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11/08/2001 - 11h36

Banco melhora avaliação de títulos do Brasil

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ESTELA CAPARELLI
da Folha de S.Paulo

Em apenas uma semana o Brasil foi alvo de altos e baixos nas planilhas de analistas financeiros. Ontem foi a vez de o banco norte-americano Goldman Sachs melhorar a sua avaliação sobre os títulos brasileiros.
A instituição elevou a avaliação do peso atribuído aos papéis para "overweight" (acima do peso).

O Goldman Sachs seguiu a linha do também americano JP Morgan, que, na última segunda-feira, voltou atrás na decisão tomada três dias antes e elevou para "overweight" a recomendação para títulos brasileiros.

A justificativa do Goldman Sachs foi muito semelhante àquela divulgada pelo JP Morgan.

"Com relação ao Brasil, embora o contágio da Argentina ainda seja um risco, o novo pacote do FMI deve limitar a queda."

Os altos e baixos da semana não se restringiram aos bancos estrangeiros. Na quinta, a agência de classificação de risco Standard & Poor's seguiu na contramão das instituições financeiras.

A S&P rebaixou, de estável para negativa, a tendência de classificação dos títulos do Brasil. Na prática, no entanto, não houve alteração na classificação atual.

Por que as diferenças?
O que faz os bancos e a Standard & Poor's terem opiniões tão diferentes sobre o mesmo país é o objetivo das avaliações. A agência tenta mostrar a capacidade que o Brasil tem de pagar sua dívida. Já os bancos pretendem, em suas recomendações, apontar as oportunidades de negócios para seus clientes.

"A agência observa o risco de crédito. Os bancos fazem análise do ponto de vista de variação dos preços. Às vezes, o risco de crédito apontado por uma agência pode ser alto. Mas os preços dos ativos naquele país estão baixos. Nesse caso, os bancos podem recomendar a compra dos papéis", diz Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank.

Ele cita como exemplo uma decisão tomada nesta semana pelo Salomon Smith Barney, banco de investimentos ligado ao Citigroup.

A instituição melhorou um pouco a recomendação de investir em papéis argentinos mesmo em um cenário turbulento. "O banco reduziu o "grau de underweight", diz.

Preço baixo é bom negócio
Para o economista Fernando Ferreira, da consultoria Global Invest, a recomendação de investimento em papéis brasileiros pelos bancos é respaldada pelas boas oportunidades de negócio no mercado.

"Os ativos brasileiros estão com preço muito baixo. É possível fazer bons negócios neste momento", diz.

Segundo ele, a Standard & Poor's decidiu se proteger contra qualquer mudança negativa no cenário brasileiro. Por isso, segundo ele, tomou uma atitude conservadora.

"Estamos em um momento em que há perspectiva de melhora do cenário econômico no Brasil. A agência tomou essa decisão para não errar caso o quadro mude novamente", diz.

Déficit e dívida

A Standard & Poor's considerou excessivos e arriscados os atuais déficit orçamentário, volume e perfil da dívida externa do Brasil.

"Estamos preocupados com a estrutura da dívida do Brasil", disse ontem Lisa Schineller, diretora-associada do S&P para risco soberano, durante uma conferência telefônica.

"O ambiente de juros e câmbio criou um déficit nominal maior do que havíamos antecipado no início deste ano."

Os dados usados para o rebaixamento pela S&P foram o crescimento do déficit orçamentário do governo, de 5% para 7% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país em um ano) entre 2000 e 2001, e o volume atual da dívida externa do Brasil.




 

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