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20/04/2001 - 08h00

Crise política fez Banco Central agir para segurar dólar

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FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo

O Banco Central foi obrigado a agir no mercado de câmbio com a venda de títulos cambiais para tentar segurar a disparada do dólar. Mesmo assim, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,37%, vendida a R$ 2,190.

O agravamento da crise política foi o principal ponto de pressão sobre o câmbio. A Bolsa de Valores de São Paulo também repercutiu negativamente o desgaste do governo e caiu 3,5%.

Quando o preço do dólar alcançou os R$ 2,219, valorização de 1,70%, o BC vendeu no mercado R$ 1 bilhão em NBC-ES (títulos que pagam variação cambial mais juros prefixados), com prazo de resgate em setembro deste ano, que fizeram o valor da moeda recuar rapidamente.

As instituições financeiras e as empresas compram esses papéis para se protegerem da oscilação do dólar.

O grande apetite do mercado, devido ao prazo curto dos papéis, permitiu que o governo pagasse taxas baixas por eles, 8,9% ao ano. No último leilão com papéis semelhantes, no dia 20 do mês passado, o BC pagou 10,5%.

Para o lote de R$ 1 bilhão, a demanda foi de R$ 2,108 bilhões. Isso significa que, como havia mais investidores interessados que títulos disponíveis, o governo pode pagar taxas mais baixas.

O problema para o governo em oferecer esses títulos para tentar diminuir a pressão sobre o valor do dólar é que ele aumenta o tamanho de sua dívida.

"Mas o BC não pode conduzir sua política monetária e cambial atento apenas ao lado fiscal. Como a meta de inflação é o seu foco principal, ele tem de tentar, mesmo que isso aumente sua dívida, segurar a alta do dólar, pois isso pressiona a inflação", diz Rogério Mori, do banco Santos.

As declarações da ex-diretora do Prodasen (centro de processamento de dados) Regina Borges ao conselho de ética do Senado sobre a quebra de sigilo do painel eletrônico e a informação de que o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF) abandonou a liderança do governo na Casa foram uma ducha de água fria após o mercado ter um dia de forte euforia, na quarta, quando a Bovespa subiu 4,31% e o dólar fechou em baixa.

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de aumentar os juros básicos (Selic) em 0,50 ponto percentual não teve maior impacto no mercado. Esse era o resultado esperado pela maioria dos analistas e investidores.
Rumores sobre a renúncia do ministro argentino, Domingo Cavallo, também contribuíram para o dia negativo do mercado. A Bolsa de Buenos Aires fechou com baixa de 4,04%.

"O mercado ainda está inseguro com a Argentina. Por isso é que até um boato como o de que o Cavallo pôs seu cargo à disposição faz os investidores aumentarem a procura por dólares com medo de uma quebradeira", afirma Joaquim Kokudai, do Lloyds TSB.

Analistas afirmam que será difícil a cotação do dólar recuar. O que tem pressionado o câmbio é o baixo volume de recursos no mercado. Como a escalada do dólar tem sido constante _a valorização acumulada neste ano já é de 12,25%_, quem tem dólares não está disposto a vendê-los.

As instituições financeiras e empresas têm procurado "hedge" (proteção), adiantando compras de dólares ou fazendo contratos na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), com medo de que a o dólar continue subindo.

Como elas têm dívidas e custos em dólares que vencem no futuro, procuram comprar a moeda norte-americana o quanto antes. Esse movimento cria um "efeito inércia": uma empresa compra dólares, a cotação começa a subir, o que faz com que outras instituições, com medo de que o preço suba ainda mais, entrem no mercado, aumentando a pressão.

Na Bolsa, o giro negociado despencou. Sem notícias positivas, os investidores preferiram ficar fora do mercado. Foram movimentados apenas R$ 557 milhões.
O papel PN da Telemar, que liderou os negócios com 17,6% de participação, caiu 5,14%.

 

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