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02/07/2001 - 08h54

Fundo cambial foi o melhor investimento do primeiro semestre

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ISABEL CAMPOS
Editora-adjunta do FolhaInvest

No final do ano passado, a maioria dos analistas financeiros recomendava: fundos de renda fixa e ações serão os melhores investimentos em 2001. O primeiro porque os juros iriam continuar caindo, o que favoreceria quem tivesse título prefixado. O segundo porque era esperada uma recuperação para a Bolsa a partir do segundo trimestre. Dólar? Nem pensar. Estaria custando no máximo R$ 2,10 no final do ano.

O primeiro semestre fechou transgredindo todas as recomendações. Com a redução da atividade econômica nos EUA, crise na Argentina e falta de energia elétrica, a entrada de capital estrangeiro no país diminuiu, o mercado acionário ficou estagnado, os juros subiram e o dólar decolou assustadoramente.

Sorte de quem entrou em fundos cambiais. Eles fecharam o semestre com uma rentabilidade média de 21,81%. Os fundos DI, considerados os mais seguros, também se saíram bem, já que acompanham a curva da Selic (juro básico da economia) e são favorecidos sempre que ela sobe, como aconteceu entre os meses de março e junho. Eles renderam, em média, 7,03% no semestre.

Os fundos de renda fixa, que seriam a bola da vez, fecharam com 6,55%. Já os fundos de ações Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo), ativos ou não, perderam, em média, 3,34%.

Os valores médios citados, extraídos do site financeiro Agrif, são preliminares. Os dados consolidados saem até o final da semana, mas não devem apresentar expressivas diferenças.

É importante frisar que, em todas as categorias, houve fundos que surpreenderam tanto para cima como para baixo da média do mercado. Por isso, antes de fazer uma aplicação, o investidor tem de escolher com muito critério a categoria onde ele vai colocar o seu dinheiro e, com mais rigor ainda, o fundo que vai atender às suas expectativas.

As dicas do professor Alberto Borges Matias, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto, são: checar a rentabilidade do fundo nos últimos 12 meses, para ver se ela é consistente ou episódica; saber quem são os gestores do fundo e qual a qualificação deles; solicitar a composição da carteira de investimentos; observar a taxa de administração; e lembrar que, quanto maior o retorno, maior o risco.

No caso dos fundos DI, explica Rogério Figueiredo, diretor do Agrif, como o gestor tem pouca margem de manobra para se diferenciar da concorrência, é muito importante olhar a taxa de administração anual. Alguns fundos chegam a cobrar 8% ao ano sobre o valor do patrimônio, o que derruba o seu ganho para abaixo do da poupança. "É inaceitável. O ideal é 1%, no máximo 2%", diz.

Mas preste atenção se o fundo é do tipo FAC (Fundo de Aplicação em Cotas) ou FIF (Fundo de Investimento Financeiro). Os FACs são fundos que investem em cotas de outros fundos. Ou seja, ele pode estar cobrando uma taxa de administração pequena, mas pagando outra mais alta nos fundos onde investe. Por isso olhe o histórico do fundo e compare com o da categoria. Na internet, há vários sites com essas informações.

Nos fundos de renda fixa, diz Figueiredo, é preciso olhar, além da taxa de administração ("no máximo 2%") e histórico, a política de investimentos. Esse tipo de fundo tem mais risco que um DI e exige que o gestor seja habilidoso e tenha capacidade de antever para onde vão os juros.

Analisando-se os resultados dos últimos meses, a maioria dos renda fixa tem adotado uma postura mais conservadora desde maio. Em março e abril, quando o Banco Central aumentou a Selic, muitos tiveram oscilação negativa de cota. Em maio e junho, os aumentos já não causaram surpresas, e os resultados dos fundos já não apresentaram tanta volatilidade. "Os gestores se adaptaram ao cenário de alta dos juros", afirma Figueiredo.

Nas demais categorias, como de ações e cambiais, o mais importante é checar a estratégia do fundo e a capacitação dos gestores.

No segmento de cambiais, por exemplo, existem os passivos e os ativos. Os passivos são aqueles cujo objetivo é garantir ao investidor a variação do dólar, seja para cima seja para baixo. Já os ativos têm políticas diferenciadas, que podem envolver riscos além do da moeda americana.

Entre os de ações, todo cuidado é pouco. Além daqueles que seguem a variação do Ibovespa, há outros com estratégias específicas, como investir em um determinado setor da economia. Há fundos que tiveram ganho, no ano, de 17,88%, enquanto outros estão amargando perdas superiores a 15%.

Os fundos de investimento também não cresceram como no ano passado. Em 2000, a indústria de fundos teve uma captação líquida de R$ 29,6 bilhões. No primeiro semestre deste ano, ela foi de apenas R$ 2,26 bilhões, conforme dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), referentes até o dia 25/6.

 

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