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14/06/2000 - 03h35

Energia faz Vale investir no exterior

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CHICO SANTOS, da Folha de S.Paulo

O Brasil está perdendo para a Colômbia ou para Trinidad e Tobago, por culpa do atraso nas privatizações do setor elétrico, um negócio de pelo menos US$ 700 milhões envolvendo a ex-estatal brasileira Vale do Rio Doce.

O presidente da Vale, Jorio Dauster, disse ontem que a empresa está negociando com siderúrgicas norte-americanas a construção de uma usina para a fabricação de placas aço (aço no estágio menos elaborado) na
Colômbia ou em Trinidad e Tobago, no Caribe.

Segundo Dauster, a usina teria capacidade para pelo menos 2,5 milhões de toneladas e custaria entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões. A Vale quer ser a fornecedora exclusiva de minério de ferro para a siderúrgica.

Dauster disse que a mineradora não pretende ser acionista da usina, mas admitiu uma participação de até 15% (US$ 105 milhões) como forma de viabilizar o negócio.

Questionado sobre o motivo pelo qual a nova usina não será construída no Maranhão, onde está o terminal portuário da mina de ferro da Vale em Carajás (PA), o presidente da Vale disse que a vantagem da Colômbia e de Trinidad e Tobago é a oferta de energia barata, a partir do gás natural.

Dauster afirmou que "não há interlocutores" no momento para a Vale negociar a obtenção de energia da hidrelétrica de Tucuruí (PA), alternativa de fornecimento de energia para uma possível usina no Maranhão.

Segundo o executivo da Vale, o "privatiza, não privatiza" da Eletronorte, estatal que controla Tucuruí, impede a hidrelétrica de tomar decisões de longo prazo, como seria o caso de uma negociação envolvendo a venda de energia para uma nova siderúrgica.

O governo anunciou no último domingo que Tucuruí será desmembrada das demais unidades da Eletronorte para efeitos de privatização. A proposta do Ministério das Minas e Energia para a venda da hidrelétrica ainda não foi sequer submetida ao CND (Conselho Nacional de Desestatização).

A construção de usinas produtoras de placas de aço em países emergentes é uma tendência do mercado mundial, de acordo com o presidente da Vale.
Segundo ele, o fato se deve aos crescentes obstáculos, especialmente ambientais, para se construir usinas integradas (que fazem o aço a partir do minério) nos países ricos.

CSN

Dauster não quis comentar a possibilidade de a participação da Vale em uma siderúrgica ferir o acordo que a empresa está fazendo com a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) para que uma não prejudique a outra.

No processo de separação de participações acionárias entre Vale e CSN, a Vale quer manter o direito de exclusividade para comercialização do excedente de produção da mina de ferro de Casa de Pedra, em Minas Gerais, pertencente à siderúrgica.

Dauster não esclareceu se, em reciprocidade, a Vale também se comprometeria a não desenvolver projetos concorrentes com a CSN, já que a siderúrgica pretende construir uma usina de placas no Estado do Rio de Janeiro. O presidente da Vale disse apenas que há espaço para os dois projetos.

Furnas

O presidente do conselho de administração da Vale e presidente da Bradespar, Roger Agnelli, disse que a Bradespar, por intermédio da VBC (holding que reúne o grupo Votorantim, a Bradespar e a construtora Camargo Corrêa), só tem interesse na compra da Furnas Centrais Elétricas se a venda não for pulverizada.

A Bradespar é a empresa que foi criada para assumir o controle dos ativos não-financeiros do Bradesco.

A VBC é uma das principais investidoras privadas nacionais no setor elétrico. Agnelli disse que "os investidores estratégicos dificilmente entrarão na venda pulverizada". O modelo pulverizado de venda das ações de Furnas foi anunciado na semana passada.

Agnelli disse que, se o governo vender Furnas em bloco para investidores estratégicos, irá obter mais dinheiro com a venda. Mas ele considerou válido que o Estado queira fortalecer o mercado de capitais com a venda pulverizada.

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