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09/04/2001
-
09h27
JOSÉ ALAN DIAS
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Uma forte discussão entre o ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavalo, e o chanceler do Uruguai, Didier Operti, marcou anteontem a reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul que ratificou a decisão unilateral argentina de alterar tarifas alfandegárias do Mercosul.
Domingo Cavallo, chegou atrasado à reunião do CMC, segundo diplomatas que estiveram na reunião. No momento em que entrava na sala, Operti reclamava que a decisão unilateral da Argentina afetava diretamente seu país e que, sendo assim, os uruguaios teriam direito a um tratamento diferenciado -uma vez que o Uruguai também enfrenta dificuldades econômicas.
De acordo com diplomatas, se instalou uma discussão entre Cavallo e Operti, com o chanceler uruguaio afirmando que ''não poderia voltar para casa com um pedaço de papel (que não lhe favorecia)''. Cavallo argumentava que o próprio presidente do Uruguai, Jorge Battler, dera declarações favoráveis ao regime de exceção adotado pela Argentina.
Houve tentativas por parte do chanceler paraguaio, José Antonio Rufinelli, de contornar o entrevero com um pedido de intervalo. O chanceler brasileiro, Celso Lafer, por sua vez, afirmou que a reunião tratava diretamente do caso da Argentina e que o Uruguai poderia requerer o mesmo tratamento, mas somente na próxima reunião do CMC, em junho.
Cavallo, segundo pessoas presentes, deixou seu assento para conversar com Operti, mas o uruguaio se esquivou e saiu da sala. Fora a vez de o argentino perder o controle: retirou-se da reunião, alegando que tinha um encontro marcado com o primeiro-ministro da França, Lionel Jospin. Coube ao chanceler argentino, Adalberto Rodríguez Giavarini, o papel de substituí-lo e apresentar pedido de desculpas pela atitude do colega.
Ao ratificar a medida unilateral da Argentina de reduzir a zero alíquotas de importação de bens de capital e aumentar a de bens de consumo, o Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul impôs ao governo vizinho um artigo que, na prática, o impede de colocar barreiras às compras de bens de consumo do Brasil.
O artigo, que consta no documento assinado anteontem, prevê que ''eventuais medidas adicionais (alfandegárias) não devem implicar em restrições ao comércio intrazona'' -dentro do bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Em resumo, o que a decisão do Conselho Mercado Comum deve permitir que o Brasil compense as perdas das exportações de bens de capital com aumento das de bens de consumo ao país vizinho.
O regime de exceção para a Argentina terá como prazo 31 de dezembro de 2002.
Cavallo discute com uruguaio pelas tarifas do Mercosul
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da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Uma forte discussão entre o ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavalo, e o chanceler do Uruguai, Didier Operti, marcou anteontem a reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul que ratificou a decisão unilateral argentina de alterar tarifas alfandegárias do Mercosul.
Domingo Cavallo, chegou atrasado à reunião do CMC, segundo diplomatas que estiveram na reunião. No momento em que entrava na sala, Operti reclamava que a decisão unilateral da Argentina afetava diretamente seu país e que, sendo assim, os uruguaios teriam direito a um tratamento diferenciado -uma vez que o Uruguai também enfrenta dificuldades econômicas.
De acordo com diplomatas, se instalou uma discussão entre Cavallo e Operti, com o chanceler uruguaio afirmando que ''não poderia voltar para casa com um pedaço de papel (que não lhe favorecia)''. Cavallo argumentava que o próprio presidente do Uruguai, Jorge Battler, dera declarações favoráveis ao regime de exceção adotado pela Argentina.
Houve tentativas por parte do chanceler paraguaio, José Antonio Rufinelli, de contornar o entrevero com um pedido de intervalo. O chanceler brasileiro, Celso Lafer, por sua vez, afirmou que a reunião tratava diretamente do caso da Argentina e que o Uruguai poderia requerer o mesmo tratamento, mas somente na próxima reunião do CMC, em junho.
Cavallo, segundo pessoas presentes, deixou seu assento para conversar com Operti, mas o uruguaio se esquivou e saiu da sala. Fora a vez de o argentino perder o controle: retirou-se da reunião, alegando que tinha um encontro marcado com o primeiro-ministro da França, Lionel Jospin. Coube ao chanceler argentino, Adalberto Rodríguez Giavarini, o papel de substituí-lo e apresentar pedido de desculpas pela atitude do colega.
Ao ratificar a medida unilateral da Argentina de reduzir a zero alíquotas de importação de bens de capital e aumentar a de bens de consumo, o Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul impôs ao governo vizinho um artigo que, na prática, o impede de colocar barreiras às compras de bens de consumo do Brasil.
O artigo, que consta no documento assinado anteontem, prevê que ''eventuais medidas adicionais (alfandegárias) não devem implicar em restrições ao comércio intrazona'' -dentro do bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Em resumo, o que a decisão do Conselho Mercado Comum deve permitir que o Brasil compense as perdas das exportações de bens de capital com aumento das de bens de consumo ao país vizinho.
O regime de exceção para a Argentina terá como prazo 31 de dezembro de 2002.
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