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16/08/2001 - 08h53

Oficiais de Justiça intimam Mansur depois de preso

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JOSÉLIA AGUIAR
da Folha de S.Paulo

Em seu primeiro dia na carceragem da Polícia Federal, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, o ex-proprietário do Mappin e da Mesbla, Ricardo Mansur, teve de receber visitas que há muito tempo evitava.

Pelas contas de agentes da PF, pelo menos seis oficiais de Justiça apareceram para entregar mandados de citação nos quais o empresário é informado de que, num prazo de 24 horas, terá de pagar dívidas ou oferecer bens para penhora (garantindo pagamento de dívida).

Oficiais de Justiça disseram que haviam tentado encontrar o empresário outras vezes, mas ele nunca estava nos endereços que constavam dos processos. Os documentos tiveram de ser assinados ontem pessoalmente por Mansur.

A visita mais barulhenta ocorreu no final da tarde. Ex-funcionários do Mappin fizeram uma manifestação na frente do edifício da Polícia Federal, com um carro de som. Suas palavras de ordem: ''Quer roubar, quer roubar, o Mansur vai ensinar''.

Os cerca de 30 antigos empregados da rede de lojas foram protestar contra o provável habeas corpus que ele pretende conseguir, como afirmaram seus advogados. ''Não é possível que empresários como ele possam falir desse jeito e depois sair sorrindo, sem qualquer punição, depois de destruir a vida de milhares de funcionários'', afirmou Ricardo Patah, vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, entidade que organizou o protesto com apoio da Força Sindical.

Em todo o país, as redes de lojas Mappin e Mesbla deixaram mais de 10 mil funcionários que ainda têm dívidas trabalhistas a receber. Pelos cálculos do sindicato, já foram pagos R$ 8 milhões em verbas rescisórias, mas restam pelo menos R$ 32 milhões.

Patah disse que existem pelo menos 200 casos de empresas do setor que faliram e ainda têm dívidas trabalhistas para pagar. ''Existem empresas que faliram há duas décadas e os funcionários não conseguiram receber nada até hoje'', acrescentou.

Edson Ramos, 42, trabalhou no Mappin durante 14 anos, exatamente no departamento de relações trabalhistas. Casado, pai de dois filhos, disse que ficou oito meses sem conseguir outro emprego, também no comércio. Demorou quase um ano para receber somente parte da dívida que o Mappin precisa lhe pagar.

A maior parte do dinheiro -entre os quais a multa de 40% sobre o FGTS paga quando a demissão ocorre sem justa causa- ainda não saiu. ''Tenho colegas que ficaram em situação muito pior do que a minha. Gente que até hoje não arranjou emprego.''

A ex-gerente de uma das filiais do Mappin Maria Aparecida Lemos, 40, também apareceu para protestar. ''Só em saber que ele está preso aí dentro já dá para sentir certa satisfação'', explicou. Aparecida também conseguiu outro emprego pouco depois, na mesma função. Mas disse que ainda precisa receber pelo menos metade do que tem direito.

''A minha situação podia ter sido pior, se eu tivesse filhos.''

 

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