Publicidade
Publicidade
Europa vê Mercosul sem voz única e fragmentado
Publicidade
CLÁUDIA TREVISAN
da Folha de S.Paulo
A União Européia vê o Mercosul como um bloco fragmentado, sem posições unificadas sobre temas de política internacional e com um novo integrante -a Venezuela- que ainda não definiu suas obrigações com os demais parceiros.
Ainda assim, os europeus consideram prioritária a conclusão das negociações de um acordo de livre comércio com os latino-americanos, que deverão ser retomadas no segundo semestre, depois de um período de paralisia iniciado em novembro de 2006.
"Depois da Rodada Doha, a negociação com o Mercosul é a mais avançada que temos e a que acreditamos poder concluir mais rapidamente", afirmou ontem, em São Paulo, Karl Falkenberg, diretor-adjunto de Comércio e negociador-chefe para o Mercosul da União Européia, no 3º Fórum Europeu.
Falkenberg e o diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, Evandro Didonet, ressaltaram que o andamento da negociação União Européia-Mercosul depende do desfecho da Rodada Doha, que ocorre em âmbito multilateral na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Só depois que forem definidos os compromissos em relação a todos os membros da OMC é que os dois blocos poderão decidir o tipo de concessões adicionais que farão no seu comércio bilateral.
As próximas quatro semanas serão decisivas para o futuro da Rodada Doha, que corre o risco de naufragar. De 19 a 22 de junho, EUA, União Européia, Brasil e Índia -o chamado G4- se reúnem para tentar aproximar suas posições. Na opinião de Falkenberg, o desfecho da rodada multilateral, seja ele positivo ou negativo, dará clareza às negociações entre a União Européia e o Mercosul.
O representante europeu deixou claro que o baixo grau de integração do Mercosul será um dos focos das discussões bilaterais. Segundo ele, a Europa oferece um mercado de 450 milhões de pessoas em 27 países, aos quais os produtos importados têm acesso depois de passar por um único posto alfandegário, o que não ocorre no Mercosul. "Seria uma situação muito desequilibrada se de um lado houver um mercado integrado e grande e, do outro, um mercado fragmentado."
Falkenberg também demonstrou desconforto com a entrada da Venezuela no Mercosul, anunciada no ano passado. "Há muitas questões em aberto. A Venezuela ainda não definiu quais são suas obrigações em relação a seus parceiros dentro do Mercosul. Enquanto isso não for esclarecido, será muito difícil definir quais seriam os compromissos que ofereceria à União Européia."
A ausência de posições unificadas no Mercosul em relação a temas internacionais foi destacada pelo representante europeu para justificar o estabelecimento de parceria estratégica entre a UE e o Brasil -e não com todo o bloco.
A parceria será anunciada no dia 4 de julho em Lisboa, na primeira cúpula UE-Brasil. "Essa é uma possibilidade de falar sobre temas internacionais específicos, em relação aos quais o Mercosul não fala com uma única voz. O Mercosul é um sistema de integração econômica, mas não integrou sua posição em temas como Nações Unidas, missões de paz ao redor do mundo etc.", disse Falkenberg.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice