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19/08/2001
-
09h54
JONATHAN FUERBRINGER
do ''New York Times''
Philip ehrmann , do Gartmore Investment Management, de Londres, continua a acreditar nos mercados emergentes. Como diretor da unidade de mercados emergentes e administrador de uma carteira de cerca de US$ 1 bilhão, ele vem tentando convencer os investidores a voltar a investir nesses mercados voláteis. ''Os próximos dois ou três anos serão um bom momento para entrar neles'', diz.
Não há muita gente aceitando seu conselho. ''Muito difícil'', é como ele descreve seu trabalho de vender os mercados emergentes, depois de recente viagem aos Estados Unidos. ''As coisas estão bem escuras lá fora.''
Negras, para dizer a verdade.
Mesmo com grandes altas esporádicas, o índice de ações de mercados emergentes registra queda de 44,3% em relação ao pico de 1993, em termos de dólares, e uma queda de 29% nos últimos 12 meses. A década passada está repleta de crises que reduziram ou eliminaram os ganhos de anos anteriores, como o colapso financeiro asiático em 1997, a desvalorização do rublo pela Rússia em 1998, a desvalorização do real pelo Brasil em 1999, a crise turca deste ano e a luta da Argentina por evitar a moratória sobre sua dívida e a desvalorização de sua moeda.
Com suas esperanças destruídas, os grandes e pequenos investidores uma vez mais estão procurando a porta de saída, e dessa vez pode ser que demorem a encontrar. A perda líquida de investimentos neste ano é de US$ 1,3 bilhão até agora, ou 6,6% dos ativos dos fundos mútuos de ações dedicados aos mercados emergentes, de acordo com a AMG Data Services. No ano passado, US$ 1,9 bilhão saiu desses fundos, o terceiro ano consecutivo de declínio nos investimentos.
Mas a fuga dos investidores fez mais do que simplesmente levar o dinheiro de volta para casa. Ela está mudando a natureza dos mercados emergentes como local de investimento e, além disso, mudando a forma pela qual Wall Street aborda esses mercados.
Isso significa que, mesmo que os investidores ocidentais continuem a impor regras às políticas fiscais e monetárias de muitos países em desenvolvimento, estão dirigindo menos dinheiro a diversos deles e se concentrando em um punhado de favoritos, como o Brasil.
''Os mercados emergentes são uma pálida sombra do que foram no passado'', diz Arturo C. Porzecanski, economista-chefe para mercados emergentes do ABN-Amro Securities. ''Era um mercado quente, as pessoas queriam trabalhar nessa área. Não é mais assim.''
Até mesmo alguns dos especialistas do setor sugerem agora que talvez seja melhor que os investidores individuais se mantenham distantes.
''É um mercado de operações, e não um mercado para comprar títulos e mantê-los'', diz Geoffery Dennis, estrategista de ações latino-americanas do banco de investimentos Salomon Smith Barney. ''Trata-se de mercados muito mais interessantes para investidores de curto prazo do que de longo prazo.''
Fim do prestígio
No passado vistos como uma classe separada de ativos, onde investidores eram encorajados a estacionar dinheiro para diversificar suas carteiras, esses mercados agora se tornaram muito mais fragmentados. Deixou de ser considerado essencial ter alguma presença em mercados emergentes que prometam recompensas potencialmente grandes para as pessoas dispostas a encarar os riscos. De fato, alguns países simplesmente saíram das telas de radar dos investidores.
''Os dias em que um investidor de varejo dizia que realmente queria investir em um fundo que o expusesse à Turquia fazem parte do passado'', diz Adrian Faure, diretor do recentemente reorganizado grupo mundial de pesquisa sobre mercados emergentes do banco de investimentos Merrill Lynch.
Fuga dos pequenos
Embora o volume de operações com ações e bônus desses países não seja uma medida perfeita do interesse dos investidores, ele despencou em países como Chile, Filipinas e Venezuela. ''O investimento em pequenos países é difícil de justificar'', diz Miguel Gutierrez, diretor de mercados emergentes do banco de investimentos JP Morgan.
Mesmo na Argentina, cujo mercado de bônus esteve ativo, se bem que em queda, neste ano o volume de transações com bônus é de cerca de um terço do atingido no pico da crise financeira iniciada no Sudeste Asiático e que se espalhou a todos os países em desenvolvimento em 98. O valor das ações negociadas em 2000 na Argentina foi de cerca de 10% do total de 1997 e não supera em muito o resultado de 1991.
O número de novas emissões de ações em países em desenvolvimento também caiu acentuadamente. O valor em dólar dessas novas emissões caiu em mais de 70% até agora neste ano.
Parte da queda se deve ao fato de que muitos fundos de hedge e especuladores que costumavam operar nesses mercados se foram, deixando os investidores locais como base. ''O apetite pelo risco nos mercados internacionais está mudando'', diz Richie Prager, diretor de mercados emergentes no Bank of America.
