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24/09/2001
-
10h08
JOSÉ SERGIO OSSE
da Folha de S.Paulo
O mercado de obras de arte está crescendo em um campo específico: o de artistas contemporâneos. Versáteis, as peças produzidas por eles estão ganhando espaço em ritmo razoável no país, sendo consideradas, por alguns especialistas, uma boa alternativa para investimento.
Os números são tentadores. Uma escultura da série ''Bichos", da artista Lygia Clark, de porte grande, valorizou-se, em média, 190% ao ano, entre 1995 e 2001. O quadro "Carretéis", de Iberê Camargo, subiu mais de 2.700% em 15 anos. O preço de uma fotografia da série "Chocolate", de Vik Muniz, passou de US$ 3.500 para US$ 30 mil, de 1996 para cá.
Para Oscar Cruz, sócio da galeria Thomas Cohn em São Paulo e vice-presidente da Associação dos Mercadores de Arte do Brasil (AMA), o investimento em arte é "o mais rentável, incluindo na comparação aplicações em Bolsa, em fundos e em dólar". Em tempos de crise econômica, pode soar um pouco exagerado, mas Cruz justifica: "Depois de anos de retração, o mercado brasileiro, apesar de ainda pequeno, está em franca expansão".
Interesse estrangeiro
O colecionador paulista Ladi Biezus concorda com Cruz. "A produção de nossos artistas contemporâneos é muito boa, e os preços ainda são muito acessíveis", afirma. "Se a economia está mal agora, considero isso passageiro e, considerando que o investimento em arte é de médio a longo prazo, este pode ser um bom momento para o investidor", acrescenta.
Segundo Cruz, uma das grandes vantagens das obras de artistas brasileiros contemporâneos é que elas têm despertado o interesse de colecionadores e investidores estrangeiros, o que tem contribuído para o aumento da procura e da liquidez desse segmento. "Além da qualidade, o preço das obras é baixo para os estrangeiros." Apesar de o histórico de rentabilidade de alguns artistas ser muito bom, Telmo Porto, colecionador e diretor do Mube (Museu Brasileiro de Escultura), alerta: é preciso muita atenção para não se iludir. "O mercado brasileiro de arte não oferece, em geral, níveis de risco e rentabilidade bons", diz ele. "Se você quer investir só para ganhar dinheiro, é melhor procurar um fundo de investimento, onde é possível ganhar mais, com risco menor", explica Porto. O tombo de quem aplica em arte de olho só no lucro, afirma, pode ser alto.
Para quem quer unir o útil ao agradável, outra alternativa, afirma, é comprar um quadro de grandes mestres como Tarsila do Amaral ou Di Cavalcanti. "Assim, o ganho vai ser pequeno, mas constante." Com um artista contemporâneo, pode-se ganhar mais, mas é uma loteria.
Desconhecimento
O problema para o investidor, na opinião de Juliana Monacchesi, curadora de arte contemporânea do Centro Cultural Itaú, é a falta de conhecimento. Segundo ela, é difícil para quem não é ligado às artes diferenciar uma boa obra de uma ruim. "É aí que se perde dinheiro", diz ela. Mas, para Biezus, "comprar sem conhecer é um risco, mas também um aprendizado".
Como ressalta Cruz, "arte definitivamente não é um mercado para amadores". É preciso frequentar leilões, exposições e galerias, ler e pesquisar muito antes de se aventurar sozinho no setor.
Para o consultor de arte e autor do "Manual do Mercado de Arte" (Ed. Júlio Louzada), João Carlos Lopes, quem compra arte sem ajuda profissional, mesmo com conhecimento prévio, arrisca-se a perder dinheiro. "Não só porque a obra pode se desvalorizar. Mas também porque pode perder liquidez, sendo impossível passá-la para a frente."
Cresce procura por obra de arte contemporânea
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da Folha de S.Paulo
O mercado de obras de arte está crescendo em um campo específico: o de artistas contemporâneos. Versáteis, as peças produzidas por eles estão ganhando espaço em ritmo razoável no país, sendo consideradas, por alguns especialistas, uma boa alternativa para investimento.
Os números são tentadores. Uma escultura da série ''Bichos", da artista Lygia Clark, de porte grande, valorizou-se, em média, 190% ao ano, entre 1995 e 2001. O quadro "Carretéis", de Iberê Camargo, subiu mais de 2.700% em 15 anos. O preço de uma fotografia da série "Chocolate", de Vik Muniz, passou de US$ 3.500 para US$ 30 mil, de 1996 para cá.
Para Oscar Cruz, sócio da galeria Thomas Cohn em São Paulo e vice-presidente da Associação dos Mercadores de Arte do Brasil (AMA), o investimento em arte é "o mais rentável, incluindo na comparação aplicações em Bolsa, em fundos e em dólar". Em tempos de crise econômica, pode soar um pouco exagerado, mas Cruz justifica: "Depois de anos de retração, o mercado brasileiro, apesar de ainda pequeno, está em franca expansão".
Interesse estrangeiro
O colecionador paulista Ladi Biezus concorda com Cruz. "A produção de nossos artistas contemporâneos é muito boa, e os preços ainda são muito acessíveis", afirma. "Se a economia está mal agora, considero isso passageiro e, considerando que o investimento em arte é de médio a longo prazo, este pode ser um bom momento para o investidor", acrescenta.
Segundo Cruz, uma das grandes vantagens das obras de artistas brasileiros contemporâneos é que elas têm despertado o interesse de colecionadores e investidores estrangeiros, o que tem contribuído para o aumento da procura e da liquidez desse segmento. "Além da qualidade, o preço das obras é baixo para os estrangeiros." Apesar de o histórico de rentabilidade de alguns artistas ser muito bom, Telmo Porto, colecionador e diretor do Mube (Museu Brasileiro de Escultura), alerta: é preciso muita atenção para não se iludir. "O mercado brasileiro de arte não oferece, em geral, níveis de risco e rentabilidade bons", diz ele. "Se você quer investir só para ganhar dinheiro, é melhor procurar um fundo de investimento, onde é possível ganhar mais, com risco menor", explica Porto. O tombo de quem aplica em arte de olho só no lucro, afirma, pode ser alto.
Para quem quer unir o útil ao agradável, outra alternativa, afirma, é comprar um quadro de grandes mestres como Tarsila do Amaral ou Di Cavalcanti. "Assim, o ganho vai ser pequeno, mas constante." Com um artista contemporâneo, pode-se ganhar mais, mas é uma loteria.
Desconhecimento
O problema para o investidor, na opinião de Juliana Monacchesi, curadora de arte contemporânea do Centro Cultural Itaú, é a falta de conhecimento. Segundo ela, é difícil para quem não é ligado às artes diferenciar uma boa obra de uma ruim. "É aí que se perde dinheiro", diz ela. Mas, para Biezus, "comprar sem conhecer é um risco, mas também um aprendizado".
Como ressalta Cruz, "arte definitivamente não é um mercado para amadores". É preciso frequentar leilões, exposições e galerias, ler e pesquisar muito antes de se aventurar sozinho no setor.
Para o consultor de arte e autor do "Manual do Mercado de Arte" (Ed. Júlio Louzada), João Carlos Lopes, quem compra arte sem ajuda profissional, mesmo com conhecimento prévio, arrisca-se a perder dinheiro. "Não só porque a obra pode se desvalorizar. Mas também porque pode perder liquidez, sendo impossível passá-la para a frente."
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