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05/06/2001
-
11h16
FABIO EDUARDO MURAKAWA
da Folha de S.Paulo, enviado especial a Piracicaba (SP)
Nos últimos cem anos, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) teve participação decisiva na história e na evolução da agricultura nacional.
Durante várias décadas, a escola liderou as pesquisas no setor sucroalcooleiro, carro-chefe da economia de Piracicaba, município onde a escola está instalada desde 3 de junho de 1901.
Foi com estudos feitos por pesquisadores ali formados que a produtividade da cana saltou de 40 toneladas por hectare na década de 50 para as atuais 100 toneladas por hectare.
Os trabalhos relacionados à cana e aos citros levaram, na última semana, o pesquisador José Roberto Postali Parra, do Departamento de Entomologia da Esalq, a ser nomeado membro da Academia Brasileira de Ciências.
Parra desenvolveu um método eficiente e limpo (sem o uso de agrotóxicos) de combate à broca, praga que nas décadas de 70 e 80 causava um prejuízo anual de US$ 100 milhões.
Ele importou de Trinidad e Tobago e multiplicou nos laboratórios da Esalq uma vespa inimiga natural da praga.
O controle biológico da broca diminuiu as perdas anuais causadas por ela para, aproximadamente, US$ 20 milhões.
Segundo o diretor da escola, Júlio Marcos Filho, o trabalho de técnicos da Esalq tornou viável, além disso, a criação do Proálcool, na década de 70.
A Esalq liderou ainda o planejamento da criação da indústria brasileira de máquinas agrícolas e estudos sobre milho, café, frutas, oleícolas, qualidade dos solos e nutrição animal.
De acordo com Júlio Marcos Filho, todos esses trabalhos tiveram reflexos diretos nos hábitos alimentares e na economia nacional.
Técnicos e empreendedores ali formados acreditaram, por exemplo, na transformação dos cerrados, que até o final da década de 60 eram considerados inviáveis para a atividade agrícola.
Esse é o caso do empresário Jorge Maeda, agrônomo formado na Esalq no ano de 1973.
Maeda investiu na expansão das fronteiras agrícolas no Centro-Oeste e é hoje o maior produtor nacional de algodão.
Foi também uma ex-aluna da escola, Victoria Veridiana Rossetti, que, em 1990, identificou a clorose variegada dos citros (CVC). Em 1997, participou da equipe que isolou a bactéria causadora da doença (Xylella fastidiosa).
Mais recentemente, a escola teve papel importante no mapeamento genético da Xylella fastidiosa, concluído por um grupo de 30 laboratórios brasileiros no ano passado (quatro deles na Esalq). O trabalho virou capa da revista ''Nature'', em junho de 2000.
''Foi o primeiro organismo fitopatogênico a ter seu genoma mapeado'', diz o professor Luis Eduardo Aranha de Camargo, do Departamento de Entomologia.
Atualmente, os laboratórios da Esalq participam do grupo que está terminando o mapeamento de outras três bactérias que atacam as lavouras. São elas a Xanthomonas citri (que causa o cancro cítrico), a Leifsonia Xyli (que provoca o raquitismo das soleiras nos canaviais) e a Xylella fastidiosa de videira (que causa a doença de Pierce nas uvas).
''O importante é que o Brasil é hoje o país que mais estuda sequências genômicas de bactérias de planta no mundo.''
Esalq comemora 100 anos e lidera pesquisas no campo
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da Folha de S.Paulo, enviado especial a Piracicaba (SP)
Nos últimos cem anos, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) teve participação decisiva na história e na evolução da agricultura nacional.
Durante várias décadas, a escola liderou as pesquisas no setor sucroalcooleiro, carro-chefe da economia de Piracicaba, município onde a escola está instalada desde 3 de junho de 1901.
Foi com estudos feitos por pesquisadores ali formados que a produtividade da cana saltou de 40 toneladas por hectare na década de 50 para as atuais 100 toneladas por hectare.
Os trabalhos relacionados à cana e aos citros levaram, na última semana, o pesquisador José Roberto Postali Parra, do Departamento de Entomologia da Esalq, a ser nomeado membro da Academia Brasileira de Ciências.
Parra desenvolveu um método eficiente e limpo (sem o uso de agrotóxicos) de combate à broca, praga que nas décadas de 70 e 80 causava um prejuízo anual de US$ 100 milhões.
Ele importou de Trinidad e Tobago e multiplicou nos laboratórios da Esalq uma vespa inimiga natural da praga.
O controle biológico da broca diminuiu as perdas anuais causadas por ela para, aproximadamente, US$ 20 milhões.
Segundo o diretor da escola, Júlio Marcos Filho, o trabalho de técnicos da Esalq tornou viável, além disso, a criação do Proálcool, na década de 70.
A Esalq liderou ainda o planejamento da criação da indústria brasileira de máquinas agrícolas e estudos sobre milho, café, frutas, oleícolas, qualidade dos solos e nutrição animal.
De acordo com Júlio Marcos Filho, todos esses trabalhos tiveram reflexos diretos nos hábitos alimentares e na economia nacional.
Técnicos e empreendedores ali formados acreditaram, por exemplo, na transformação dos cerrados, que até o final da década de 60 eram considerados inviáveis para a atividade agrícola.
Esse é o caso do empresário Jorge Maeda, agrônomo formado na Esalq no ano de 1973.
Maeda investiu na expansão das fronteiras agrícolas no Centro-Oeste e é hoje o maior produtor nacional de algodão.
Foi também uma ex-aluna da escola, Victoria Veridiana Rossetti, que, em 1990, identificou a clorose variegada dos citros (CVC). Em 1997, participou da equipe que isolou a bactéria causadora da doença (Xylella fastidiosa).
Mais recentemente, a escola teve papel importante no mapeamento genético da Xylella fastidiosa, concluído por um grupo de 30 laboratórios brasileiros no ano passado (quatro deles na Esalq). O trabalho virou capa da revista ''Nature'', em junho de 2000.
''Foi o primeiro organismo fitopatogênico a ter seu genoma mapeado'', diz o professor Luis Eduardo Aranha de Camargo, do Departamento de Entomologia.
Atualmente, os laboratórios da Esalq participam do grupo que está terminando o mapeamento de outras três bactérias que atacam as lavouras. São elas a Xanthomonas citri (que causa o cancro cítrico), a Leifsonia Xyli (que provoca o raquitismo das soleiras nos canaviais) e a Xylella fastidiosa de videira (que causa a doença de Pierce nas uvas).
''O importante é que o Brasil é hoje o país que mais estuda sequências genômicas de bactérias de planta no mundo.''
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