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20/01/2001 - 09h00

Rock in Rio deve movimentar R$ 500 milhões

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Por um mundo melhor e também com muito dinheiro. A terceira edição do Rock in Rio, o maior evento musical do país, deverá movimentar cerca de R$ 500 milhões em sete dias de shows na capital carioca. O valor equivale ao faturamento da Gradiente em 99. Só os turistas deixarão no festival mais de R$ 300 milhões em estadia, passagens e alimentação, pelas contas da Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagem).

Mas quem assistiu aos shows, não se deu conta de outro "evento" que aconteceu atrás dos palcos: aquele que envolve disputas por patrocínio e direitos de transmissão, esbarra nas rixas pelo melhor espaço das empresas nos gramados e envolve milhões de reais. E dólares também.

Só a AOL, a maior patrocinadora do festival, colocou US$ 20 milhões na Cidade do Rock, como foi chamado o local onde aconteceram os shows. Incluindo o valor dispensado pela Coca-Cola, Schincariol, banco Itaú e outros patrocinadores, o valor chega a R$ 65 milhões, ou cerca de US$ 33 milhões gastos para que 1,4 milhão de pessoas - que devem circular pelo evento - vejam a marca ou compre algum produto.

A Coca-Cola está gastando R$ 15 milhões em ações de marketing neste mês em que o festival é a principal âncora. A empresa teria colocado R$ 3,5 milhões em investimentos só dentro do Rock in Rio como co-patrocinadora. Mais do que isso, seria loucura, avaliou a empresa. A Artplan, empresa organizadora do evento ao lado da AOL, até chegou a chamar a Coca-Cola para ser a principal patrocinadora.

Para outras companhias, como Brahma e Kaiser, fez proposta semelhante, mas para entrar como co-patrocinadoras, porém não houve acordo: ou a contraproposta das companhias não agradou pelo baixo valor ou os grupos não se interessaram pelo festival.

"Não fazia muito sentido sermos os cotistas maiores porque o investimento seria muito grande", diz Ricardo Fort, gerente da marca Coca-Cola. Como co-patrocinadora, a Coca paga 50% de sua cota de participação à AOL e 50% à Artplan, do empresário Roberto Medina, que organizou o evento. O mesmo fazem todas as patrocinadoras, informa a AOL.

Além dos R$ 65 milhões gasto pelos patrocinadores, ainda foram dispensados R$ 60 milhões na construção da Cidade do Rock. Ela foi montada para receber 1 milhão de pessoas, mas deve receber até amanhã 1,4 milhão. Esse número é 13 vezes maior que o total de visitantes que o Corcovado recebe, em média, em janeiro, o melhor mês em número de turistas no Rio de Janeiro.

Só com ingressos foram gastos cerca de R$ 43 milhões (estudantes, que são cerca de 25% do total, pagam meia-entrada).

Os gastos não param por aí. Os dois shoppings na Cidade do Rock, com 25 lojas, permaneceram lotados durante todos os dias. O Extra, rede de hipermercados do Pão de Açúcar, teve que escalar funcionários para organizar as filas que se formavam fora de sua loja de CDs. "Vendemos 20% mais do que nossa melhor loja, na Barra na Tijuca", disse Roberto Mariano, diretor de operações.

O Submarino, que só vende pela Internet, abriu uma loja não virtual só para o festival. Lá, não há mais CDs do Gun's and Roses: as 250 unidades foram vendidas. "Mas fomos para ter um ganho de imagem, principalmente", diz Luiz Elísio de Mello, diretor comercial e de marketing.

Na loja da Coca-Cola não há mais bandanas da marca, assim como shorts, copo de plástico e o urso polar de pelúcia, o animal de estimação da empresa. Dos 12 mil itens colocados nas prateleiras, 7 mil foram vendidos nos três primeiros dias do show. Restou 40% do estoque. "Cerca de 20 mil pessoas já passaram pela nossa loja", disse Ricardo Fort.

Essas empresas entraram como parceiras da AOL no festival sem precisar comprar cotas de participação. Mas, mesmo quem não era parceiro, acabou sentindo o reflexo do evento no caixa.

A Varig/Rio Sul registrou uma elevação de 20% na venda de passagens aéreas na ponte aérea Rio-São Paulo nos dias que antecederam o evento. A taxa de ocupação dos aviões, que nessa época atinge 74%, foi de 100% na maioria dos vôos que partiu do Rio na última segunda-feira, dia que os turistas voltaram para São Paulo. "Foi melhor que o reveillon", disse Edevaldo Chechetto, gerente de ponte aérea da empresa.
 

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