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27/08/2001 - 10h40

Fazendas Reunidas Boi Gordo emite ações preferenciais

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da Folha de S.Paulo

A Fazendas Reunidas Boi Gordo recebeu autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), no último dia 22, para a emissão de 3,15 bilhões de ações preferenciais (sem direito a voto).

A Boi Gordo é uma das quatro empresas do setor pecuário autorizadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a vender CICs (Contratos de Investimento Coletivo) em engorda de animais, uma modalidade de aplicação financeira em que a rentabilidade é determinada pelo ganho de peso do animal e pela oscilação do preço da arroba no mercado.

As ações estão sendo vendidas por meio da corretora Previbank ao custo de R$ 0,10 por unidade. A oferta é aberta ao público em geral, e a empresa permite que investidores que tenham CICs emitidos por ela, vencidos ou não, possam ser convertidos em ação. Nesse caso, é preciso prestar atenção na diferença entre as duas modalidades de aplicação.

A conversão do CIC para esse papel não é tão simples para os contratos que ainda não venceram. Quem resgata antes de 18 meses -prazo usual dos títulos- é penalizado. Do valor a ser pago, a empresa deduz 22% a título de despesas veterinárias e administrativas, contra 10% de quem espera o CIC vencer.

O mais importante a ser avaliado é se a troca se encaixa no perfil de risco do investidor. Diferentemente dos CICs, que asseguram que cada animal irá engordar pelo menos 42% durante a vigência do contrato, as ações não garantem nenhum retorno.

Comprar ações significa ter um pedaço da empresa. O bom desempenho da sua aplicação vai depender do sucesso da companhia. Tanto pode-se ter lucro como perder tudo que foi aplicado.

Segundo Fábio Fonseca, superintendente de relações com empresas da CVM, o investidor deve analisar balanços, estatutos e prospectos para ver se as projeções de desempenho são viáveis.

''A CVM não promete sucesso. Ela apenas dá a garantia de que todas as informações para o investidor, correr o risco ou não, estão disponíveis'', diz ele.

No entanto, até a última sexta-feira, quando as ações já estavam sendo comercializadas, o balanço do último exercício, encerrado em 30 de maio, não estava disponível no site da Boi Gordo nem nos prospectos, que, segundo a empresa, ainda estavam na gráfica para depois serem disponibilizados aos investidores.

Outro ponto a ser analisado é a liquidez (facilidade de comercialização) da ação. A negociação dos papéis da Boi Gordo não será feita em uma Bolsa nem em um mercado de balcão organizado.

Para se desfazer do papel, o investidor terá de procurar quem quer comprar a ação por meio de uma corretora.

''A visibilidade nesse caso não é grande, e fica difícil encontrar quem quer comprar ou vender'', explica Gregorio Rodriguez, da corretora Socopa.

Atualmente, o capital da Boi Gordo é composto integralmente por ações ON (ordinárias, com direito a voto), divididas da seguinte forma: 51% estão em poder de Paulo Roberto de Andrade, diretor-presidente da empresa; 26% estão com a Colonizadora Boi Gordo; e 23%, com a Casa Grande. Todas as empresas são controladas por Paulo Roberto de Andrade.

A partir de 20 de outubro, será feita uma nova divisão, já que novos sócios vão entrar com a compra das ações PN, mas o controle continuará sendo do diretor-presidente.

''Como as ações preferenciais não dão direito a voto, o poder, nesse caso, continuará concentrado, sem que os investidores possam alterar qualquer situação'', diz Alberto Borges Matias, da ABM Consulting.

De acordo com o anúncio de início de distribuição pública de ações feita pela Boi Gordo no dia 22/08, os recursos captados com a venda dos papéis serão usados na redução do seu passivo. O maior percentual do passivo se refere a recursos devidos aos investidores que compraram contratos de engorda de boi.

O último balanço disponibilizado pela Boi Gordo em seu site (de 01/06/00 a 28/02/01) mostra que, dos R$ 610,2 milhões que foram captados dos investidores por meio de CICs, só R$ 151,5 milhões estavam aplicados em bois. Outros R$ 356,4 milhões estavam em imóveis, tipo de investimento de baixa liquidez, observa Matias.

O prejuízo acumulado nesta data era de R$ 198,1 milhões, e o patrimônio líquido estava negativo em R$ 107,3 milhões.

A Boi Gordo também recebeu autorização, no dia 20 deste mês, para emitir novos CICs equivalentes a 7.041.969 arrobas.

De acordo com informações da empresa, 51 mil contratos serão feitos em boi magro e 81 mil, em garrotes.

 

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