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26/04/2001 - 08h25

Energia sobe 33% em 2 anos, diz indústria

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FÁTIMA FERNANDES, da Folha de S.Paulo

O racionamento de energia elétrica não vai só comprometer a produção da indústria, mas também elevar os seus custos.

Já há uma estimativa: em dois anos, o preço real da energia deve subir cerca de 33% por conta do racionamento e pelo fato de o preço do gás, usado pelas termelétricas, estar atrelado ao dólar.

A expectativa de que a energia vai ficar mais cara foi revelada numa pesquisa feita com 400 empresários e técnicos durante o 1º Fórum Brasileiro de Energia Elétrica, organizado pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base).

Foram ouvidos 400 executivos e técnicos nos dois dias do evento, que termina hoje em São Paulo. Cerca de 90% deles prevêem aumento real de 33%, em média, nos preços da energia em dois anos.

"Quando falta água, a tendência natural é aumentar o preço da energia elétrica", diz Mitsumori Sodeyama, diretor-presidente da Asmae (Administradora de Serviços do Mercado Atacadista de Energia Elétrica).

A maioria das empresas consumidoras de energia paga hoje cerca de R$ 40 por mWh. É que elas têm contratos preestabelecidos com as distribuidoras. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) define os reajustes das tarifas geralmente pelo prazo de um ano.

Agora, quem compra energia no chamado mercado spot (sem contrato prévio de preço e quantidade) já está sentindo os efeitos da expectativa de falta energia.

Segundo Sodeyama, o preço do mWh está em R$ 250. No início do ano, era de R$ 120.

"A tendência é continuar em torno de R$ 250, em média, ao longo deste ano." Ele lembra que em janeiro de 2000 esse valor bateu em R$ 270.
Existe um limite para esse preço: o preço do mWh não pode ultrapassar R$ 610.

O diretor-presidente da Asmae diz que o preço da energia elétrica não é definido só pelas condições atuais, mas também pelo que sinaliza o mercado no futuro.

José Augusto Marques, presidente da Abdib, diz que as empresas estão preocupadas, especialmente as que dependem mais de energia para produzir, como as siderúrgicas, as fabricantes de alumínio e as de soda e cloro. "Além de ter de reduzir a produção, vão ter de pagar mais pela energia".

Os empresários do setor de energia ouviram ontem do presidente da ONS (Operador Nacional de Sistemas), Mário Santos, que a situação energética do país é crítica e se não houver um "choque de obras" o racionamento pode acontecer não só neste ano, mas também em 2002 e 2003.

Segundo ele, até agora a sociedade não respondeu à campanha do governo para reduzir o consumo de energia. Isso não é bom.

A expectativa era que o consumo de energia aumentasse 4,5% neste ano. "Está crescendo até um pouco mais, 4,6%. Esperamos que após um mês de campanha haja algum resultado", diz Santos.

Para o secretário de Energia do Estado de São Paulo, Mauro Arce, a implantação do sistema de cotas para consumo de energia já significa a instalação do racionamento.

José Mário Abdo, diretor-geral da Aneel, considera racionamento o corte propriamente dito da energia (horários e dias estabelecidos). Isso ficaria só para a terceira fase da campanha, diz.

A primeira é o programa voluntário de racionalização, que envolve toda a sociedade. A segunda, a implantação do sistema de cotas, deve vigorar a partir de 1º de junho.
 

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