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02/04/2001 - 09h27

Ganho de renda fixa empata com poupança

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SILVANA MAUTONE
da Folha de S.Paulo

Os fundos de renda fixa prefixados, que são aplicações de risco, empataram com a pacífica caderneta de poupança em março. Ambos rendiam, até o dia 28, 0,67%. A rentabilidade média desses fundos foi apurada pelo Labfin (Laboratório de Finanças da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP.

O estudo _que abrange ainda os fundos DI, de ações, derivativos e cambiais_ considera os ganhos líquidos do investidor, ou seja, já descontadas as taxas de administração e os impostos pagos no resgate. Foram analisados apenas fundos que aceitam aplicações de até R$ 50 mil, destinados à pessoa física.

Março foi marcado como o mês da virada. Após dois anos sem alta na taxa básica de juros, o Banco Central surpreendeu o mercado e aumentou a Selic (taxa básica de juros) em meio ponto percentual no último dia 21.

Como resultado, as cotas dos fundos de renda fixa foram puxadas para baixo. Na média, segundo o levantamento do Labfin, eles renderam 0,12 ponto percentual a menos do que os DI, que investem em títulos pós-fixados e que renderam 2,36%.

Já os fundos cambiais foram as grandes vedetes entre os investimentos tanto em março como no primeiro trimestre deste ano. Eles renderam 7,84% no ano e foram puxados pela alta do dólar.

Os fundos de ações seguiram a trajetória de queda que já havia marcado seu desempenho em fevereiro, depois de empolgarem no começo do ano. Em janeiro, a rentabilidade média bruta dos fundos de ações foi de 16,66%. Em fevereiro, com as turbulências motivadas principalmente pelo cenário externo, eles tinham registrado queda de 9,39% e praticamente repetiram o desempenho em março. Até o último dia 28, esses fundos acumulavam perda de 8,07%.

André Luiz Oda, supervisor do guia de fundos do Labfin, destaca ainda o impacto da alta de juros nos fundos derivativos, que em março registraram seu primeiro saldo negativo no ano: -0,27%.

Daqui para a frente, a pedra de toque na definição sobre onde colocar seu dinheiro será o rumo que a taxa de juros deverá tomar. Sobre isso, as opiniões divergem. Consultores de finanças pessoais, analistas de bancos, conceituados economistas e até fontes ligadas ao governo dizem acreditar que as taxas não voltarão a cair tão cedo. E apostam em novas altas da Selic.

O economista Paulo Yokota é taxativo. Na sua opinião, os juros vão continuar subindo porque o governo não terá outra alternativa para conter o déficit da balança comercial e nas contas correntes e ainda segurar a escalada do dólar.

Na dúvida, para quem não quer correr risco, alguns consultores financeiros são unânimes em recomendar a opção mais conservadora: os fundos DI, que investem em títulos pós-fixados e seguem a trajetória dos juros. 'Essa é a melhor alternativa para quem não tem 'estômago' para enfrentar volatilidades pontuais na taxa'', diz Fábio Colombo, presidente da consultoria financeira Money Maker Investment Advisory.

Outros consultores financeiros insistem na tese de que os juros voltarão a cair e não vêem motivos para o investidor que aplicou em fundos de renda fixa prefixada mudar de posição.

'Não adianta nada agora o investidor migrar para os fundos DI, porque as cotas dos fundos de renda fixa já foram reajustadas considerando a desvalorização que os títulos sofreram com a alta dos juros'', diz Mário Esteves, da Economy Consultoria Financeira.

Ele ressalta que o investidor deve lembrar que, ao transferir os recursos, vai pagar a alíquota da CPMF, que está em 0,38%. 'Dependendo da rentabilidade do fundo DI escolhido, o investidor pode levar mais de um mês só para recuperar o valor da CPMF.''

Para novas aplicações, Esteves afirma que, neste momento de indefinição, diversificar os investimentos é sempre uma alternativa recomendada. Ele sugere que o investidor divida as novas aplicações em renda fixa entre fundos DI e prefixados. 'Eu colocaria 50% dos recursos em cada um desses fundos'', diz.

Parte dos recursos também deve ser aplicada em renda variável. Nesse caso, os fundos cambiais seriam a recomendação, assim que baixar um pouco a poeira no mercado de câmbio."O ideal é ter pelo menos 20% dos recursos indexados ao dólar", diz.

Ele recomenda que o investidor acompanhe os dias de baixa da moeda e aproveite esses momentos para, pouco a pouco, ir entrando num desses fundos. Comprar diretamente dólar não é recomendável. 'Os fundos cambiais rendem mais, pois além da variação da moeda, pagam juros.''

Para quem tem apetite a pelo menos um pouco de risco e pode planejar seus investimentos por, no mínimo, um ano, Esteves vê oportunidades de ganhos futuros na renda fixa prefixada. Segundo ele, o investidor tem de olhar a renda fixa sob o mesmo prisma que as aplicações em Bolsa.

'Não adianta sair na baixa, caso contrário, terá prejuízo. Na renda fixa, o momento de baixa dos fundos é quando os juros sobem.''

A diretoria do BankBoston também faz a mesma recomendação. Ela considera que os prêmios que estão sendo pagos nesse mercado (diferença entre a Selic, que está em 15,75%, e os juros futuros embutidos nos papéis prefixados, que na sexta-feira fecharam em 19,6%) ainda é alto, o que oferece oportunidade de bons ganhos.

 

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