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04/01/2001 - 10h31

Banespa e Nossa Caixa travam guerra comercial

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FELIPE PATURY
da Folha de S. Paulo

O Banespa prepara-se para uma guerra comercial com a Nossa Caixa, Nosso Banco. Apenas um mês depois de comprar o Banespa, os espanhóis do Santander montam estratégias para enfrentar o desmonte da estrutura estatal que dava suporte ao banco.

Nos últimos 10 dias do ano, o Banespa recebeu dois duros golpes. O Conselho Superior da Magistratura determinou que os depósitos judiciais fossem transferidos para a Nossa Caixa. Por causa disso, o Banespa perderá um estoque
de R$ 2,8 bilhões até junho.

O segundo golpe veio no fim do ano. Uma resolução do secretário de Fazenda, Yoshiaki Nakano, obrigou as estatais a transferir as contas salário de seus 59 mil funcionários para a Nossa Caixa.

Os novos dirigentes do Banespa reconhecem que perderam fatias importantes de mercado, mas afirmam que as medidas já eram esperadas. Segundo eles, o Santander já tinha até descontado essas perdas no cálculo dos R$ 7,05 bilhões pagos pelo Banespa.

Os executivos preparam um pacote de produtos para enfrentar a Nossa Caixa. O Banespa decidiu não fechar as contas salários dos funcionários das estatais e deverá oferecer serviços para mantê-los vinculados à instituição.

Os espanhóis apostam na capacidade de resposta da rede de atendimento do Banespa. Para eles, o sinal de que evitar perdas está na venda de previdência privada em dezembro. O banco vendeu em dezembro mais do que o dobro da meta.

O pacote do Banespa será uma resposta ao lançado pela Nossa Caixa para atrair os funcionários da administração direta de São Paulo. O governo se comprometeu a manter suas contas salários no Banespa até 2007, mas eles podem optar por receber o pagamento na Nossa Caixa.

Os carros chefes do pacote da Nossa Caixa são cheque especial para todos os funcionários, abatimento de 5% das dívidas transferidas do Banespa e isenção de tarifas bancárias por seis meses.

A Nossa Caixa contará ainda com outras vantagens competitivas ganhas por ser um banco oficial. Ao escolher a Nossa Caixa para receber os depósitos judiciais, a Justiça determinou também que todos os postos de atendimento que o Banespa mantinha nos seus prédios sejam devolvidos até 16 de janeiro.

A medida, publicada no Diário Oficial de 26 de dezembro, estipula ainda que os espaços ocupados pelos postos do Banespa sejam entregues à Nossa Caixa. "Isso era previsível que fosse acontecer. A lei prevê que os depósitos devem ser feitos em bancos oficiais'', diz o jurista Ary Oswaldo Mattos Filho, que auxiliou o governo paulista na privatização do Banespa.

Na mesma época, a Nossa Caixa já deverá estar recebendo quase todos os RÏ 260 milhões mensais de salários dos funcionários das 18 empresas estatais paulistas.

Na última semana, o banco estadual começou a negociar com as estatais a transferência das contas salários. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) estarão entre as primeiras a transferir suas folhas de pagamento.

"O Banespa não vai viver da expectativa de ter o estado como grande cliente. Isso não é crucial para quem vai disputar espaço com o Bradesco e Itaú'', analisa José Aníbal, secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo.

Na sua edição de ontem, o "Wall Street Journal'' informou que a Merrill Lynch, que auxiliou o Santander na compra do Banespa, abdicou do pagamento pelo serviço. O Santander pagou mais de três vezes mais do que o segundo colocado no leilão. Procuradas pelas Folha de S.Paulo, as duas instituições preferiram não se manifestar.
 

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