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07/01/2001 - 09h29

"Aeropovo" quer decolar com meia tarifa aérea

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ADRIANA MATTOS
RICARDO GRINBAUM
da Folha de S. Paulo

Vai começar a revoada oficial das "aeropovo" no Brasil. Trata-se de empresas que pretendem ganhar o mercado até agora fechado das grandes companhias aéreas por meio da oferta de passagens muito baratas.

Gol e Nacional dizem que podem oferecer preços melhores do que os da Varig, Vasp, Transbrasil, TAM ou Rio Sul porque têm custos baixos e são menos endividadas. As novatas querem repetir no Brasil a experiência de sucesso de companhias barateiras nos EUA e na Europa, conhecidas como "people's airlines".

Seu desafio é convencer os clientes de que com tarifas baixas os clientes vão perder apenas "lasanhas requentadas" no jantar dos vôos -as viagens seriam seguras e não mais impontuais que as das demais companhias.

"Um quarto do faturamento das companhias aéreas tradicionais vai para o pagamento de dívidas, mas nós começamos do zero", diz David Barioni Neto, ex-diretor da Vasp e vice-presidente técnico da Gol, que faz seu vôo inaugural no dia 15 deste mês.

Como promoção de largada, a Gol oferece bilhetes como o de São Paulo para Belo Horizonte por R$ 129 -R$ 259 pela Varig (só ida). A Nacional quer ser tão popular que parcela o bilhete em 12 meses e aceita cheques pré-datados na compra de passagens de São Paulo para o Nordeste.

"Essa é uma notícia dos sonhos. Além de as empresas de transporte regular não darem conta do crescimento do turismo, as novas companhias trazem mais concorrência ao mercado", diz Caio Carvalho, presidente da Embratur.

As companhias tradicionais não anunciaram se vão dar descontos para enfrentar a concorrência. Segundo a Folha apurou, empresas estudam entrar na Justiça para impedir que a Gol e a Nacional usem aeroportos centrais como o de Congonhas, em São Paulo.

Outras 20 companhias foram criadas nos últimos três anos para tentar ganhar os passageiros usando o mesmo apelo: bilhetes aéreos com tarifas mais atraentes.

São as chamadas "charteiras", que trabalham por fretamento, principalmente em pacotes turísticos que incluem hotel e traslado. Nesse tipo de vôo, o passageiro compra um bilhete com desconto, mas perde a passagem se chegar atrasado ao aeroporto ou precisar mudar o dia da viagem.

Grifes tradicionais como TAM ou Rio Sul também atuam como "charteiras" além de sua atividade em linhas regulares. Mas nomes desconhecidos como Fly, Brasil Rodoaéreo (BRA) e Via Brasil estão surgindo no balcão de check-in dos vôos fretados.

Um vôo "charter" entre o Rio e São Paulo pela Fly sai por R$ 49, enquanto um bilhete em vôo regular pela TAM ou pela Varig custa R$ 208. A Fly começou a voar em 1998 transportando 2.000 passageiros por mês. Hoje, atende 21 mil pessoas a cada mês e já está com todos os assentos reservados em seus vôos deste mês.

O próximo passo é deixar de ser apenas "charteira". A Fly pediu licença ao DAC para se tornar uma companhia de vôos regulares.

"Começamos devagar e chegamos aqui daquele jeitinho: na base do namoro, da paquera", diz Ricardo Burger, um dos donos da empresa. Seu pai, Sérgio Burger, foi piloto da FAB (Força Aérea Brasileira) e diretor do DAC.

Em geral, as companhias vêm de grupos com muito dinheiro em caixa. São empresas que decidiram diversificar suas atividades num filão novo, pouco explorado. Acreditam que o brasileiro vai trocar o ônibus pelo avião nas viagens de longa distância.

A Nacional é do grupo de Aramis Maia, sobrinho de Tião Maia, grande pecuarista brasileiro que toca seus negócios na Austrália. Já a Gol pertence ao grupo Áurea, do "seo" Nenê Constantino, dono de uma das principais companhias de ônibus do país, com faturamento de R$ 1 bilhão por ano.

Mas o principal desafio dessas novas companhias não é financeiro. Elas precisam ganhar a confiança do consumidor e provar que são tão -ou mais- seguras do que as empresas tradicionais.

As novas companhias trabalham, em geral, com mecânicos próprios para a manutenção diária das aeronaves e têm acordos com empresas tradicionais para as revisões preventivas. "Somos submetidos a controles mais rigorosos do que outras companhias porque temos auditoria até das empresas que arrendam os aviões", argumenta Júlio Perotti, diretor-executivo da Nacional.
 

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