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28/09/2001
-
08h56
JOSÉLIA AGUIAR
da Folha de S.Paulo
O comércio paulista registrou neste mês, como em nenhum outro deste ano, os efeitos da crise. As vendas a prazo começam a ter recuos só comparáveis aos registrados durante a crise da desvalorização do real, no primeiro trimestre de 1999.
O número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), principal termômetro das compras no crediário, caiu 4,6% até ontem, diz a Associação Comercial de São Paulo. A comparação é com o mesmo período do ano passado. Em relação a agosto, a queda passa de 10%.
"Os últimos acontecimentos nos EUA e na economia do país só pioraram um cenário que já era desfavorável", avalia Alencar Burti, presidente da ACSP.
As compras no crediário têm valor médio superior ao daquelas feitas à vista _R$ 300, contra R$ 40. Servem como indicador do nível de confiança da população na economia do país _ninguém quer se comprometer a longo prazo ante a expectativa de alta do desemprego e de queda na renda.
Em janeiro deste ano, quando ainda eram róseas as perspectivas para a economia do país, o número de consultas ao SPC teve aumento de 25% na comparação com o mesmo mês de 2000.
Fábio Pina, economista da Fecomércio-SP (Federação do Comércio de São Paulo), diz que os efeitos da nova crise mundial no comportamento do consumidor se tornam cada vez mais claros. "Só não sabemos ainda qual será toda a magnitude disso", explica. Os números levantados pela Fecomércio serão divulgados na primeira quinzena de outubro.
Até o final deste mês, mesmo descontando o efeito calendário (menor número de dias úteis do mês, o que pode criar distorções), as consultas ao SPC devem fechar com queda de 5% na comparação com 2000, prevê Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Neste ano, mesmo com toda a sucessão de crises, somente o mês de junho havia registrado queda no número de consultas ao SPC. O recuo foi de 1,6%.
Desde o começo de 99, quando o país viveu o efeito da máxi, o número de consultas ao SPC não recuava tanto. Em fevereiro daquele ano, a queda chegou a 9,4%. Em março, a 7,3%, e, em abril, a 13,4%. Depois, em maio daquele ano, o número de consultas voltou a ter crescimento. A tendência persistiu em 2000.
Com a retração das vendas a prazo, setores como o de automóveis, eletroeletrônicos e móveis costumam ser os mais atingidos. "É possível que segmentos como o de vestuário, o de calçados e o de brinquedos sejam menos afetados por causa da chegada da coleção primavera/verão e da proximidade do Dia das Crianças", avalia Alfieri.
A fabricante de brinquedos Estrela ainda espera aumentar as vendas em 15% neste ano. No caso específico do setor de brinquedos, a disparada do dólar desfavorece a compra de produtos importados.
Mesmo com uma razão concreta para incrementar a venda de brinquedos, há quem pondere que o humor do consumidor já possa ter sido atingido o bastante. "Podemos até registrar queda nas vendas no Dia das Crianças, mesmo que pequena", afirma Burti.
Vendas a prazo têm o maior recuo do ano
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da Folha de S.Paulo
O comércio paulista registrou neste mês, como em nenhum outro deste ano, os efeitos da crise. As vendas a prazo começam a ter recuos só comparáveis aos registrados durante a crise da desvalorização do real, no primeiro trimestre de 1999.
O número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), principal termômetro das compras no crediário, caiu 4,6% até ontem, diz a Associação Comercial de São Paulo. A comparação é com o mesmo período do ano passado. Em relação a agosto, a queda passa de 10%.
"Os últimos acontecimentos nos EUA e na economia do país só pioraram um cenário que já era desfavorável", avalia Alencar Burti, presidente da ACSP.
As compras no crediário têm valor médio superior ao daquelas feitas à vista _R$ 300, contra R$ 40. Servem como indicador do nível de confiança da população na economia do país _ninguém quer se comprometer a longo prazo ante a expectativa de alta do desemprego e de queda na renda.
Em janeiro deste ano, quando ainda eram róseas as perspectivas para a economia do país, o número de consultas ao SPC teve aumento de 25% na comparação com o mesmo mês de 2000.
Fábio Pina, economista da Fecomércio-SP (Federação do Comércio de São Paulo), diz que os efeitos da nova crise mundial no comportamento do consumidor se tornam cada vez mais claros. "Só não sabemos ainda qual será toda a magnitude disso", explica. Os números levantados pela Fecomércio serão divulgados na primeira quinzena de outubro.
Até o final deste mês, mesmo descontando o efeito calendário (menor número de dias úteis do mês, o que pode criar distorções), as consultas ao SPC devem fechar com queda de 5% na comparação com 2000, prevê Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Neste ano, mesmo com toda a sucessão de crises, somente o mês de junho havia registrado queda no número de consultas ao SPC. O recuo foi de 1,6%.
Desde o começo de 99, quando o país viveu o efeito da máxi, o número de consultas ao SPC não recuava tanto. Em fevereiro daquele ano, a queda chegou a 9,4%. Em março, a 7,3%, e, em abril, a 13,4%. Depois, em maio daquele ano, o número de consultas voltou a ter crescimento. A tendência persistiu em 2000.
Com a retração das vendas a prazo, setores como o de automóveis, eletroeletrônicos e móveis costumam ser os mais atingidos. "É possível que segmentos como o de vestuário, o de calçados e o de brinquedos sejam menos afetados por causa da chegada da coleção primavera/verão e da proximidade do Dia das Crianças", avalia Alfieri.
A fabricante de brinquedos Estrela ainda espera aumentar as vendas em 15% neste ano. No caso específico do setor de brinquedos, a disparada do dólar desfavorece a compra de produtos importados.
Mesmo com uma razão concreta para incrementar a venda de brinquedos, há quem pondere que o humor do consumidor já possa ter sido atingido o bastante. "Podemos até registrar queda nas vendas no Dia das Crianças, mesmo que pequena", afirma Burti.
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