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08/01/2001
-
10h36
PAULO HENRIQUE DE SOUSA
do FolhaInvest
da Folha de S. Paulo
Os acionistas minoritários do Banespa começam o ano em um dilema: vender ou não vender as ações ao preço de R$ 95 por lote de mil, proposto pelo Santander, no dia 28 de dezembro passado. A maioria dos analistas e alguns investidores consultados pela Folha consideram razoável -e até boa- a oferta do Santander.
A operação ainda terá de ser aprovada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Só depois é que começa o prazo para a venda das ações.
Em comparação com a cotação das ações no final do ano passado (R$ 60), antes do anúncio da recompra, o ágio seria de 58%.
"Como oferta voluntária é interessante'', diz o presidente da Animec (Associação Nacional dos Investidores do Mercado de Capitais), Waldir Corrêa.
Por outro lado, o Santander está oferecendo aos minoritários apenas 15% do que pagou pelo bloco de controle do Banespa -R$ 627,67 por lote de mil ações, em novembro do ano passado. Os R$ 95 que o banco espanhol está oferecendo são inferiores até mesmo ao preço mínimo fixado pelo governo para a privatização do Banespa, de R$ 164,71.
"Esse valor é ridículo'', protesta o empresário Francisco Carlos Mistreta Consolini. Ele diz que não vai vender as ações que tem até que a Cabesp (Caixa de Assistência Médica dos Funcionários do Banespa) decida se vai aderir ou não à proposta do Santander.
Como a Cabesp é o maior acionista minoritário do Banespa, com 15,5% das ações ordinárias, a posição da entidade poderá ser decisiva para o fechamento ou não do capital. O Santander precisa comprar dois terços das ações em circulação para fechar o capital.
O diretor administrativo da entidade, Antônio Carlos Conquista, diz que a Cabesp vai ser a "fiel da balança''. "Não é uma decisão fácil'', complementa o diretor financeiro, Paulo Salvador.
Uma das queixas dos acionistas é a de que a proposta do Santander é inferior até ao valor patrimonial das ações do Banespa, que era de R$ 128 no balanço de setembro de 2000.
Mas o analista da Corretora Sudameris José Francisco Cataldo observa que esse já não é mais o valor patrimonial das ações do banco. Os ajustes feitos pelo Santander reduziram o patrimônio do banco paulista de R$ 4,796 bilhões para R$ 2 bilhões.
Cataldo calcula que o valor patrimonial das ações caiu para R$ 56 por lote de mil. Esse valor é próximo ao da cotação dos papéis do Banespa, na Bolsa, no dia 20 de novembro de 2000, data do leilão de privatização do banco.
Trocando em miúdos, o Santander estaria oferecendo R$ 95 por ações que valem R$ 56 -um ganho de 69%.
Para o analista da corretora Planner Mauro Mazzaro, é difícil recomendar aos minoritários que não vendam as ações. Ele explica que a maioria dos investidores comprou as ações a um preço inferior a R$ 60. "O mercado não tem como não aceitar."
O maior risco de quem não aderir é ficar com uma ação sem liquidez. Mesmo que o Santander não feche o capital do Banespa, os papéis podem perder liquidez, o que prejudicaria a cotação.
Corrêa, da Animec, acrescenta, porém, que tem gente apostando na possibilidade de o Santander fazer uma oferta ainda maior, caso a adesão seja pequena.
Analistas aconselham venda de ações do Banespa
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do FolhaInvest
da Folha de S. Paulo
Os acionistas minoritários do Banespa começam o ano em um dilema: vender ou não vender as ações ao preço de R$ 95 por lote de mil, proposto pelo Santander, no dia 28 de dezembro passado. A maioria dos analistas e alguns investidores consultados pela Folha consideram razoável -e até boa- a oferta do Santander.
A operação ainda terá de ser aprovada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Só depois é que começa o prazo para a venda das ações.
Em comparação com a cotação das ações no final do ano passado (R$ 60), antes do anúncio da recompra, o ágio seria de 58%.
"Como oferta voluntária é interessante'', diz o presidente da Animec (Associação Nacional dos Investidores do Mercado de Capitais), Waldir Corrêa.
Por outro lado, o Santander está oferecendo aos minoritários apenas 15% do que pagou pelo bloco de controle do Banespa -R$ 627,67 por lote de mil ações, em novembro do ano passado. Os R$ 95 que o banco espanhol está oferecendo são inferiores até mesmo ao preço mínimo fixado pelo governo para a privatização do Banespa, de R$ 164,71.
"Esse valor é ridículo'', protesta o empresário Francisco Carlos Mistreta Consolini. Ele diz que não vai vender as ações que tem até que a Cabesp (Caixa de Assistência Médica dos Funcionários do Banespa) decida se vai aderir ou não à proposta do Santander.
Como a Cabesp é o maior acionista minoritário do Banespa, com 15,5% das ações ordinárias, a posição da entidade poderá ser decisiva para o fechamento ou não do capital. O Santander precisa comprar dois terços das ações em circulação para fechar o capital.
O diretor administrativo da entidade, Antônio Carlos Conquista, diz que a Cabesp vai ser a "fiel da balança''. "Não é uma decisão fácil'', complementa o diretor financeiro, Paulo Salvador.
Uma das queixas dos acionistas é a de que a proposta do Santander é inferior até ao valor patrimonial das ações do Banespa, que era de R$ 128 no balanço de setembro de 2000.
Mas o analista da Corretora Sudameris José Francisco Cataldo observa que esse já não é mais o valor patrimonial das ações do banco. Os ajustes feitos pelo Santander reduziram o patrimônio do banco paulista de R$ 4,796 bilhões para R$ 2 bilhões.
Cataldo calcula que o valor patrimonial das ações caiu para R$ 56 por lote de mil. Esse valor é próximo ao da cotação dos papéis do Banespa, na Bolsa, no dia 20 de novembro de 2000, data do leilão de privatização do banco.
Trocando em miúdos, o Santander estaria oferecendo R$ 95 por ações que valem R$ 56 -um ganho de 69%.
Para o analista da corretora Planner Mauro Mazzaro, é difícil recomendar aos minoritários que não vendam as ações. Ele explica que a maioria dos investidores comprou as ações a um preço inferior a R$ 60. "O mercado não tem como não aceitar."
O maior risco de quem não aderir é ficar com uma ação sem liquidez. Mesmo que o Santander não feche o capital do Banespa, os papéis podem perder liquidez, o que prejudicaria a cotação.
Corrêa, da Animec, acrescenta, porém, que tem gente apostando na possibilidade de o Santander fazer uma oferta ainda maior, caso a adesão seja pequena.
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