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02/06/2007 - 09h22

Europa vê Mercosul sem voz única e fragmentado

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CLÁUDIA TREVISAN
da Folha de S.Paulo

A União Européia vê o Mercosul como um bloco fragmentado, sem posições unificadas sobre temas de política internacional e com um novo integrante -a Venezuela- que ainda não definiu suas obrigações com os demais parceiros.

Ainda assim, os europeus consideram prioritária a conclusão das negociações de um acordo de livre comércio com os latino-americanos, que deverão ser retomadas no segundo semestre, depois de um período de paralisia iniciado em novembro de 2006.

"Depois da Rodada Doha, a negociação com o Mercosul é a mais avançada que temos e a que acreditamos poder concluir mais rapidamente", afirmou ontem, em São Paulo, Karl Falkenberg, diretor-adjunto de Comércio e negociador-chefe para o Mercosul da União Européia, no 3º Fórum Europeu.

Falkenberg e o diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, Evandro Didonet, ressaltaram que o andamento da negociação União Européia-Mercosul depende do desfecho da Rodada Doha, que ocorre em âmbito multilateral na OMC (Organização Mundial do Comércio).

Só depois que forem definidos os compromissos em relação a todos os membros da OMC é que os dois blocos poderão decidir o tipo de concessões adicionais que farão no seu comércio bilateral.

As próximas quatro semanas serão decisivas para o futuro da Rodada Doha, que corre o risco de naufragar. De 19 a 22 de junho, EUA, União Européia, Brasil e Índia -o chamado G4- se reúnem para tentar aproximar suas posições. Na opinião de Falkenberg, o desfecho da rodada multilateral, seja ele positivo ou negativo, dará clareza às negociações entre a União Européia e o Mercosul.

O representante europeu deixou claro que o baixo grau de integração do Mercosul será um dos focos das discussões bilaterais. Segundo ele, a Europa oferece um mercado de 450 milhões de pessoas em 27 países, aos quais os produtos importados têm acesso depois de passar por um único posto alfandegário, o que não ocorre no Mercosul. "Seria uma situação muito desequilibrada se de um lado houver um mercado integrado e grande e, do outro, um mercado fragmentado."

Falkenberg também demonstrou desconforto com a entrada da Venezuela no Mercosul, anunciada no ano passado. "Há muitas questões em aberto. A Venezuela ainda não definiu quais são suas obrigações em relação a seus parceiros dentro do Mercosul. Enquanto isso não for esclarecido, será muito difícil definir quais seriam os compromissos que ofereceria à União Européia."

A ausência de posições unificadas no Mercosul em relação a temas internacionais foi destacada pelo representante europeu para justificar o estabelecimento de parceria estratégica entre a UE e o Brasil -e não com todo o bloco.

A parceria será anunciada no dia 4 de julho em Lisboa, na primeira cúpula UE-Brasil. "Essa é uma possibilidade de falar sobre temas internacionais específicos, em relação aos quais o Mercosul não fala com uma única voz. O Mercosul é um sistema de integração econômica, mas não integrou sua posição em temas como Nações Unidas, missões de paz ao redor do mundo etc.", disse Falkenberg.

 

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