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03/09/2001
-
10h24
PAULA PAVON
da Folha de S.Paulo
É consenso entre os analistas do mercado que basta olhar o histórico de rentabilidade do fundo, sua política de investimento e a taxa de administração para avaliar se vale a pena ou não o investimento. Mas, em breve, segundo especialistas, outro item deverá fazer parte dos critérios de seleção: o das empresas socialmente responsáveis.
Nesse conceito estão inseridas as companhias que não poluem o ambiente, não têm passivos trabalhistas e têm bom relacionamento com a comunidade local.
Nos Estados Unidos e na Europa, já é prática comum investidores optarem por aplicar seus recursos em fundos compostos por empresas que tenham responsabilidade social e ambiental.
Nesses fundos, por exemplo, não entram ações de empresas ligadas ao tabaco, a armas ou bebidas alcoólicas. "Esses fundos investem somente em empresas com consciência social", diz Renato Grandmont, estrategista-chefe para a América Latina do Deutsche Bank.
No Brasil, as iniciativas de valorização desse tipo de empresa estão apenas começando. O primeiro fundo voltado para elas será lançado daqui a 60 dias pela ABN Amro Asset Management.
O fundo será composto somente por empresas que adotam o conceito de responsabilidade social. "Teremos entre 10 e 15 empresas, mas ainda estamos estudando quais farão parte", diz Luis Eduardo Maia, executivo da ABN Amro Asset Management.
Para Valdemar Oliveira Neto, superintendente do Instituto Ethos, organização que estimula empresas a adotarem o conceito de responsabilidade social, o investidor está mais protegido ao aplicar nessas empresas.
"Em geral, essas empresas já têm um nível de preço em Bolsa adequado ao seu valor. Por isso o investimento tende a ser mais seguro e a valorização mais estável."
O risco de investir em empresas socialmente responsáveis, segundo Neto, é menor, já que dificilmente seus balanços serão onerados por multas ambientais e ações trabalhistas. "A lei de crimes ambientais, por exemplo, prevê uma multa de até R$ 50 milhões", diz.
"Isso pode representar um impacto no balanço da empresa e ela pode vir a perder mercado por questões ambientais, caso não esteja preparada para lidar com isso", acrescenta.
De acordo com Maia, a experiência em outros países do mundo com fundos que seguem esse conceito mostra que, no longo prazo, a rentabilidade tende a ser maior. "Isso porque o próprio funcionário passa a produzir mais numa empresa que o valoriza", observa Maia.
A corretora Unibanco produz desde janeiro deste ano relatórios analisando o comportamento de diversas empresas nas áreas social e ambiental. "Esse trabalho surgiu como uma resposta a uma demanda vinda do exterior", diz o analista Christopher Wells. Várias empresas já foram analisadas pela instituição, dentre elas Aracruz, Perdigão e Embraer.
Ele afirma que o brasileiro está despertando agora para a importância de investir em empresas que seguem conceitos de transparência e ética. "Sempre haverá investidores que vão perceber uma possibilidade de ganho maior ao aplicar nessas empresas", diz Wells. "Eles podem achar, por exemplo, que o custo ambiental vai subir, e as empresas que já seguem normas de proteção ao meio ambiente irão se beneficiar", afirma.
Respeito ao ambiente e ao trabalhador valoriza empresas
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da Folha de S.Paulo
É consenso entre os analistas do mercado que basta olhar o histórico de rentabilidade do fundo, sua política de investimento e a taxa de administração para avaliar se vale a pena ou não o investimento. Mas, em breve, segundo especialistas, outro item deverá fazer parte dos critérios de seleção: o das empresas socialmente responsáveis.
Nesse conceito estão inseridas as companhias que não poluem o ambiente, não têm passivos trabalhistas e têm bom relacionamento com a comunidade local.
Nos Estados Unidos e na Europa, já é prática comum investidores optarem por aplicar seus recursos em fundos compostos por empresas que tenham responsabilidade social e ambiental.
Nesses fundos, por exemplo, não entram ações de empresas ligadas ao tabaco, a armas ou bebidas alcoólicas. "Esses fundos investem somente em empresas com consciência social", diz Renato Grandmont, estrategista-chefe para a América Latina do Deutsche Bank.
No Brasil, as iniciativas de valorização desse tipo de empresa estão apenas começando. O primeiro fundo voltado para elas será lançado daqui a 60 dias pela ABN Amro Asset Management.
O fundo será composto somente por empresas que adotam o conceito de responsabilidade social. "Teremos entre 10 e 15 empresas, mas ainda estamos estudando quais farão parte", diz Luis Eduardo Maia, executivo da ABN Amro Asset Management.
Para Valdemar Oliveira Neto, superintendente do Instituto Ethos, organização que estimula empresas a adotarem o conceito de responsabilidade social, o investidor está mais protegido ao aplicar nessas empresas.
"Em geral, essas empresas já têm um nível de preço em Bolsa adequado ao seu valor. Por isso o investimento tende a ser mais seguro e a valorização mais estável."
O risco de investir em empresas socialmente responsáveis, segundo Neto, é menor, já que dificilmente seus balanços serão onerados por multas ambientais e ações trabalhistas. "A lei de crimes ambientais, por exemplo, prevê uma multa de até R$ 50 milhões", diz.
"Isso pode representar um impacto no balanço da empresa e ela pode vir a perder mercado por questões ambientais, caso não esteja preparada para lidar com isso", acrescenta.
De acordo com Maia, a experiência em outros países do mundo com fundos que seguem esse conceito mostra que, no longo prazo, a rentabilidade tende a ser maior. "Isso porque o próprio funcionário passa a produzir mais numa empresa que o valoriza", observa Maia.
A corretora Unibanco produz desde janeiro deste ano relatórios analisando o comportamento de diversas empresas nas áreas social e ambiental. "Esse trabalho surgiu como uma resposta a uma demanda vinda do exterior", diz o analista Christopher Wells. Várias empresas já foram analisadas pela instituição, dentre elas Aracruz, Perdigão e Embraer.
Ele afirma que o brasileiro está despertando agora para a importância de investir em empresas que seguem conceitos de transparência e ética. "Sempre haverá investidores que vão perceber uma possibilidade de ganho maior ao aplicar nessas empresas", diz Wells. "Eles podem achar, por exemplo, que o custo ambiental vai subir, e as empresas que já seguem normas de proteção ao meio ambiente irão se beneficiar", afirma.
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