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01/08/2000 - 06h13

Escândalos aquecem mercado antifraude

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ADRIANA MATTOS, da Folha de S.Paulo

Os escândalos políticos e as denúncias de corrupção em empresas privadas colocaram as companhias em estado de alerta. Explodiu a procura por serviços antifraude depois que o caso Eduardo Jorge veio à tona, assim como após a divulgação das fitas que levantaram suposto suborno no episódio AmBev, em março.

Essas e outras impressões serão abordadas no 11º Congresso Mundial de Fraude, que acontece esta semana, em Nova York, e reunirá 2.200 consultores -entres alguns brasileiros. O evento é organizado pela Associação Mundial dos Peritos em Fraude.

A reação das empresas -na busca por consultoria de segurança externa- tem certo cunho psicológico e, na verdade, se tornou frequente nas corporações que já desconfiavam que estavam sendo alvo de grampos telefônicos e desvio de dinheiro.

"Recebíamos de quatro a cinco consultas por mês, até maio. Com o caso do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), era um caso por dia de empresas que tinham uma pulga atrás da orelha", conta Marcelo Gomes, sócio da GBE Peritos, que está nos Estados Unidos, participando do congresso.

Na Kroll Associates, umas das maiores consultorias especializadas no assunto no mundo, com operação em mais de 40 países, cresceu a procura de empresas que desconfiam de procedimentos corruptos em seus escritórios, após as denúncias de grampos telefônicos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e na AmBev.

"O aumento foi, em média, de 50% no meses subsequentes", diz Eduardo Sampaio, diretor da Kroll no Brasil. No caso da AmBev (empresa formada pela união da Antarctica e da Brahma), a Folha teve acesso às fitas que indicavam suposto suborno a conselheiros do Cade, órgão do governo que julgou a fusão dos grupos.

No BNDES, o grampo revelou que o governo trabalhou para favorecer um consórcio privado no leilão da Telebrás. Esses escândalos, porém, também têm outra função: são usados para impulsionar denúncias anônimas de qualquer tipo de atividade escusa.

É isso o que a Rasmussen & Associados tem feito. Especializada em auditorias, a companhia criou em fevereiro o Disk-Fraudes, serviço usado por 80 clientes. As empresas colocam à disposição de seus funcionários um número telefônico para denunciar a prática. A iniciativa deu certo.

São, em média, 300 ligações por mês, contra duas por semana no início do projeto. "Os psicólogos, que dão explicações aos empregados sobre o sistema, fazem analogias com esses escândalos políticos e isso desperta o interesse do empregado", afirma Richard Rasmussen, sócio do grupo.

Tais analogias facilitam o entendimento do assunto ao funcionário. A maioria fica informada também sobre quanto custa a prática criminosa para o bolso do cidadão. No Brasil, as empresas perdem entre 3% a 10% de seu faturamento bruto com fraudes em geral (corrupção, apropriação
indébita, furto e pirataria), segundo as consultorias ouvidas.

Nos EUA, 6% da receita é desviada para o bolso dos funcionários, privados ou públicos. São cerca de US$ 400 bilhões, o que dá US$ 9 por empregado, segundo dados da Associação Mundial dos Peritos em Fraude.
Metade das fraudes é feita por meio de emissão fraudulenta de cheques e
ordens de pagamento e 35% por apropriação indébita.

Foi verificada, porém, uma mudança na hierarquia dos fraudadores nos últimos anos. A baixa gerência cedeu lugar aos diretores, que furtam maiores valores. "Percebe-se ainda que as fusões e aquisições acabam levando pequenas máfias para dentro das empresas", diz Gomes, da GBE.

Os novos administradores, em posições de liderança, trazem funcionários "de confiança" que formam equipes com fraudadores em vários departamentos da empresa. O dinheiro "vaza" sem que seja percebido.

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