Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/08/2007 - 10h17

Bom Retiro avança com o "fast fashion"

Publicidade

DENISE BRITO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

As pequenas confecções instaladas no bairro paulistano do Bom Retiro têm ganho competitividade e até quebrado paradigmas no mercado de moda a partir de duas importantes características de gestão: pesquisa de tendências e agilidade na tomada de decisões.

Essa é uma das conclusões de pesquisa realizada pelo professor de marketing da USP Elias Frederico, que já atuou em cargos executivos em redes de varejo de moda como C&A e Pernambucanas. "Agilidade é fundamental para mercados voláteis como a moda", diz. As confecções do bairro assimilaram um modelo de gestão especializado em lançar tendências de moda a partir do encurtamento da cadeia produtiva.

O sistema, conhecido como "fast fashion", é o mesmo adotado em redes varejistas, como C&A, Renner e Zara. Nele, o lançamento das tradicionais duas coleções de roupas por ano é substituído por várias minicoleções que buscam antecipar as novidades a caminho das vitrines dos principais mercados de moda e gerar um fluxo acelerado de vendas.

Viagens

As fábricas do Bom Retiro abastecem lojas multimarcas de todo o país com novidades garimpadas em até oito viagens anuais de seus estilistas a centros de moda como Paris, Londres, Nova York, Milão, Amsterdã e Barcelona.

"São empresas com produção de 60 mil peças por mês, que levam apenas 20 dias para cumprir as fases de produção da amostra [peça trazida das viagens para ser copiada] até a chegada na pronta entrega, o que pode levar 60 dias em uma loja de departamento", diz Frederico. "Não há preocupação com coleção completa ou peças coordenadas, mas com agilidade, processo logístico, visão focada em categoria."

A decisão costuma ser centralizada e baseada nas informações diárias colhidas dos clientes ou no "feeling" do proprietário. Conforme uma peça alcança um bom desempenho de venda, ganha prioridade na cadeia produtiva.

O corte de calças pode ser interrompido para dar lugar à intensificação da produção de uma blusa com boas vendas. Também não há planejamento de quantidade de sortimento, prevalece a regra "se está vendendo, vai fazendo".

Para ajudar a formar o conceito de moda e quebrar resistências, as vendedoras costumam vestir os itens de inovação. O estoque é mínimo, dura apenas de 20 a 30 dias, e as novidades são diárias, chegando a 3.000 modelos por ano.

Influência

A estratégia "fast fashion" já influencia até as confecções com propostas diferentes. "No passado, a gente lançava em junho para entregar [ao mercado] em dezembro, pois não havia essa ditadura de agilidade. Hoje, lanço em junho para entregar no final de setembro", diz Cláudio Pessanha, diretor comercial da Zoomp, que lança cinco coleções ao ano.

"É trabalhoso. Esse modismo fez acelerar muito o ritmo da logística, e o problema é que a indústria têxtil não acompanhou e você acaba utilizando matérias-primas revisitadas, insumos que o mercado ainda não colocou para consumo."

Segundo Frederico, apesar de possuírem estruturas de informação mais completas, as grandes lojas de departamento sofrem a influência da figura do gerente de produto, que, por ser geralmente cobrado pela rentabilidade, foca apenas resultados imediatos. "Em vez de se dedicar à coleção de verão, ele fica pensando no que vai fazer com a sobra do Dia dos Namorados e teme se arriscar."

Pessanha acredita que o "fast fashion" praticamente nivelou o design das grifes de luxo ao do consumo popular. "Se a tendência é calça "legging", talvez eles coloquem a referência da tendência rapidamente no mercado, mas não é exatamente novidade em matéria-prima. Mas aí é algo que talvez nem importe tanto ao consumidor."

Acompanhe as notícias em seu celular: digite o endereço wap.folha.com.br

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página