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10/04/2001
-
08h12
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A disputa pela forma como será vendida Furnas colocou dois técnicos contra um político na reunião de ontem de FHC com sua equipe.
De um lado estavam o presidente do BNDES, Francisco Gros, e o ministro Alcides Tápias (Desenvolvimento). Ambos consideram mais apropriado manter a transmissão de energia nas mãos do Estado. Querem dividir a empresa e vender apenas a parte de geração. Eles argumentam que o governo obteria mais dinheiro com esse tipo de venda.
Na outra ponta está Luiz Carlos Santos, presidente de Furnas, que defende a venda total, sob o argumento de que seria economicamente ruim o governo ficar apenas com a parte da empresa que dá menos lucro -o grosso da receita está na venda da energia.
Durante a reunião com FHC, parte dos presentes não falou. Apenas assistiu ao duelo entre Gros e Luiz Carlos Santos. Ambos foram munidos para o encontro com propostas e estudos distribuídos aos presentes.
Gros foi auxiliado na sua exposição pelo diretor de Desestatização do BNDES, Eleazar de Carvalho Filho. Luiz Carlos Santos teve a ajuda do economista Paulo Roberto Lemos, coordenador do estudo que colocou a pulverização em pauta no ano passado.
O ministro Pedro Malan fez muitas anotações durante a reunião. Ao final, disse estar satisfeito com o nível das propostas apresentadas. Não foi definido exatamente quem levará ao presidente da República uma compilação do que foi discutido.
Ficou implícito que FHC passará a ouvir assessores da área política e econômica para formar uma opinião definitiva sobre o assunto nas próximas duas semanas. FHC tenta desde o ano passado reduzir as resistências à venda de Furnas, principalmente de políticos mineiros.
Primeiro, ele transferiu, no ano passado, a responsabilidade de vender a empresa do BNDES para o Ministério de Minas e Energia. Na época, FHC garantiu que haveria a privatização.
Como o processo não andou, o presidente resolveu devolver neste ano o comando da venda para o BNDES.
Além disso, também incluiu a privatização de Furnas na sua agenda para o biênio 2001/ 2002.
Embora tenha divulgado que a empresa será vendida até março do próximo ano, FHC ainda enfrenta dificuldades sobre como isso será feito. Há cerca de 15 dias ele recebeu um esboço do BNDES sobre a venda da empresa, mas não tomou nenhuma decisão.
O assunto voltou a ser analisado ontem, quando foi apresentado outro modelo -o de Luiz Carlos Santos.
Além disso, o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), defende uma maior discussão sobre o assunto no Congresso.
Sem desconto
Ontem, Tápias disse em São Paulo que a venda pulverizada das ações de Furnas Centrais Elétricas não deverá ter o desconto de 20% para quem usar o dinheiro do FGTS na compra, como ocorreu no caso das ações da Petrobras.
Segundo ele, o desconto não será oferecido porque as ações da geradora estatal já estão baratas. "Já vamos vender baratinho. A tendência é que as ações se valorizem", disse o ministro.
Ainda de acordo com o ministro, a venda de ações da geradora estatal de forma pulverizada exigirá que a empresa tenha uma gestão empresarial. "O profissional que for gerir a empresa tem de apresentar projetos que conquistem o grande público para as pessoas tomarem a iniciativa de comprar as ações", disse.
Essa declaração de Tápias é, de forma indireta, uma crítica ao atual presidente da empresa, um político nomeado por FHC. Luiz Carlos Santos ganhou o posto como consolação depois que perdeu a eleição para o cargo de vice-governador de São Paulo em 98, quando disputou na chapa de Paulo Maluf (PPB).
Gros e Tápias rejeitam venda total de Furnas
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A disputa pela forma como será vendida Furnas colocou dois técnicos contra um político na reunião de ontem de FHC com sua equipe.
De um lado estavam o presidente do BNDES, Francisco Gros, e o ministro Alcides Tápias (Desenvolvimento). Ambos consideram mais apropriado manter a transmissão de energia nas mãos do Estado. Querem dividir a empresa e vender apenas a parte de geração. Eles argumentam que o governo obteria mais dinheiro com esse tipo de venda.
Na outra ponta está Luiz Carlos Santos, presidente de Furnas, que defende a venda total, sob o argumento de que seria economicamente ruim o governo ficar apenas com a parte da empresa que dá menos lucro -o grosso da receita está na venda da energia.
Durante a reunião com FHC, parte dos presentes não falou. Apenas assistiu ao duelo entre Gros e Luiz Carlos Santos. Ambos foram munidos para o encontro com propostas e estudos distribuídos aos presentes.
Gros foi auxiliado na sua exposição pelo diretor de Desestatização do BNDES, Eleazar de Carvalho Filho. Luiz Carlos Santos teve a ajuda do economista Paulo Roberto Lemos, coordenador do estudo que colocou a pulverização em pauta no ano passado.
O ministro Pedro Malan fez muitas anotações durante a reunião. Ao final, disse estar satisfeito com o nível das propostas apresentadas. Não foi definido exatamente quem levará ao presidente da República uma compilação do que foi discutido.
Ficou implícito que FHC passará a ouvir assessores da área política e econômica para formar uma opinião definitiva sobre o assunto nas próximas duas semanas. FHC tenta desde o ano passado reduzir as resistências à venda de Furnas, principalmente de políticos mineiros.
Primeiro, ele transferiu, no ano passado, a responsabilidade de vender a empresa do BNDES para o Ministério de Minas e Energia. Na época, FHC garantiu que haveria a privatização.
Como o processo não andou, o presidente resolveu devolver neste ano o comando da venda para o BNDES.
Além disso, também incluiu a privatização de Furnas na sua agenda para o biênio 2001/ 2002.
Embora tenha divulgado que a empresa será vendida até março do próximo ano, FHC ainda enfrenta dificuldades sobre como isso será feito. Há cerca de 15 dias ele recebeu um esboço do BNDES sobre a venda da empresa, mas não tomou nenhuma decisão.
O assunto voltou a ser analisado ontem, quando foi apresentado outro modelo -o de Luiz Carlos Santos.
Além disso, o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), defende uma maior discussão sobre o assunto no Congresso.
Sem desconto
Ontem, Tápias disse em São Paulo que a venda pulverizada das ações de Furnas Centrais Elétricas não deverá ter o desconto de 20% para quem usar o dinheiro do FGTS na compra, como ocorreu no caso das ações da Petrobras.
Segundo ele, o desconto não será oferecido porque as ações da geradora estatal já estão baratas. "Já vamos vender baratinho. A tendência é que as ações se valorizem", disse o ministro.
Ainda de acordo com o ministro, a venda de ações da geradora estatal de forma pulverizada exigirá que a empresa tenha uma gestão empresarial. "O profissional que for gerir a empresa tem de apresentar projetos que conquistem o grande público para as pessoas tomarem a iniciativa de comprar as ações", disse.
Essa declaração de Tápias é, de forma indireta, uma crítica ao atual presidente da empresa, um político nomeado por FHC. Luiz Carlos Santos ganhou o posto como consolação depois que perdeu a eleição para o cargo de vice-governador de São Paulo em 98, quando disputou na chapa de Paulo Maluf (PPB).
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