Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/05/2001 - 18h33

Racionamento deve provocar crescimento menor, diz Fraga

Publicidade

ROGÉRIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, admitiu hoje que a crise energética deve provocar um crescimento menor da economia brasileira para este ano, mas disse que ainda é cedo para falar em números.

"Da nossa expectativa inicial, de crescimento de 4,5% a 5% em janeiro, temos que subtrair alguns fatores, como a crise energética. Ainda assim, vejo o Brasil com um crescimento bom neste ano", afirmou Fraga numa entrevista ao chegar ao Mercosur Economic Summit - 2001, em Buenos Aires, versão regional do World Economic Forum, evento que acontece anualmente em Davos, na Suíça.

O presidente do BC disse não poder endossar as estimativas feitas por analistas, sobre uma redução de 1% no PIB neste ano por causa da crise energética. "Espero que seja menos que isso, mas ainda não sabemos quanto", disse.

Fraga procurou contemporizar o impacto da crise na desvalorização do real em relação ao dólar nos últimos dias. 'Não vejo uma disparada do dólar. O que há é uma variação normal de mercado, para cima ou para baixo", afirmou.

Segundo ele, a crise energética é "séria", mas as medidas tomadas para combatê-la devem dar resultados.

"Escalamos nosso melhor jogador [o ministro Pedro Parente] para cuidar disso. É um problema temporário, que saberemos superar", afirmou.
Para Fraga, a sociedade brasileira está "reagindo bem à crise". "Quanto mais desperdício eliminarmos, menor será o custo desse evento [a crise]", afirmou Fraga, que disse que cortará, em sua casa, 40% do consumo de energia, que segundo ele, era "bem alto".

A questão da crise energética foi comentada também no Forum pelo ministro da Economia a Argentina, Domingo Cavallo, que criticou a "falta de acesso aberto ao transporte de energia no Mercosul".

Segundo ele, há uma falta de capacidade para transportar energia entre os países do bloco por causa da falta de investimento em linhas de transmissão.

"Se tivéssemos linhas de transmissão suficientes para integrar Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, não aconteceria uma crise como a brasileira", disse.

Para Cavallo, o mesmo ocorre com o transporte de gás e petróleo na região.

O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, que é um dos co-presidentes do Forum, afirmou que os países estão "caminhando para a integração", mas que isso não deve resolver o problema no curto prazo.

Reichstul afirmou que deve ser oficializado nesta semana o processo de proteção cambial para a importação de gás natural boliviano a ser utilizado nas futuras centrais termoelétricas. Essa proteção era reivindicada pelos investidores, que temiam importar gás em dólar para vender energia a preços fixos em real, sujeitos a perdas pela desvalorização cambial.

Segundo ele, a Petrobras vai compensar, pelos próximos 12 meses, a variação de preços do gás provocados pela variação cambial. Esse subsídio, segundo ele, será devolvido com juros após esse prazo, 'sem ônus para a Petrobras''.

Ele admitiu, no entanto, que deve haver, após esse período, um aumento no custo da energia para os consumidores finais, que devem pagar eventuais aumentos futuros provocados pela desvalorização cambial.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página