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05/04/2001
-
08h14
da Folha de S.Paulo
A Fazendas Reunidas Boi Gordo vai solicitar nos próximos dias à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), xerife do mercado de capitais, autorização para emitir contratos de investimento coletivo que contemplem toda a cadeia produtiva do boi -da cria ao abate.
Segundo o presidente da empresa, Paulo Roberto de Andrade, sua estratégia é atuar de ponta a ponta no setor para diminuir o impacto do ciclo de alta e baixa dos preços da arroba do boi gordo nos seus negócios e nos contratos de investimento coletivo.
Segundo ele, desde 1998, por determinação da CVM, a Boi Gordo ficou "confinada à engorda de bezerros," o que afetou os negócios. A empresa registra prejuízo operacional há três anos e descasamento entre o valor dos contratos emitidos e o do ativo em bois registrado nos seus balanços.
Segundo o advogado Ary Oswaldo Mattos Filho, consultor da empresa e ex-presidente da CVM, as normas contábeis às quais a Boi Gordo teve de se enquadrar, desde 1998, não conseguem refletir a realidade da empresa. "Precisamos encontrar uma maneira de retratar os ciclos do mercado pecuário nos balanços, de forma a que o investidor possa acompanhar melhor suas aplicações".
Um desses ciclos é o da safra e entressafra, segundo Amauri Zerillo, diretor superintendente da Boi Gordo. "O valor dos ativos em gado varia de acordo com o preço da carne. Quando tem seca, o preço da arroba sobe; quando vem a safra, o preço cai".
O professor de finanças da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP de Ribeirão Preto Alberto Borges Matias, sócio da consultoria Austin Asis, questiona o impacto das oscilações de preços da arroba nos balanços. "Dificilmente os balanços seriam sempre fechados em momentos em que o preço da arroba está baixo".
Outro ciclo, de longo prazo, também afetaria os negócios com engorda de bois. Segundo o agrônomo Cláudio Maluf Haddad, consultor da empresa, os preços da carne passam por um período de alta durante cerca de três anos, seguidos de outros três de queda.
Mas o agrônomo José Vicente Ferraz, diretor técnico da FNP Consultoria, diz que "nos últimos dois anos o preço da arroba tem oscilado pouco".
Além disso, segundo ele, o conceito de ciclo longo de alta e baixa de preços "foi uma ferramenta de análise do setor usada no passado, mas que não tem quase validade hoje".
O superintendente da CVM, Carlos Rebello, informou que, em princípio, o órgão não tem nada a opor. "Desde que a Boi Gordo cumpra as normas da CVM para o setor, poderá lastrear os contratos em vacas, bezerros ou bois".
Boi Gordo quer atuar da cria até a engorda
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A Fazendas Reunidas Boi Gordo vai solicitar nos próximos dias à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), xerife do mercado de capitais, autorização para emitir contratos de investimento coletivo que contemplem toda a cadeia produtiva do boi -da cria ao abate.
Segundo o presidente da empresa, Paulo Roberto de Andrade, sua estratégia é atuar de ponta a ponta no setor para diminuir o impacto do ciclo de alta e baixa dos preços da arroba do boi gordo nos seus negócios e nos contratos de investimento coletivo.
Segundo ele, desde 1998, por determinação da CVM, a Boi Gordo ficou "confinada à engorda de bezerros," o que afetou os negócios. A empresa registra prejuízo operacional há três anos e descasamento entre o valor dos contratos emitidos e o do ativo em bois registrado nos seus balanços.
Segundo o advogado Ary Oswaldo Mattos Filho, consultor da empresa e ex-presidente da CVM, as normas contábeis às quais a Boi Gordo teve de se enquadrar, desde 1998, não conseguem refletir a realidade da empresa. "Precisamos encontrar uma maneira de retratar os ciclos do mercado pecuário nos balanços, de forma a que o investidor possa acompanhar melhor suas aplicações".
Um desses ciclos é o da safra e entressafra, segundo Amauri Zerillo, diretor superintendente da Boi Gordo. "O valor dos ativos em gado varia de acordo com o preço da carne. Quando tem seca, o preço da arroba sobe; quando vem a safra, o preço cai".
O professor de finanças da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP de Ribeirão Preto Alberto Borges Matias, sócio da consultoria Austin Asis, questiona o impacto das oscilações de preços da arroba nos balanços. "Dificilmente os balanços seriam sempre fechados em momentos em que o preço da arroba está baixo".
Outro ciclo, de longo prazo, também afetaria os negócios com engorda de bois. Segundo o agrônomo Cláudio Maluf Haddad, consultor da empresa, os preços da carne passam por um período de alta durante cerca de três anos, seguidos de outros três de queda.
Mas o agrônomo José Vicente Ferraz, diretor técnico da FNP Consultoria, diz que "nos últimos dois anos o preço da arroba tem oscilado pouco".
Além disso, segundo ele, o conceito de ciclo longo de alta e baixa de preços "foi uma ferramenta de análise do setor usada no passado, mas que não tem quase validade hoje".
O superintendente da CVM, Carlos Rebello, informou que, em princípio, o órgão não tem nada a opor. "Desde que a Boi Gordo cumpra as normas da CVM para o setor, poderá lastrear os contratos em vacas, bezerros ou bois".
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