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17/01/2001 - 08h06

Preço da Gol não resiste, diz concorrência

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  • Gol estuda criar novas rotas para o NE

    RICARDO GRINBAUM, da Folha de S.Paulo

    A promessa da nova companhia aérea, Gol, de oferecer bilhetes com descontos de 50% tem vôo curto, segundo a concorrência. Diretores de empresas mais antigas no setor dizem que é inviável oferecer preços tão baixos por um longo período.

    De acordo com as planilhas de custos do SNEA (Sindicato Nacional de Empresas de Aviação), que representa as companhias tradicionais do setor, não é possível cortar gastos de maneira a reduzir o preço da tarifa pela metade.

    O SNEA afirma que mais de 70% do valor da tarifa aérea representa um custo praticamente fixo e semelhante para todas as empresas, no qual não há margem de manobra para cortes expressivos.

    Trata-se de gastos com salários, combustível, leasing (aluguel) dos aviões, tarifas de uso dos aeroportos e comissões por venda de passagens, isso sem contar outros custos como seguros, publicidade e aluguel de imóveis.

    "Tomara que essa nova empresa pare em pé, mas é impossível sustentar esses descontos por muito tempo", diz Ivo Alcaide, coordenador da
    comissão de assuntos econômicos do SNEA.

    Pelas contas de Rubel Thomas, diretor comercial internacional da TAM, pelo menos 51% do valor da tarifa é destinado exclusivamente a pagamento de combustível, leasing de aviões e salários.

    "Não é economicamente viável dar desconto de 50% ou 60% em todos os bilhetes aéreos e continuar pagando todas as contas em dia", diz Thomas.

    A Gol não só sustenta que sua política é viável como anunciou na segunda-
    feira que suas tarifas promocionais foram convertidas em permanentes. Só em casos extraordinários, como numa alta do combustível, é que a empresa vai rever sua política de preços.

    "Mesmo se houver alta do combustível, isso não significa que vamos deixar de dar os descontos sobre os preços da concorrência. Teremos de analisar caso a caso e é possível até que aumentemos o desconto", diz David Barioni Neto, vice-presidente da Gol.

    Barioni não revela os números que sustentam sua estratégia de descontos porque diz não querer entregar "segredos industriais" à concorrência.
    Mas o pulo do gato, diz ele, está no fato de a Gol ser uma empresa "enxuta", com poucos funcionários, e que fez bons acordos com os fornecedores.

    Uma das principais vantagens da Gol, diz Barioni, é trabalhar com uma média de 90 funcionários por avião contra um índice de 170 empregados por aeronave das outras companhias aéreas.

    Isso seria possível por causa do uso de tecnologias modernas, como programas de computadores que dispensam a emissão de bilhete aéreo, e por se trabalhar com apenas um tipo de avião.

    O SNEA discorda. Em primeiro lugar, diz Alcaide, as empresas tradicionais não trabalham com tanta gente. A Rio Sul opera com 80 funcionários por avião e a Vasp com 94. Além disso, não há como oferecer salários mais baixos do que os de mercado porque os acordos são regulados pelo sindicato da categoria.

    Os dados do DAC mostram que nos últimos seis anos, os salários responderam por 19% a 26% do valor das tarifas. Em 2000, esse gasto ficou entre 19% e 21%. "Não há como gastar menos do que isso", diz Alcaide.

    Outro item que pesa muito na composição da tarifa é a compra de combustível, que respondeu por aproximadamente 18% do valor do bilhete no ano passado. Novamente, o SNEA diz que não há como mexer nesse custo.

    A Gol diz que vai gastar pouco combustível porque sua frota é moderna e econômica. Alcaide argumenta que a TAM trabalha com aviões novos e que a Varig está renovando sua frota e nem por isso é possível baixar os custos no ritmo que sugere a Gol.

    Um terceiro item "imexível" seria o gasto de câmbio, em que estão incluídos o leasing dos aviões e o pagamento das peças. O câmbio responde por 20% dos gastos. "O preço do avião não muda", diz Alcaide. "Conseguimos bons acordos porque as empresas acreditam no nosso futuro", diz Barioni Neto.
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