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19/03/2001 - 08h35

Fundos DI ganham dos prefixados no ano

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PAULO HENRIQUE DE SOUSA, da Folha de S.Paulo

Os analistas erraram. Pelo menos até agora, os juros de mercado, além de não terem caído como eles previam, acompanhando a Selic (taxa básica), subiram bastante a partir de meados de fevereiro. Resultado: os fundos de investimento prefixados, recomendados pelos analistas no começo do ano, estão com rentabilidade próxima à dos pós-fixados (DI).

A incógnita agora é se os esperados cortes na taxa básica ainda virão. Ou, ao contrário, se elas terão de subir para que o governo consiga cumprir as metas de inflação deste ano.

O site financeiro Agrif registra uma rentabilidade bruta média maior dos DI (2,53%) do que a dos fundos de renda fixa (2,48%), no ano, até o último dia 14.

O LabFin (Laboratório de Finanças da USP) também apurou vantagem dos DI. A média desses fundos, no ano, está em 1,994%, e a dos renda fixa, em 1,986% (a média do LabFin é líquida de Imposto de Renda, enquanto a do Agrif é bruta).

A alta dos juros desvaloriza as cotas dos fundos prefixados. A diretora regional do site Dinheironet, Elaine Restier, dá um exemplo para explicar o motivo da desvalorização de um papel prefixado: você aplica R$ 10 mil em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) que paga juros de 15% ao ano.

Supondo que os juros subam e os CDBs de mesmo prazo passem a pagar 16%. O CDB no qual você aplicou não terá comprador, pois está pagando um juro inferior ao restante do mercado. Assim, você só conseguirá se desfazer dele oferecendo um deságio. Isso resulta em uma perda de rentabilidade.
Isso vale para todos os papéis prefixados. Já as cotas dos fundos DI
ganham na mesma proporção da alta dos juros.

Uma fonte de um grande banco explica que os fundos prefixados estão irremediavelmente prejudicados neste mês de março. Para limitar as perdas a níveis razoáveis, os gestores acabam vendendo os papéis com desvalorização. Se ficarem com os papéis, correm o risco de, em poucos dias, acumularem prejuízo igual à rentabilidade estabelecida para o mês.
Isso alimenta ainda mais o "nervosismo" do mercado, pois passa a haver mais vendedores do que compradores.

Más notícias
"As expectativas se reverteram muito rapidamente", justifica o diretor de renda fixa do BNP Asset Management, Marcelo Sadi. No começo do ano, praticamente todos os analistas recomendavam os investimentos prefixados. Todos esperavam pela continuidade da queda dos juros básicos da economia - o que não ocorreu.

Pelo contrário. Os contratos futuros de juro com prazo de um ano subiram de 15,30%, em meados de fevereiro, para quase 18%, no final da semana passada. O gerente de renda fixa da LAM (Lloyds Asset Management), Érico Capelo, lembra que os mercados começaram a se deteriorar a partir da crise da Turquia. Mais recentemente, o agravamento do quadro econômico da Argentina e notícias de que grandes empresas americanas terão resultado bem abaixo do esperado colocaram mais lenha na fogueira.

O diretor do BNP explica que "a incerteza externa" é a causa de todo o rebuliço. "O mercado está dando sinais claros de crise financeira", alerta Sadi. Para ele, um acirramento da situação na Argentina poderia contagiar o Brasil, já que ambos são classificados sob o rótulo de países emergentes.

Incógnita
Mas os juros vão continuar subindo? Quem souber a resposta a essa pergunta pode ganhar muito dinheiro. Mas ela pode não estar ao alcance das bolas de cristal dos analistas.

Ninguém aposta em cortes de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Na quarta-feira, um dia depois da reunião do Fed (banco central dos Estados Unidos), o Copom decide se a Selic (taxa de juros básica) vai continuar ou não em 15,25% ao ano.

A discussão é sobre o possível aumento da inflação. Em tese, a alta do dólar pode provocar inflação, já que os produtos importados ficam mais caros, repercutindo em toda a cadeia produtiva e comprometendo a meta inflacionária de 4%. Os juros seriam a velha arma para conter os preços, limitando o consumo e estimulando a poupança.
 

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