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26/05/2001 - 13h57

Onda de reajustes abala poder aquisitivo do brasileiro em junho

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

A onda de reajustes dos preços de produtos e serviços - principalmente os públicos -, iniciada este mês, vai reduzir ainda mais o poder aquisitivo do brasileiro a partir de junho.

Em São Paulo, maior cidade do país, o orçamento será pressionado principalmente por aumento das contas de água (13,05% a partir do dia 1º de junho) e de luz (previsão de reajuste entre 12% e 15% em julho).

O pão francês (até 66,6%), biscoitos (5%) e macarrão (5%) também devem ficar mais caros devido ao reajuste da farinha de trigo.

Cerca de 90% do grão consumido pela indústria brasileira de massas é importado. Com a alta do dólar, o empresário precisará de mais reais para comprar o produto no exterior.

Na última quinta-feira, o bolso do paulistano começou a sentir o peso do aumento de 21,7% da passagem de ônibus, que saltou de R$ 1,15 para R$ 1,40. Esse reajuste terá reflexos no cálculo da inflação de todo o país, devido ao peso do custo de vida da capital paulista no índice nacional.

O racionamento de energia também compromete a renda do brasileiro, pois crescem as despesas com a troca de lâmpadas, compra do "kit apagão" (vela, lanterna, lampião e outros) e contratação de eletricistas.

Há ainda a cobrança da sobretaxa pelo consumo excedente de energia: 50% para contas acima de 200 kWh e de 200% para contas acima de 500 kWh.

Os custos com habitação devem subir no próximo mês, pois os condomínios estão se preparando para os apagões, por exemplo, comprando ou alugando geradores, instalando uma iluminação mais econômica e sensores de presença.

PESO DA ENERGIA

Os aumentos de serviços públicos devem continuar em julho. A tarifa de energia elétrica da Eletropaulo deve aumentar em até 15%, estima o economista Heron do Carmo, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

O reajuste que será aplicado em julho significa o repasse anual da inflação para os preços de energia, conforme as regras da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

O repasse para os consumidores residenciais é feito com base no IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado).

Atualmente, a cada R$ 1.000 gastos na capital paulista, R$ 42 são para pagar a conta de energia elétrica.

O peso desse item no orçamento do paulistano é de 4,24%, enquanto os gastos com educação significam 3,78% do índice.

CARRO MAIS CARO

A disparada do dólar, que elevou os custos das empresas, já estava criando pressões por reajustes nas indústrias e no comércio.

Neste mês, as concessionários receberam das montadoras novas tabelas com reajustes de preços dos carros. Para quem paga prestação de consórcio, o aumento já começa a incomodar.

O consumidor deve ficar atento também aos planos de saúde. No início deste mês, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizou reajuste de até 8,71% para as empresas, que pressionam por um aumento ainda maior, alegando aumento de custos.

EMBALAGENS

Os produtos industrializados vão ficar mais caros no próximo mês devido ao reajuste de 8% aplicado pelas indústrias petroquímicas nas resinas usadas pelas indústrias de plásticos.

A justificativa para o reajuste é o aumento de 14% do preço da nafta, matéria-prima das centrais petroquímicas comercializada pela Petrobras, que entra em vigor em junho.

Com o plástico mais caro, a tendência é que o reajuste também aconteça no setor de embalagens, que deve repassar o aumento dos custos para todos os setores que dependem desse produto, como a indústria de alimentos industrializados.

APERTANDO O CINTO

Para evitar uma explosão dos gastos no orçamento familiar, o planejamento das despesas e das receitas é o principal caminho recomendado pelos consultores de finanças pessoais.

A lista de conselhos incluir medidas simples, mas de difícil excução para quem não tem disciplina na hora de administrar o próprio dinheiro: cortar gastos com produtos e serviços supérfluos, controlar a tendência ao consumismo, evitar aplicações financeiros de alto risco, como as transações em Bolsa.

Outra dica é utilizar qualquer dinheiro extra para abater dívidas e se livrar das multas por atraso e juros altos.

Colocar as contas em dia é a melhor decisão, por exemplo, para quem já conta com o dinheiro da restituição do imposto de renda, cujo primeiro lote sai no dia 15 do próximo mês.

A telefonia é outra fonte de pressão. Em Belo Horizonte (MG), por exemplo, as operadoras de telefonia celular já estudam reajustes das tarifas.

É preciso ficar atento também às contas de ligações interurbanas, aos serviços extras cobrados pelas operadoras, como serviço de secretária eletrônica, de transferência de chamadas e identificador de chamadas.

Veja se você realmente precisa desses serviços e corte as "gordurinhas" da sua conta de telefone.

Adiar uma viagem ao exterior nas férias de julho é a medida mais recomendada para quem não comprou dólares com antecedência, antes da disparada da moeda norte-americana nos últimos três meses.

Melhor é descobrir um destino turístico interessante no país e gastar apenas em reais. Mesmo assim, o brasileiro não estará livre de maiores despesas. Este mês, os aeroportos brasileiros reajustaram as taxas de embarques cobradas dos passageiros.

Para embarque internacional do Aeroporto de Guarulhos (SP), a taxa subiu para R$ 75. Já a tarifa de embarque doméstico é agora de R$ 9,15.

Os aeroportos denominados de "segunda categoria", como o de Congonhas (SP), passam a praticar tarifas de R$ 63 (internacional) e de R$ 7,20 (doméstico).

Antes de decidir arrumar as malas para uma viagem com a família, não esqueça também de pesquisar os melhores preços e condições dos pacotes turísticos.

Até companhias aéreas populares, como a Gol, estão abandonando suas menores tarifas, antes adotadas em geral em horários fora do pico, para cobrar apenas os preços máximos para suas passagens. O objetivo é enfrentar o aumento dos custos.

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