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10/07/2001 - 08h27

México já recebe mais investimentos diretos do que o Brasil

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Nova York

O Brasil deve deixar de ser o principal destino do investimento direto estrangeiro na América Latina em 2001, perdendo a posição de líder para o México. A previsão é do Institute of International Finance, de Washington.

Segundo o instituto, o México deve receber US$ 25 bilhões neste ano, contra US$ 12 bilhões em 2000, um aumento de mais de 100%. Já o Brasil, destino-líder de investimentos estrangeiros pelo menos nos últimos três anos, deve passar para a segunda posição, com US$ 20 bilhões (teve US$ 30 bilhões no ano passado).

]Seu principal parceiro no Mercosul, a Argentina, também enfrenta queda. O país chegou a ter investimento recorde de US$ 25 bilhões em 1999, que despencou para US$ 7,5 bilhões no ano passado e não deve passar de US$ 7 até dezembro deste ano.

"O México está sendo beneficiado por um ciclo virtuoso formado por peso forte, taxas de juro baixas e caindo ainda mais, além de crescimento vigoroso, parecido com o que o Brasil viveu do segundo semestre de 1999 até o primeiro trimestre deste ano", disse à Folha de S.Paulo Frederick Jaspersen, diretor do IIF para a América Latina.

O instituto, criado em 1983 e presidido pelo presidente do banco HSBC, John Bond, conta com 320 membros em 60 países. Espécie de Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) globalizada, é um dos únicos a reunir instituições financeiras privadas em nível mundial e realizar pesquisas e análises de mercado para seus sócios.

De acordo com analistas, a fuga de capitais dos dois países e o aumento de prestígio do México têm como causa os problemas econômicos por que passa a Argentina, que repercutiram no Brasil, já às voltas com sua própria crise energética e de câmbio.

"A ação recente do Banco Central brasileiro no mercado dá margem a um ataque especulativo", escreveu em sua nota o economista Walter Molano, da BCP Securities. "O Banco Central deve decidir se adotou mesmo um regime de câmbio flutuante ou não, sob o risco de perder o controle." O economista refere-se às intervenções do Banco Central brasileiro para conter as disparadas do dólar, as quais podem ter efeitos inflacionários.

"Não seria errado dizer que a estratégia do Banco Central não funcionou tão bem quanto eles gostariam", afirmou Graham Stock, estrategista de débito soberano para a América Latina do banco JP Morgan. "Mas é importante salientar que, apesar da situação atual passageira, o Brasil está se saindo muito bem", disse Frederick Jaspersen.

Segundo o analista do IIF, "o governo vem gerenciando bem a economia, o sistema bancário do país é forte, a atual política energética vai no caminho certo e foi aceita inclusive pelos consumidores e as evidências indicam que vai haver uma reforma, apesar das divergências políticas."

Já a Argentina merece palavras menos elogiosas dos economistas. "O país está fazendo muito pouco para inspirar confiança", disse à agência Dow Jones Lawrence Krohn, estrategista responsável pela América Latina do ING Barings de Nova York.

De acordo com uma pesquisa divulgada pela consultoria A.T. Kearney, o país está em 24º lugar numa lista de 25 mercados que mais inspiram confiança em investidores estrangeiros (estava em 8º no levantamento de 1998). Os cinco primeiros são EUA, China, Brasil, Reino Unido e México.

A mudança de prioridades na região não significa que deve entrar menos dinheiro nas economias latino-americanas em 2001. Pelo contrário. Ainda de acordo com o IIF, o total de investimento estrangeiro na América Latina deve aumentar neste ano para US$ 61 bilhões, contra US$ 57 bilhões no ano passado. Vai responder por 43% de todo o dinheiro a ser investido no ano em países em desenvolvimento.

"Estamos otimistas, pois o capital estrangeiro não está fugindo da região, apenas muda suas prioridades", afirma Toshiya Masuoka, estrategista-chefe para a América Latina e Caribe da Corporação Financeira Internacional, o braço de investimentos privados do Banco Mundial.

 

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