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09/04/2001
-
10h15
SANDRA BALBI
da Folha de S.Paulo
Quem pretende aplicar parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em ações de Furnas, no processo de privatização da empresa, vai ter de esperar, provavelmente, até o próximo governo.
Analistas de mercado que acompanham o setor de energia estão céticos quanto à viabilidade de a empresa ser privatizada no próximo ano, como prevê o calendário oficial. "Não há condições políticas nem tempo hábil para a privatização", observa Eduardo La Peña, analista do banco Santander. "E talvez ela nem ocorra."
Os gordos ganhos dos trabalhadores que investiram nos papéis ON da Petrobras em agosto passado animaram o mercado quanto ao uso do Fundo de Garantia na privatização de Furnas.
"Quem usou o FGTS para comprar ações da Petrobras se deu muito bem. No caso de Furnas é preciso que o governo defina as regras para o uso do fundo a fim de se avaliar se vale a pena ou não investir", diz Wagner Salaverry, analista da corretora Geração.
A única definição do CND (Conselho Nacional de Desenvolvimento), anunciada no final de março, é que poderão ser usados até 60% do saldo do FGTS na compra das ações de Furnas. O controle da empresa seria vendido no primeiro trimestre do ano que vem.
Mas o governo ainda precisa fazer a modelagem da privatização, que, em princípio, segundo o CND, contemplaria a pulverização das ações no mercado. A divulgação do modelo seria feita pelo presidente da República, a quem caberia buscar um consenso político em torno da questão.
"O problema é que não há tempo hábil para isso. Além do mais, será muito difícil estabelecer um consenso sobre a privatização em um ano eleitoral", diz Lúcio Aldworth, analista do banco Pactual.
Na semana passada, o caldo de cultura político engrossou. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou projeto que proíbe a privatização de companhias elétricas. "A base governista, com certeza, conseguirá derrubar a decisão da comissão", diz acreditar Aldworth.
Alguns analistas temem que, se a privatização de Furnas não ocorrer dentro do atual mandato presidencial, fique para as calendas. "A grande incógnita é quais serão as prioridades do próximo governo. A privatização pode nem estar entre elas", diz Aldworth.
Para La Peña, do Santander, por força das pressões políticas "a privatização poderá ser substituída pela colocação de apenas parte das ações de Furnas no mercado, como ocorreu com a Petrobras, sem perda de controle da empresa por parte do governo".
Os analistas argumentam que há muita gente contra a venda do controle da empresa: de diretores de Furnas até lideranças políticas do governo e de sua base de apoio.
Mauro Mazzaro, analista da Planner Corretora, também considera excesso de otimismo contar com a privatização de Furnas no início do próximo ano. Mas ele lembra que o governo tem uma necessidade de caixa que precisa ser coberta para fechar suas contas. "E a venda das ações da empresa entra nesse cálculo."
Na avaliação de Marcos Severine, analista da corretora Sudameris, a privatização de Furnas deve ser considerada em um horizonte de longo prazo. "Quando ocorrer, será uma excelente oportunidade de investimento", diz.
A empresa será separada da Eletrobrás e depois terá suas atividades de geração e transmissão divididas em duas empresas. Segundo Severine, a fração que será colocada à venda (52,45% do capital total) vale R$ 6,7 bilhões.
Ele avalia que o preço da colocação inicial das ações seria de R$ 6, considerando-se o patrimônio de Furnas e da holding Eletrobrás e a cotação atual dos papéis da holding. Pelos seus cálculos, o preço justo do papel seria R$ 26, com base no valor econômico da empresa. "Assim, o investidor teria uma margem grande de ganho, de R$ 6 até R$ 26", diz Severine.
Leia mais no especial sobre a Crise Energética
Compra de ações de Furnas com o FGTS deve demorar
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da Folha de S.Paulo
Quem pretende aplicar parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em ações de Furnas, no processo de privatização da empresa, vai ter de esperar, provavelmente, até o próximo governo.
Analistas de mercado que acompanham o setor de energia estão céticos quanto à viabilidade de a empresa ser privatizada no próximo ano, como prevê o calendário oficial. "Não há condições políticas nem tempo hábil para a privatização", observa Eduardo La Peña, analista do banco Santander. "E talvez ela nem ocorra."
Os gordos ganhos dos trabalhadores que investiram nos papéis ON da Petrobras em agosto passado animaram o mercado quanto ao uso do Fundo de Garantia na privatização de Furnas.
"Quem usou o FGTS para comprar ações da Petrobras se deu muito bem. No caso de Furnas é preciso que o governo defina as regras para o uso do fundo a fim de se avaliar se vale a pena ou não investir", diz Wagner Salaverry, analista da corretora Geração.
A única definição do CND (Conselho Nacional de Desenvolvimento), anunciada no final de março, é que poderão ser usados até 60% do saldo do FGTS na compra das ações de Furnas. O controle da empresa seria vendido no primeiro trimestre do ano que vem.
Mas o governo ainda precisa fazer a modelagem da privatização, que, em princípio, segundo o CND, contemplaria a pulverização das ações no mercado. A divulgação do modelo seria feita pelo presidente da República, a quem caberia buscar um consenso político em torno da questão.
"O problema é que não há tempo hábil para isso. Além do mais, será muito difícil estabelecer um consenso sobre a privatização em um ano eleitoral", diz Lúcio Aldworth, analista do banco Pactual.
Na semana passada, o caldo de cultura político engrossou. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou projeto que proíbe a privatização de companhias elétricas. "A base governista, com certeza, conseguirá derrubar a decisão da comissão", diz acreditar Aldworth.
Alguns analistas temem que, se a privatização de Furnas não ocorrer dentro do atual mandato presidencial, fique para as calendas. "A grande incógnita é quais serão as prioridades do próximo governo. A privatização pode nem estar entre elas", diz Aldworth.
Para La Peña, do Santander, por força das pressões políticas "a privatização poderá ser substituída pela colocação de apenas parte das ações de Furnas no mercado, como ocorreu com a Petrobras, sem perda de controle da empresa por parte do governo".
Os analistas argumentam que há muita gente contra a venda do controle da empresa: de diretores de Furnas até lideranças políticas do governo e de sua base de apoio.
Mauro Mazzaro, analista da Planner Corretora, também considera excesso de otimismo contar com a privatização de Furnas no início do próximo ano. Mas ele lembra que o governo tem uma necessidade de caixa que precisa ser coberta para fechar suas contas. "E a venda das ações da empresa entra nesse cálculo."
Na avaliação de Marcos Severine, analista da corretora Sudameris, a privatização de Furnas deve ser considerada em um horizonte de longo prazo. "Quando ocorrer, será uma excelente oportunidade de investimento", diz.
A empresa será separada da Eletrobrás e depois terá suas atividades de geração e transmissão divididas em duas empresas. Segundo Severine, a fração que será colocada à venda (52,45% do capital total) vale R$ 6,7 bilhões.
Ele avalia que o preço da colocação inicial das ações seria de R$ 6, considerando-se o patrimônio de Furnas e da holding Eletrobrás e a cotação atual dos papéis da holding. Pelos seus cálculos, o preço justo do papel seria R$ 26, com base no valor econômico da empresa. "Assim, o investidor teria uma margem grande de ganho, de R$ 6 até R$ 26", diz Severine.
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