Publicidade
Publicidade
06/08/2001
-
07h58
ESTELA CAPARELLI
da Folha de S.Paulo
O empréstimo de US$ 15 bilhões anunciado pelo Fundo Monetário Internacional na sexta-feira veio em boa hora. Os investidores internacionais colocaram o Brasil na "lista de espera" até as eleições de outubro de 2002.
Até lá, será fechada temporariamente a torneira do dinheiro novo, incluindo projetos de médio e longo prazos.
A opinião é de estrategistas de bancos estrangeiros ouvidos pela Folha de S.Paulo. Segundo eles, o Brasil, que até o início do ano era considerado um dos mais cobiçados alvos do dinheiro estrangeiro, foi rebaixado nos últimos meses em razão das incertezas sobre o cenário político local.
Os investidores temem que a piora na economia brasileira causada pelas crises argentina e de energia possa influenciar o resultado das eleições presidenciais. O receio do mercado é que um quadro de recessão e desemprego possa contribuir para a vitória de um candidato "populista".
"Mais do que os impactos da crise de energia, é a política que preocupa mais os investidores neste momento. Eles temem a volta do populismo com o aumento do descontentamento da população em torno da situação econômica", diz Leonardo Leiderman, estrategista-chefe para mercados emergentes do Deutsche Bank.
Leiderman prevê que o ingresso de investimentos diretos para o Brasil seja de US$ 15 bilhões neste ano, abaixo dos US$ 18 bilhões esperados pelo mercado. Para o próximo ano, o estrategista prevê apenas US$ 13 bilhões.
"Uma parcela dos novos investimentos programados para o Brasil será postergada até a definição do quadro político e econômico", diz Drausio Giacomelli, estrategista do JP Morgan em Nova York.
Para Leiderman e Giacomelli, o resultado das eleições definirá o comportamento dos investidores. Se o candidato eleito e suas propostas forem bem vistos pelo mercado, o Brasil sairá da temida lista de espera. "Com as incertezas resolvidas, o capital estará preparado para voltar ao Brasil", diz Leiderman.
Porém nada garante que o ingresso de investimentos diretos para o Brasil após as eleições atinja o mesmo patamar dos últimos anos, segundo o superintendente do HSBC Investment Bank no Brasil, Luís Eduardo de Assis.
Segundo o executivo, houve uma explosão desses investimentos por conta de privatizações, sobra de dinheiro no mercado internacional e a estabilidade econômica e política no Brasil. "A comparação com os números dos anos anteriores é injusta porque houve uma bolha", diz.
De qualquer forma, a escassez de recursos reforça a necessidade do empréstimo negociado pelo Brasil com o Fundo Monetário Internacional. Mas mesmo o dinheiro do Fundo não será suficiente para garantir o período de vacas magras dos investimentos. "Os recursos só surtirão o efeito desejado se forem acompanhados de atitudes na área fiscal e na realização de reformas", afirma Giacomelli.
O Brasil não é o único que sofre com a escassez de dinheiro internacional. O fluxo líquido de capitais para mercados emergentes deve cair para US$ 140 bilhões neste ano em comparação com os US$ 168 bilhões do ano passado, segundo relatório do Institute of International Finance.
"A desaceleração da economia mundial, principalmente da norte-americana, está provocando uma redução do fluxo de investimentos diretos. Os países do Sudeste Asiático estão entre os que vão sofrer neste momento", diz Robert Lipsey, professor da Columbia University.
Mas nem todos vão ficar no banco de reserva. Os recursos disponíveis estão migrando para países como México, Rússia, Peru e Equador, segundo Leiderman.
Investidores fecham ''torneira'' até eleições
Publicidade
da Folha de S.Paulo
O empréstimo de US$ 15 bilhões anunciado pelo Fundo Monetário Internacional na sexta-feira veio em boa hora. Os investidores internacionais colocaram o Brasil na "lista de espera" até as eleições de outubro de 2002.
Até lá, será fechada temporariamente a torneira do dinheiro novo, incluindo projetos de médio e longo prazos.
A opinião é de estrategistas de bancos estrangeiros ouvidos pela Folha de S.Paulo. Segundo eles, o Brasil, que até o início do ano era considerado um dos mais cobiçados alvos do dinheiro estrangeiro, foi rebaixado nos últimos meses em razão das incertezas sobre o cenário político local.
Os investidores temem que a piora na economia brasileira causada pelas crises argentina e de energia possa influenciar o resultado das eleições presidenciais. O receio do mercado é que um quadro de recessão e desemprego possa contribuir para a vitória de um candidato "populista".
"Mais do que os impactos da crise de energia, é a política que preocupa mais os investidores neste momento. Eles temem a volta do populismo com o aumento do descontentamento da população em torno da situação econômica", diz Leonardo Leiderman, estrategista-chefe para mercados emergentes do Deutsche Bank.
Leiderman prevê que o ingresso de investimentos diretos para o Brasil seja de US$ 15 bilhões neste ano, abaixo dos US$ 18 bilhões esperados pelo mercado. Para o próximo ano, o estrategista prevê apenas US$ 13 bilhões.
"Uma parcela dos novos investimentos programados para o Brasil será postergada até a definição do quadro político e econômico", diz Drausio Giacomelli, estrategista do JP Morgan em Nova York.
Para Leiderman e Giacomelli, o resultado das eleições definirá o comportamento dos investidores. Se o candidato eleito e suas propostas forem bem vistos pelo mercado, o Brasil sairá da temida lista de espera. "Com as incertezas resolvidas, o capital estará preparado para voltar ao Brasil", diz Leiderman.
Porém nada garante que o ingresso de investimentos diretos para o Brasil após as eleições atinja o mesmo patamar dos últimos anos, segundo o superintendente do HSBC Investment Bank no Brasil, Luís Eduardo de Assis.
Segundo o executivo, houve uma explosão desses investimentos por conta de privatizações, sobra de dinheiro no mercado internacional e a estabilidade econômica e política no Brasil. "A comparação com os números dos anos anteriores é injusta porque houve uma bolha", diz.
De qualquer forma, a escassez de recursos reforça a necessidade do empréstimo negociado pelo Brasil com o Fundo Monetário Internacional. Mas mesmo o dinheiro do Fundo não será suficiente para garantir o período de vacas magras dos investimentos. "Os recursos só surtirão o efeito desejado se forem acompanhados de atitudes na área fiscal e na realização de reformas", afirma Giacomelli.
O Brasil não é o único que sofre com a escassez de dinheiro internacional. O fluxo líquido de capitais para mercados emergentes deve cair para US$ 140 bilhões neste ano em comparação com os US$ 168 bilhões do ano passado, segundo relatório do Institute of International Finance.
"A desaceleração da economia mundial, principalmente da norte-americana, está provocando uma redução do fluxo de investimentos diretos. Os países do Sudeste Asiático estão entre os que vão sofrer neste momento", diz Robert Lipsey, professor da Columbia University.
Mas nem todos vão ficar no banco de reserva. Os recursos disponíveis estão migrando para países como México, Rússia, Peru e Equador, segundo Leiderman.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice