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18/05/2001
-
09h08
SÍLVIA MUGNATTO
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governo escolheu a dedo o valor mínimo de consumo de energia que não deverá ser sobretaxado. Os índices de inflação, de maneira geral, trabalham com despesas de energia inferiores a 250 kWh/mês. Ou seja, embora o custo de várias famílias possa crescer, isso não vai aumentar muito a inflação calculada. O governo pretende sobretaxar o consumo superior a 200 kWh/mês.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado), calculado pelo IBGE e que serve de base para o sistema de metas de inflação, pesquisa o consumo médio de 11 regiões metropolitanas. O consumo médio mais alto é o de São Paulo, com 249 kWh.
Em seguida vêm Belém (PA), com 222 kWh, e Brasília, com 221 kWh. O consumo médio mais baixo é em Fortaleza -143 kWh.
Embora o preço da energia seja pesquisado mensalmente, a base de dados que sustenta os consumos médios regionais é de 1997. O IPCA reflete o consumo de famílias com renda mensal entre R$ 180 e R$ 7.200.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que calcula o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em São Paulo, trabalha com um consumo médio de 244 kWh para a faixa de renda de R$ 180 a R$ 3.600 mensais. A pesquisa de consumo da Fipe é de 99.
Portanto uma das razões para a semelhança no consumo, apesar da diferença de renda das famílias, pode estar justamente na defasagem da pesquisa do IBGE.
A energia elétrica tem um peso de 3,5% no IPCA e de 4,2% no IPC. O peso é considerável se for levado em conta, por exemplo, que o primeiro índice tem mais de 200 mil produtos.
Nos índices que são utilizados como deflatores (retirada da inflação) nas contas nacionais e pelo mercado financeiro, como o IGP (Índice Geral de Preços) e o IGP-M (Mercado), calculados pela Fundação Getúlio Vargas, a energia elétrica tem pesos mais baixos porque entra apenas no IPC, um dos três índices que formam o cálculo dos IGPs.
Para o coordenador do índice da Fipe, Heron do Carmo, a escolha dos 200 kWh é boa porque muitos consumidores de renda baixa teriam de ''tomar banho frio e desligar a geladeira'' para gastar menos que isso.
''O problema é que muitos pobres também vão pagar contas mais altas porque o uso de aparelhos domésticos é maior nos grandes centros. Também há o caso da pessoa que mora sozinha, tem uma renda alta e não terá de pagar mais porque seu consumo mensal é baixo'', disse.
Veja especial sobre a Crise Energética
Sobretaxa de energia não deve atingir inflação
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governo escolheu a dedo o valor mínimo de consumo de energia que não deverá ser sobretaxado. Os índices de inflação, de maneira geral, trabalham com despesas de energia inferiores a 250 kWh/mês. Ou seja, embora o custo de várias famílias possa crescer, isso não vai aumentar muito a inflação calculada. O governo pretende sobretaxar o consumo superior a 200 kWh/mês.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado), calculado pelo IBGE e que serve de base para o sistema de metas de inflação, pesquisa o consumo médio de 11 regiões metropolitanas. O consumo médio mais alto é o de São Paulo, com 249 kWh.
Em seguida vêm Belém (PA), com 222 kWh, e Brasília, com 221 kWh. O consumo médio mais baixo é em Fortaleza -143 kWh.
Embora o preço da energia seja pesquisado mensalmente, a base de dados que sustenta os consumos médios regionais é de 1997. O IPCA reflete o consumo de famílias com renda mensal entre R$ 180 e R$ 7.200.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que calcula o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em São Paulo, trabalha com um consumo médio de 244 kWh para a faixa de renda de R$ 180 a R$ 3.600 mensais. A pesquisa de consumo da Fipe é de 99.
Portanto uma das razões para a semelhança no consumo, apesar da diferença de renda das famílias, pode estar justamente na defasagem da pesquisa do IBGE.
A energia elétrica tem um peso de 3,5% no IPCA e de 4,2% no IPC. O peso é considerável se for levado em conta, por exemplo, que o primeiro índice tem mais de 200 mil produtos.
Nos índices que são utilizados como deflatores (retirada da inflação) nas contas nacionais e pelo mercado financeiro, como o IGP (Índice Geral de Preços) e o IGP-M (Mercado), calculados pela Fundação Getúlio Vargas, a energia elétrica tem pesos mais baixos porque entra apenas no IPC, um dos três índices que formam o cálculo dos IGPs.
Para o coordenador do índice da Fipe, Heron do Carmo, a escolha dos 200 kWh é boa porque muitos consumidores de renda baixa teriam de ''tomar banho frio e desligar a geladeira'' para gastar menos que isso.
''O problema é que muitos pobres também vão pagar contas mais altas porque o uso de aparelhos domésticos é maior nos grandes centros. Também há o caso da pessoa que mora sozinha, tem uma renda alta e não terá de pagar mais porque seu consumo mensal é baixo'', disse.
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