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16/05/2001
-
09h53
WLADIMIR GRAMACHO
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso foi informado pessoalmente, há pelo menos um ano, sobre o agravamento da crise energética no país. Quem diz isso é o ex-ministro de Minas e Energia Rodolpho Tourinho Neto, que comandou o setor nos últimos dois anos.
''Eu não seria louco de saber de uma crise e não informar ao presidente'', disse o ex-ministro, ontem, à Folha de S.Paulo. Há três meses, Fernando Henrique demitiu Tourinho para marcar seu rompimento com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), padrinho político do então ministro. Anteontem, FHC insistiu em que havia sido surpreendido.
''O risco de déficit no sistema, apontado em relatório do ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], foi passado para o presidente. A crise era discutida com todos, com o presidente e com o Pedro Parente [ministro-chefe da Casa Civil]. O presidente tinha conhecimento de tudo'', afirmou Tourinho.
Relatório do ONS informava, em abril de 2000, que ''o risco mais severo observado [de desabastecimento de energia] corresponde ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste e ocorre no biênio 2000/2001''.
Nos últimos dias, o debate público sobre a crise energética tem apontado como responsáveis pela inoperância do governo o ex-ministro Tourinho, que nunca havia dito anteriormente, em público, que soubesse da probabilidade de crise, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Abdo, e o ONS. Eles não teriam tomado providências e teriam omitido a crise para o presidente.
Segundo Tourinho, isso não é verdade. ''Tanto o presidente tinha conhecimento da crise que apoiou um programa emergencial'', disse, referindo-se ao engavetado plano de geração de 12 mil megawatts com a construção de 49 termelétricas no país. ''Eu não lançaria um programa de emergência se não fosse preciso. Era emergencial mesmo, pois o ONS já falava na necessidade de uma economia de 10%.''
Sem citar o ministro da Fazenda, Pedro Malan, Tourinho reclamou dos cortes que a equipe econômica impôs aos gastos do governo. ''Não estou acusando ninguém, mas as empresas de energia não podiam investir [nos últimos anos] porque estavam no CND [Conselho Nacional de Desestatização]'', disse.
A falta de investimentos das estatais de energia e o atraso nas privatizações do setor elétrico aumentaram, gradativamente, o risco no setor durante o período de seca e diante do aquecimento da atividade econômica.
Veja especial sobre a Crise Energética
Tourinho diz que FHC sabia da gravidade da crise energética
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso foi informado pessoalmente, há pelo menos um ano, sobre o agravamento da crise energética no país. Quem diz isso é o ex-ministro de Minas e Energia Rodolpho Tourinho Neto, que comandou o setor nos últimos dois anos.
''Eu não seria louco de saber de uma crise e não informar ao presidente'', disse o ex-ministro, ontem, à Folha de S.Paulo. Há três meses, Fernando Henrique demitiu Tourinho para marcar seu rompimento com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), padrinho político do então ministro. Anteontem, FHC insistiu em que havia sido surpreendido.
''O risco de déficit no sistema, apontado em relatório do ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], foi passado para o presidente. A crise era discutida com todos, com o presidente e com o Pedro Parente [ministro-chefe da Casa Civil]. O presidente tinha conhecimento de tudo'', afirmou Tourinho.
Relatório do ONS informava, em abril de 2000, que ''o risco mais severo observado [de desabastecimento de energia] corresponde ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste e ocorre no biênio 2000/2001''.
Nos últimos dias, o debate público sobre a crise energética tem apontado como responsáveis pela inoperância do governo o ex-ministro Tourinho, que nunca havia dito anteriormente, em público, que soubesse da probabilidade de crise, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Abdo, e o ONS. Eles não teriam tomado providências e teriam omitido a crise para o presidente.
Segundo Tourinho, isso não é verdade. ''Tanto o presidente tinha conhecimento da crise que apoiou um programa emergencial'', disse, referindo-se ao engavetado plano de geração de 12 mil megawatts com a construção de 49 termelétricas no país. ''Eu não lançaria um programa de emergência se não fosse preciso. Era emergencial mesmo, pois o ONS já falava na necessidade de uma economia de 10%.''
Sem citar o ministro da Fazenda, Pedro Malan, Tourinho reclamou dos cortes que a equipe econômica impôs aos gastos do governo. ''Não estou acusando ninguém, mas as empresas de energia não podiam investir [nos últimos anos] porque estavam no CND [Conselho Nacional de Desestatização]'', disse.
A falta de investimentos das estatais de energia e o atraso nas privatizações do setor elétrico aumentaram, gradativamente, o risco no setor durante o período de seca e diante do aquecimento da atividade econômica.
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