz a nota.
Para os deputados e senadores da frente, a troca do nome poderia facilitar a privatização da Petrobras. "A Petrobras pode ser amesquinhada, pode diminuir a sua atividade e as ações do governo podem ser vendidas. Ela pode ser privatizada indiretamente se passarem as atividades da empresa para as multinacionais", disse o líder do grupo, deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ).
Reichstux
A frente atribuiu a responsabilidade pela troca do nome aos membros da comissão de administração da Petrobras, ao ministro Rodolpho Tourinho e ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
"A decisão da comissão foi levada ao presidente, que aprovou a mudança", disse Barbosa. No plenário do Senado, vários senadores se revezaram para condenar a mudança anunciada anteontem. "A troca é uma falta de respeito com o país", disse Pedro Simon (PMDB-RS).
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) disse que "ou a decisão foi a mais importante do século na área do petróleo, e nós não temos inteligência para compreendê-la, ou foi a mais imbecil, com motivos ocultos que devem ser investigados".
Já o senador Roberto Requião classificou a troca de nome da Petrobras como uma "grande malandragem" e sugeriu a troca do nome do presidente da empresa de Reichstul para Reichstux.
Colaborou Raquel Ulhôa, de Brasília
PetroBrax foi imbecilidade, diz líder tucano
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Parlamentares da oposição e da base aliada pressionaram ontem o governo a voltar atrás na troca do nome da estatal brasileira do petróleo de Petrobras para PetroBrax.
A reação dos congressistas teve os seguintes argumentos: além de cara e sem uma justificativa forte, a mudança poderia abrir caminho à privatização da estatal.
Congressistas da Frente Parlamentar em Defesa do Brasil, que reúne 132 parlamentares nacionalistas de vários partidos, lideraram o protesto desde cedo.
Mesmo depois de anunciado o recuo do governo e de Henri Phillippe Reichstul, presidente da empresa, foi mantido o pedido para que o TCU (Tribunal de Contas da União) venha a fazer uma auditoria em todo o processo de modificação da marca, que já teria custado R$ 700 mil à empresa (valor cobrado pela empresa que criou a nova logomarca).
O assunto agitou o Congresso ontem. O único discurso em defesa da PetroBrax foi feito pelo deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ). Um caso isolado: o deputado, defensor da ecologia, é contra a associação do nome do país à exploração do petróleo. ''O Brasil é que deveria ter vergonha da Petrobras'', afirmou Gabeira.
"Imbecilidade"
No Senado, a reação foi tão forte que até o líder do governo, José Roberto Arruda (PSDB-DF), aderiu. Coube a ele anunciar antecipadamente no plenário que Reichstul recuaria.
"Essa decisão foi uma imbecilidade. Liguei pessoalmente para o presidente da Petrobras e, como líder do governo, disse que a medida é indefensável e sem explicação. Disse que o mais sensato seria recuar", disse Arruda.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) conseguiu a assinatura de todos os senadores presentes à sessão para um requerimento cobrando explicações do ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, sobre a troca do nome da Petrobras e o detalhamento dos gastos com a mudança.
Nessa altura, os parlamentares nacionalistas já haviam anunciado que entrariam com uma ação popular pedindo a suspensão da mudança do nome da empresa, além de elaborar um projeto de decreto legislativo para evitar a troca.
Protesto
A frente havia marcado para o dia 8 de janeiro um ato de protesto em frente à sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, e já havia convocado Reichstul para depor na Comissão de Energia na primeira semana da convocação extraordinária do Congresso. Essas iniciativas foram suspensas ontem à noite.
Além disso, foi divulgada uma nota da frente contestando os argumentos utilizados pela direção da empresa para mudar o nome para PetroBrax.
"A mudança do nome da Petrobras é uma bofetada na auto-estima da nação", diz a nota.
Para os deputados e senadores da frente, a troca do nome poderia facilitar a privatização da Petrobras. "A Petrobras pode ser amesquinhada, pode diminuir a sua atividade e as ações do governo podem ser vendidas. Ela pode ser privatizada indiretamente se passarem as atividades da empresa para as multinacionais", disse o líder do grupo, deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ).
Reichstux
A frente atribuiu a responsabilidade pela troca do nome aos membros da comissão de administração da Petrobras, ao ministro Rodolpho Tourinho e ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
"A decisão da comissão foi levada ao presidente, que aprovou a mudança", disse Barbosa. No plenário do Senado, vários senadores se revezaram para condenar a mudança anunciada anteontem. "A troca é uma falta de respeito com o país", disse Pedro Simon (PMDB-RS).
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) disse que "ou a decisão foi a mais importante do século na área do petróleo, e nós não temos inteligência para compreendê-la, ou foi a mais imbecil, com motivos ocultos que devem ser investigados".
Já o senador Roberto Requião classificou a troca de nome da Petrobras como uma "grande malandragem" e sugeriu a troca do nome do presidente da empresa de Reichstul para Reichstux.
Colaborou Raquel Ulhôa, de Brasília
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