Análise: Investidores fogem dos mercados emergentes
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do ''New York Times''
Philip ehrmann , do Gartmore Investment Management, de Londres, continua a acreditar nos mercados emergentes. Como diretor da unidade de mercados emergentes e administrador de uma carteira de cerca de US$ 1 bilhão, ele vem tentando convencer os investidores a voltar a investir nesses mercados voláteis. ''Os próximos dois ou três anos serão um bom momento para entrar neles'', diz.
Não há muita gente aceitando seu conselho. ''Muito difícil'', é como ele descreve seu trabalho de vender os mercados emergentes, depois de recente viagem aos Estados Unidos. ''As coisas estão bem escuras lá fora.''
Negras, para dizer a verdade.
Mesmo com grandes altas esporádicas, o índice de ações de mercados emergentes registra queda de 44,3% em relação ao pico de 1993, em termos de dólares, e uma queda de 29% nos últimos 12 meses. A década passada está repleta de crises que reduziram ou eliminaram os ganhos de anos anteriores, como o colapso financeiro asiático em 1997, a desvalorização do rublo pela Rússia em 1998, a desvalorização do real pelo Brasil em 1999, a crise turca deste ano e a luta da Argentina por evitar a moratória sobre sua dívida e a desvalorização de sua moeda.
Com suas esperanças destruídas, os grandes e pequenos investidores uma vez mais estão procurando a porta de saída, e dessa vez pode ser que demorem a encontrar. A perda líquida de investimentos neste ano é de US$ 1,3 bilhão até agora, ou 6,6% dos ativos dos fundos mútuos de ações dedicados aos mercados emergentes, de acordo com a AMG Data Services. No ano passado, US$ 1,9 bilhão saiu desses fundos, o terceiro ano consecutivo de declínio nos investimentos.
Mas a fuga dos investidores fez mais do que simplesmente levar o dinheiro de volta para casa. Ela está mudando a natureza dos mercados emergentes como local de investimento e, além disso, mudando a forma pela qual Wall Street aborda esses mercados.
Isso significa que, mesmo que os investidores ocidentais continuem a impor regras às políticas fiscais e monetárias de muitos países em desenvolvimento, estão dirigindo menos dinheiro a diversos deles e se concentrando em um punhado de favoritos, como o Brasil.
''Os mercados emergentes são uma pálida sombra do que foram no passado'', diz Arturo C. Porzecanski, economista-chefe para mercados emergentes do ABN-Amro Securities. ''Era um mercado quente, as pessoas queriam trabalhar nessa área. Não é mais assim.''
Até mesmo alguns dos especialistas do setor sugerem agora que talvez seja melhor que os investidores individuais se mantenham distantes.
''É um mercado de operações, e não um mercado para comprar títulos e mantê-los'', diz Geoffery Dennis, estrategista de ações latino-americanas do banco de investimentos Salomon Smith Barney. ''Trata-se de mercados muito mais interessantes para investidores de curto prazo do que de longo prazo.''
Fim do prestígio
No passado vistos como uma classe separada de ativos, onde investidores eram encorajados a estacionar dinheiro para diversificar suas carteiras, esses mercados agora se tornaram muito mais fragmentados. Deixou de ser considerado essencial ter alguma presença em mercados emergentes que prometam recompensas potencialmente grandes para as pessoas dispostas a encarar os riscos. De fato, alguns países simplesmente saíram das telas de radar dos investidores.
''Os dias em que um investidor de varejo dizia que realmente queria investir em um fundo que o expusesse à Turquia fazem parte do passado'', diz Adrian Faure, diretor do recentemente reorganizado grupo mundial de pesquisa sobre mercados emergentes do banco de investimentos Merrill Lynch.
Fuga dos pequenos
Embora o volume de operações com ações e bônus desses países não seja uma medida perfeita do interesse dos investidores, ele despencou em países como Chile, Filipinas e Venezuela. ''O investimento em pequenos países é difícil de justificar'', diz Miguel Gutierrez, diretor de mercados emergentes do banco de investimentos JP Morgan.
Mesmo na Argentina, cujo mercado de bônus esteve ativo, se bem que em queda, neste ano o volume de transações com bônus é de cerca de um terço do atingido no pico da crise financeira iniciada no Sudeste Asiático e que se espalhou a todos os países em desenvolvimento em 98. O valor das ações negociadas em 2000 na Argentina foi de cerca de 10% do total de 1997 e não supera em muito o resultado de 1991.
O número de novas emissões de ações em países em desenvolvimento também caiu acentuadamente. O valor em dólar dessas novas emissões caiu em mais de 70% até agora neste ano.
Parte da queda se deve ao fato de que muitos fundos de hedge e especuladores que costumavam operar nesses mercados se foram, deixando os investidores locais como base. ''O apetite pelo risco nos mercados internacionais está mudando'', diz Richie Prager, diretor de mercados emergentes no Bank of America.
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